EUA apontam Irã como responsável por ataque hacker à campanha de Trump

Teerã direcionou esforços a ambas as campanhas presidenciais, considerando as eleições americanas “consequenciais” para sua segurança nacional, afirmaram o FBI e o Escritório do Diretor de Inteligência Nacional

Bloomberg

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Agências de inteligência dos EUA afirmaram estar “confiantes” de que o Irã esteve por trás de um recente ataque hacker à campanha presidencial do ex-presidente Donald Trump, considerando a invasão como parte de um esforço cada vez mais agressivo da República Islâmica para desestabilizar a eleição de novembro.

Esse esforço foi direcionado a ambas as campanhas presidenciais, pois Teerã vê as eleições americanas como “consequenciais” para seus interesses de segurança nacional, disseram o Escritório do Diretor de Inteligência Nacional, o FBI e a Agência de Segurança Cibernética e Infraestrutura em uma declaração conjunta na segunda-feira.

As agências afirmaram que esses esforços “envolveram operações de influência visando o público americano e operações cibernéticas direcionadas a campanhas presidenciais.”

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“Isso inclui as atividades recentemente reportadas para comprometer a campanha do ex-presidente Trump,” que a comunidade de inteligência “atribui ao Irã.”

A campanha de Trump reiterou comentários anteriores culpando o Irã pelo hack com base em um relatório da Microsoft.

A campanha de Harris disse na segunda-feira que foi alertada em julho pelo FBI de que era alvo de operativos estrangeiros, acrescentando que não tinha conhecimento de qualquer violação de segurança.

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A missão do Irã na ONU já contestou as alegações, que surgiram semanas após autoridades de inteligência dos EUA alertarem que adversários estrangeiros — incluindo Irã e Rússia — buscariam influenciar a eleição de 2024 de maneiras que favorecessem seus interesses.

Investigadores acreditam que atacantes ligados ao Irã conseguiram hackear a campanha de Trump e tiveram acesso a documentos internos. Os intrusos também tentaram invadir as campanhas da vice-presidente Kamala Harris e do presidente Joe Biden, antes de sua saída da corrida, mas não está claro se as tentativas de hack nas campanhas democratas foram bem-sucedidas.

O FBI está liderando uma investigação sobre as tentativas em ambas as campanhas. A notícia da investigação surgiu após um relatório da Microsoft que descreveu os esforços do governo iraniano para acessar contas de e-mail de membros da equipe da campanha presidencial. A Microsoft afirmou que os ataques foram realizados por um grupo de hackers chamado Mint Sandstorm, vinculado ao Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã.

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Funcionários dos EUA e especialistas em segurança cibernética acreditam que o governo de Teerã busca minar a candidatura de Trump após ele antagonizar Teerã durante seu primeiro mandato. Enquanto presidente, Trump cancelou um acordo nuclear internacional com o Irã, impôs severas sanções ao país e ordenou a morte de Qassem Soleimani, um comandante do Corpo da Guarda.

“O Irã se tornou um jogador agressivo no jogo de interferência eleitoral,” disse Emily Harding, diretora do Programa de Inteligência, Segurança Nacional e Tecnologia do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington e ex-analista da CIA. “Esta é a segunda eleição presidencial consecutiva em que eles decidiram interferir.”

Em 2020, operativos iranianos se passaram por membros do grupo de direita Proud Boys como parte de um esforço de intimidação de eleitores, segundo o FBI, resultando em acusações contra dois homens. Naquele ano, hackers iranianos invadiram um site que um governo municipal nos EUA usava para publicar resultados eleitorais, embora os atacantes tenham sido capturados antes de realizar qualquer atividade maliciosa, disseram autoridades dos EUA.

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A tática do Irã desta vez — roubar informações e divulgá-las — não é nova. A Rússia empregou esforços semelhantes em 2016, quando um grupo patrocinado pelo estado obteve e-mails internos da equipe de Hillary Clinton que foram posteriormente publicados pelo WikiLeaks.

A atividade do Irã destaca a necessidade de as plataformas online — e seus usuários — fortalecerem sua resiliência, disseram as agências de inteligência. Isso inclui tomar precauções extras, como senhas fortes e autenticação de múltiplos fatores.

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