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Os rebeldes sírios iniciaram há mais de um ano o planejamento para a ofensiva militar que resultou na derrubada do regime de Bashar al-Assad, conforme revelou Abu Hassan al-Hamwi, comandante militar do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ao jornal The Guardian.
Em sua primeira entrevista a um veículo estrangeiro desde a queda do regime, al-Hamwi explicou como seu grupo, baseado no noroeste da Síria, coordenou esforços com rebeldes do sul para criar uma sala de guerra unificada, com o objetivo de cercar Damasco por ambas as direções.
O planejamento da operação, denominada “Detendo a Agressão”, começou há um ano, mas o HTS vinha se preparando há anos. Desde 2019, o grupo desenvolveu uma doutrina militar que transformou combatentes de diversas facções desorganizadas em uma força de combate disciplinada. Al-Hamwi destacou ao Guardian que a falta de liderança unificada foi um problema crítico que levou à necessidade de uma coordenação mais eficaz entre os grupos rebeldes.
Após uma operação do regime sírio em 2019 que empurrou as facções de oposição para a província de Idlib, o HTS percebeu que precisava estabelecer ordem entre as facções dispersas. O grupo ofereceu a fusão de outras facções sob sua liderança e, quando isso não foi aceito, tomou medidas para consolidar seu controle. Com o comando político se unificando lentamente, al-Hamwi começou a treinar os combatentes e desenvolver uma doutrina militar abrangente.
Uma das inovações do HTS foi a criação de uma unidade de drones, que se tornou essencial para suas operações. Al-Hamwi explicou que a produção de drones começou em 2019, visando desenvolver drones de reconhecimento, ataque e suicídio. O novo modelo de drone suicida, chamado “Shahin”, foi utilizado pela primeira vez contra as forças do regime neste mês, demonstrando eficácia devastadora ao desabilitar veículos militares de artilharia.
Com a situação estratégica se desenrolando a seu favor, o HTS lançou a operação em Aleppo em 29 de novembro, onde as forças do Hezbollah tentaram defender a cidade, mas acabaram recuando. A rápida queda de Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, surpreendeu os rebeldes, que acreditavam que a liberação da cidade permitiria um avanço em direção a Damasco.
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A ofensiva continuou com a captura de Hama e Homs, culminando na fuga de Assad do país em 8 de dezembro. Al-Hamwi, agora planejando um papel no novo governo civil, reconheceu os desafios à frente na construção de um novo país, enfatizando a importância da inclusão das minorias religiosas na nova ordem síria.