EUA precisam de estudantes chineses em humanas e indianos em ciências, diz diplomata

Tensões entre EUA e China e preocupações com o roubo de expertise atrapalharam a cooperação científica e submeteram estudantes chineses a suspeitas injustificadas

Reuters

Campus da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, Carolina do Norte, EUA
20/09/2018
REUTERS/Jonathan Drake
Campus da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, Carolina do Norte, EUA 20/09/2018 REUTERS/Jonathan Drake

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Os EUA deveriam receber mais estudantes da China, mas para estudar humanas em vez de ciências, disse o segundo principal diplomata dos EUA nesta segunda-feira (24), mencionando que as universidades norte-americanas estão limitando o acesso de tecnologia sensível a estudantes chineses por preocupações com a segurança.

O vice-secretário de Estado, Kurt Campbell, disse que não há norte-americanos suficientes estudando ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Afirmou que os EUA precisam recrutar mais estudantes internacionais nesses campos, mas da Índia – parceiro de segurança cada vez mais importante – e não da China.

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Durante anos, os estudantes chineses compuseram o maior corpo estudantil estrangeiro dos EUA e chegaram a totalizar 290.000 no ano acadêmico de 2022/23. Mas algumas pessoas na academia e na sociedade civil argumentam que as relações em deterioração entre EUA e China e preocupações com o roubo de expertise norte-americana atrapalharam a cooperação científica e submeteram estudantes chineses a suspeitas injustificadas.

“Eu gostaria de ver mais estudantes chineses vindo aos Estados Unidos para estudar humanas e ciências sociais, não física de partículas”, disse Campbell, ao think thank Conselho de Relações Externas.

Campbell foi questionado sobre a “Iniciativa da China”, introduzida pelo governo Trump para combater espionagem chinesa e roubo de propriedade intelectual, encerrada durante o mandato de Biden após críticos afirmarem que ela alimentava o perfilamento racial de asiático-americanos.

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Ele afirmou que as universidades dos EUA fizeram “tentativas cuidadosas” de apoio à continuação da educação superior de estudantes chineses, mas também foram “cuidadosos com os laboratórios e algumas das atividades de estudantes chineses”.

“Eu acho que é possível restringir e limitar certos tipos de acesso e vimos isso no geral, especialmente em programas de tecnologia nos Estados Unidos”, disse.

Campbell avaliou que os EUA precisam ter cuidado para não eliminar os vínculos entre os dois países, mas afirmou que autoridades de Pequim seriam as principais responsáveis por qualquer enfraquecimento dos vínculos acadêmicos, comerciais ou do setor sem fins lucrativos.

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“Foi realmente a China que dificultou os tipos de atividades que gostaríamos de ver sustentadas”, disse Campbell, acrescentando que os executivos e filantropos estrangeiros estavam cautelosos com estadias de longo prazo na China por preocupações com a segurança pessoal.