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Em um cenário de terra arrasada, socorristas da Espanha seguem em busca de desaparecidos nas inundações que devastaram o centro-leste do país, especialmente a Comunidade Valenciana, enquanto a agência meteorológica do governo emitiu um novo alerta para novas tempestades na região.
Até o momento, o balanço contabiliza pelo menos 95 mortos, mas a ministra da Defesa, Margarita Robles, afirmou nesta quinta-feira (31) que ainda há “muitos desaparecidos”. “Não podemos dar um número exato”, acrescentou.
Meteorologistas disseram que um ano de chuva caiu em oito horas em partes de Valência na terça-feira, causando congestionamentos em rodovias e inundando terras agrícolas em uma região que produz dois terços das frutas cítricas cultivadas na Espanha, um dos principais exportadores mundiais.
Moradores nos locais mais atingidos contaram ter visto pessoas subindo nos tetos de seus carros à medida que uma maré marrom de água avançava pelas ruas, arrancando árvores e arrastando pedaços de edifícios.
“Foi um rio que passou por aqui”, disse Denis Hlavaty, que esperou por resgate no teto do posto de gasolina onde trabalha na capital regional. “As portas foram arrancadas e eu passei a noite lá, cercado por água de 2 metros de profundidade”.
O primeiro-ministro Pedro Sánchez prometeu reconstruir a infraestrutura que foi destruída e disse em um discurso televisionado: “Para aqueles que neste momento ainda estão procurando seus entes queridos, toda a Espanha chora com vocês”.
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Imagens feitas por serviços de emergência a partir de um helicóptero mostraram pontes que desabaram e carros e caminhões empilhados uns sobre os outros em rodovias entre campos inundados nos arredores da cidade de Valência.
Os trens para as cidades de Madri e Barcelona foram cancelados devido às inundações, e as escolas e outros serviços essenciais foram suspensos nas áreas mais atingidas, segundo as autoridades.
A empresa de energia i-DE, de propriedade da maior empresa de serviços públicos da Europa, a Iberdrola, disse que cerca de 150.000 clientes em Valência não tinham eletricidade.
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Os serviços de emergência da região pediram aos cidadãos que evitassem todas as viagens por estrada e que seguissem as orientações oficiais adicionais e uma unidade militar especializada em operações de resgate foi enviada a alguns lugares para ajudar os trabalhadores de emergência locais.
Algumas partes da província de Valência, como as cidades de Turis, Chiva ou Bunol, registraram mais de 400 mm de chuva, o que levou a agência meteorológica estatal AEMET declarar um alerta vermelho na terça-feira. Esse alerta foi reduzido para âmbar na quarta-feira, quando a chuva diminuiu.
Também houve inundações em outras partes do país, incluindo a região da Andaluzia, e os meteorologistas alertaram sobre a possibilidade de mais mau tempo à medida que a tempestade se deslocava na direção nordeste.
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O serviço regional de meteorologia da Catalunha emitiu um alerta vermelho para a área ao redor de Barcelona, avisando sobre ventos fortes e granizo, enquanto a agência AEMET colocou a cidade de Jerez, na Andaluzia, em alerta vermelho.
O número de mortos, que inclui três pessoas em outras regiões, parece ser o pior na Europa devido a enchentes desde 2021, quando pelo menos 185 pessoas morreram na Alemanha.
É possivelmente o pior da história moderna da Espanha, já que o número de vítimas ultrapassou as 87 pessoas mortas em uma enchente de 1996 perto de uma cidade nas montanhas dos Pirineus.
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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse no X que a Europa estava pronta para ajudar. “O que estamos vendo na Espanha é devastador”, disse ela no X.
Mais cedo, Carlos Mazón, líder regional de Valência, disse que algumas pessoas continuavam isoladas em locais inacessíveis.
“Se (os serviços de emergência) não chegaram, não é por falta de meios ou predisposição, mas por um problema de acesso”, disse Mazón em uma coletiva de imprensa, acrescentando que chegar a certas áreas era “absolutamente impossível”.
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Dezenas de vídeos compartilhados nas mídias sociais durante a noite pareciam mostrar pessoas presas nas enchentes, algumas subindo em árvores para evitar serem arrastadas.
Os cientistas dizem que os eventos climáticos extremos na região estão se tornando mais frequentes devido às mudanças climáticas. Os meteorologistas acreditam que o aquecimento do Mediterrâneo, que aumenta a evaporação da água, desempenha um papel fundamental para tornar as chuvas torrenciais mais severas.
O desastre foi causado por um fenômeno conhecido como Depressão Isolada em Níveis Altos (Dana), que acontece quando uma massa de ar gelado cai sobre outra de ar quente, produzindo chuvas intensas.
(com Reuters e informações da Ansa)