Efeito Trump? Argentina anuncia alambrado para conter imigração vinda da Bolívia

A medida foi recebida com preocupação pelo governo boliviano, que afirmou que “medidas unilaterais podem afetar a boa vizinhança e a convivência pacífica entre povos irmãos”

Equipe InfoMoney

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O governo argentino decidiu construir um alambrado de 200 metros na fronteira entre Aguas Blancas, na província de Salta, e Bermejo, na Bolívia, como parte de um esforço para reforçar os controles migratórios e combater atividades ilegais na região. A medida gerou críticas do governo boliviano e reacendeu debates sobre a convivência pacífica entre os dois países.

A decisão vem em meio a um contexto global de endurecimento nas políticas de imigração, com destaque para a postura anti-imigração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aliado do governo de Javier Milei na Argentina.

O alambrado, que terá cerca de 2,5 metros de altura, será instalado como parte do “Plano Güemes”, uma iniciativa do Ministério da Segurança da Argentina para intensificar a fiscalização nas fronteiras do norte. Segundo Adrián Zigarán, interventor de Aguas Blancas, o objetivo é garantir que as pessoas que entram e saem do país passem pelos devidos trâmites migratórios, o que, segundo ele, não acontecia anteriormente.

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Zigarán argumenta que a região vivia um “descontrole total”, com milhares de pessoas cruzando a fronteira sem qualquer registro oficial, inclusive à noite, quando grupos conhecidos como “chancheros” transportavam mercadorias de conteúdo desconhecido por vias clandestinas.

Além disso, o interventor criticou a falta de colaboração das autoridades bolivianas nos postos de controle, afirmando que o número insuficiente de agentes migratórios bolivianos gerava gargalos e desordem.

“Todo mundo chega à terminal de ônibus, salta um muro e cruza para comprar na Bolívia sem fazer migração, entrando e saindo de forma ilegal”, explicou Zigarán em entrevista à rádio local Mitre. Segundo ele, a construção do alambrado ajudará a reduzir o impacto econômico que o comércio irregular gera na cidade de Orán, próxima à fronteira.

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Resposta boliviana: boa vizinhança em risco

A medida foi recebida com preocupação pelo governo boliviano. Em comunicado, o Ministério de Relações Exteriores da Bolívia afirmou que “medidas unilaterais podem afetar a boa vizinhança e a convivência pacífica entre povos irmãos” e pediu que questões fronteiriças sejam resolvidas por meio do diálogo bilateral.

César Siles, ministro da Justiça da Bolívia, classificou a decisão como uma possível violação de tratados internacionais e solicitou que organismos como as Nações Unidas e a Organização dos Estados Americanos (OEA) intervenham no assunto. “Esperamos que o presidente da Argentina reflita e que isso não se torne uma realidade”, declarou Siles.

A Bolívia também anunciou que usará canais diplomáticos para obter informações oficiais sobre o projeto e avaliar as medidas cabíveis.

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(Com La Nación e Infobae)