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Robert F. Kennedy Jr., a escolha do presidente Donald Trump para liderar a principal agência de saúde dos Estados Unidos, foi alvo de críticas em uma audiência de confirmação no Senado nesta quarta-feira (29), com parlamentares democratas acusando-o de encobrir suas opiniões antivacina e abraçar teorias da conspiração para dissuadir o uso de remédios que podem salvar vidas.
Kennedy tentou defender seu histórico ao Comitê de Finanças do Senado, garantiu aos parlamentares não ser contra vacinas e disse que vai abordar rapidamente as taxas cada vez maiores de doenças crônicas, além de seguir a direção de Trump sobre o aborto.
“Eu acredito que vacinas têm um papel fundamental no tratamento da saúde. Todos meus filhos são vacinados”, disse Kennedy, de 70 anos, que compareceu à audiência com sua esposa Cheryl Hines e alguns de seus filhos.
“Temos o fardo mais pesado de doenças crônicas do que de qualquer país do mundo… essa é uma ameaça existencial.”
Se for confirmado, Kennedy irá comandar o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, que supervisiona mais de 3 trilhões de dólares em gastos com saúde e inclui agências como a Administração de Alimentos e Remédios (FDA, na sigla em inglês) e a que administra os programas de planos de saúde Medicare e Medicaid, que cobrem dezenas de milhões de norte-americanos.
O advogado ambiental é considerado uma escolha controversa por membros dos dois partidos, principalmente por ter colocado em dúvida a segurança e a eficácia das vacinas.
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Durante a sabatina, senadores democratas mencionaram declarações anteriores de Kennedy ao longo das décadas, dizendo inclusive que nenhuma vacina é segura e eficaz. Citaram outros comentários emitidos sem evidências por Kennedy, como o de que a Covid-19 visava pessoas caucasianas e brancas e que era “altamente provável” que a doença de Lyme fosse uma arma biológica militar.
“Os registros mostram que o senhor Kennedy abraçou teorias da conspiração e charlatões, especialmente sobre a segurança e eficácia das vacinas”, disse o senador democrata, Ron Wyden, em uma declaração inicial. “Ele tornou o trabalho da sua vida semear a dúvida e desencorajar pais a dar vacinas que podem salvar vidas para seus filhos.”
O senador democrata Michael Bennet descreveu Kennedy como alguém que fala com convicção, mas tem um histórico de meias-verdades e declarações falsas.
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“Não importa o que você diga aqui”, afirmou Bennet. “Não reflete o que você realmente acredita.”
A maioria da quase uma dúzia de senadores republicanos que questionaram Kennedy nesta quarta-feira pareceu apoiar o indicado, com alguns expressando apreciação pelos seus objetivos de combater a obesidade, o diabetes e outras doenças.
“Podemos nos unir como nação e fazer isso?”, disse o senador republicano, Ron Johnson.
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Os membros do Comitê de Finanças irão decidir se aprovam ou não a indicação, para depois enviá-la para o plenário do Senado.
O analista do banco de investimentos Jefferies, Michael Yee, espera que Kennedy tenha uma chance de 50% de passar para o Senado para confirmação.
Controlado pelos republicanos, o Senado ainda não rejeitou nenhum indicado por Trump até o momento. A escolha controversa para o cargo de secretário da Defesa, Pete Hegseth, passou por pouco com uma votação de 51 votos a 50, decidida pelo vice-presidente JD Vance na última sexta-feira, apesar de preocupações de que o indicado não seja qualificado para a posição e acusações de agressões sexuais e abuso de álcool.