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A candidata democrata à Presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, tem crescido nas pesquisas de intenção de voto nos Estados Unidos desde que substituiu o presidente Joe Biden na cabeça de chapa, mas embora sua chances de vitória em novembro tenham crescido na últimas semanas, o cenário tem se mostrado dinâmico e será necessária uma estratégia bem elaborada para ganhar os votos nos chamados “estados pêndulo” (“swing states”), aqueles que não mostram preferência partidária constante.
A opinião está em relatório da XP, assinado pela analista política Sol Azcune, que diz acreditar numa aposta pela campanha de Kamala nos estados da “parede azul” (“blue wall”), onde os democratas costumam se sair melhor.
Sistema de votação diferente
Para entender a estratégia a ser montada, é preciso compreender como funcionam as eleições americanas. O presidente não é eleito pela maioria geral de votos obtida na disputa, mas por um Colégio Eleitoral formado por delegados de cada estado. O número de delegados é proporcional a cada estado e vence que conseguir 270 votos nesse Colégio Eleitoral. E quem ganha num estado, fica com todos os delegados correspondentes.
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Nesse sistema de votação indireta, a importância dos “swing states”, portanto, é grande. Enquanto alguns estados votam repetidamente em um partido (a Califórnia, por exemplo, é tradicionalmente democrata, enquanto o Texas tende a votar num candidato republicano), em outros essa preferência partidária não é tão firme, tornando o resultado mais imprevisível.
“São esses os estados que determinam o resultado das eleições e, por isso, recebem mais atenção ao logo da campanha. Nas eleições de 2024, estamos acompanhando de perto seis estados-chave, considerados os mais competitivos e decisivos na disputa presidencial desse ano: Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin”, descreve Sol.
A analista política da XP lembra que, antes da saída de Biden, Donald Trump liderava as pesquisas nesses seis estados, mas que as pesquisas agora colocam a Kamala Harris à frente em todos esses locais, exceto na Geórgia.
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“Apesar do crescimento de Harris, ainda avaliamos que a vantagem da democrata é frágil. Vale notar que a essa altura, em 2016, a candidata democrata Hilary Clinton, que perdeu a disputa contra Trump, apresentava vantagem mais ampla que Harris apresenta hoje nas pesquisas”, pondera Sol.
“O cenário eleitoral é dinâmico e, nas últimas oito semanas antes da disputa, as tendências podem sofrer mudanças relevantes.”
Veja abaixo a situação em cada um dos “swing states”
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Michigan
A analistas comenta sobre a concentração de árabes dos EUA nesse estado. Nas primárias, foi o estado com maiores manifestações contra a política do governo Biden sobre Israel. “Como membro do governo Biden, Harris pode também se ver afetada negativamente pela questão. O principal desafio para a democrata com o grupo no estado pode ser garantir engajamento e turnout”.
Pensilvânia
O “swing state” com o maior número de delegados (19) é altamente cobiçado por ambos os partidos. É o estado da “Blue Wall” onde a disputa está mais acirrada. “A economia é a questão mais relevante para o eleitorado do estado, segundo uma pesquisa da CNN, o que pode atrapalhar a campanha de Harris, que por vezes herda as percepções negativas da política econômica do governo Biden.”
Wisconsin
Por muitas décadas, Wisconsin foi considerado um estado tradicionalmente democrata, destaca a analista, que lembra que esse ciclo se rompeu com a vitória de Trump em 2016, fazendo com que a disputa em 2024 seja acirrada. “É o estado-chave onde Trump aparecia com a menor vantagem sobre Biden e hoje Harris lidera com a margem mais significativa (3,7 pontos percentuais).”
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Geórgia
É um estado tradicionalmente conservador. “Nos últimos seis ciclos eleitorais, o partido democrata só venceu em 2020. Sendo assim, o cenário não será nada fácil para Harris. No entanto, a composição demográfica do estado pode ser favorável a Harris.“
Arizona
O estado faz fronteira com o México e o problema da imigração ilegal é o mais importante para o eleitorado, segundo o Center for the Future of Arizona. De acordo com uma pesquisa do Redfield and Wilton Strategies do dia 24 de julho, 46% dos eleitores confiam em Trump para melhorar a questão da imigração, enquanto 35% confiam em Harris. “O estado também é tradicionalmente republicano e apenas conta com uma vitória democrata nos últimos seis ciclos eleitorais.”
Nevada
Por fim, embora Nevada tenha historicamente apoiado o Partido Democrata, a vantagem de Harris nas pesquisas é mínima (0,1 p.p.). Parte do descontentamento, diz Sol, envolve a atual crise de desemprego. Nevada teve recuperação lenta após a pandemia, e hoje é o estado com a maior taxa de desemprego dos EUA (5,4%). Ou seja, como vice de Biden, Harris terá desafio de se descolar de percepções negativas da condução da economia.
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“Nesse contexto, reiteramos que, ainda que a foto nas pesquisas aponte a um cenário altamente favorável para Harris, o filme ainda está em andamento e ainda há espaço para surpresas na disputa.”