Doação de R$ 283 gera pena de prisão de 12 anos para bailarina na Rússia

Ksenia Karelina mora nos EUA, mas estava na Rússia para visitar parentes; ela foi presa e condenada por traição após contribuir com uma instituição de caridade que repassa recursos para ajuda humanitária na Ucrânia

Roberto de Lira

Ksenia Karelina (no alto) com ex-sogros e ex-marido em Maryland, nos EUA
(Foto: Eleonora Srebroski/Divulgação via Reuters)
Ksenia Karelina (no alto) com ex-sogros e ex-marido em Maryland, nos EUA (Foto: Eleonora Srebroski/Divulgação via Reuters)

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Uma doação de US$ 51,80 (o equivalente a R$ 283) gerou uma pena de prisão de 12 anos para uma bailarina amadora na Rússia. Ksenia Karelina foi condenada por traição por ter contribuído com uma instituição de caridade que repassa recursos para ajuda humanitária às vítimas da Ucrânia na guerra contra os russos.

Karelina nasceu na Rússia e emigrou para os Estados Unidos em 2012 por meio de um programa de trabalho-estudo, recebendo a cidadania norte-americana em 2021. No início deste ano ela viajou para Ecaterimburgo, a cerca de 1,6 mil km de Moscou, para visitar sua família.

A moradora de Los Angeles, funcionária de um spa, declarou-se culpada em seu julgamento fechado em Ecaterimburgo, nos Urais, onde seu caso foi ouvido pelo mesmo tribunal que condenou o repórter do Wall Street Journal Evan Gershkovich por espionagem em julho.

O tribunal disse que os investigadores descobriram que em 24 de fevereiro de 2022 – o primeiro dia da invasão da Ucrânia pela Rússia – Karelina havia “transferido fundos no interesse de uma organização ucraniana, que foram posteriormente usados para a compra de itens de medicina tática, equipamentos e munição pelas Forças Armadas da Ucrânia”.

A Razom for Ukraine, com sede em Nova York, fornece ajuda humanitária a crianças e idosos na Ucrânia. A instituição de caridade negou que forneça qualquer apoio militar a Kiev.

O advogado Mikhail Mushailov, disse que Karelina admitiu ter transferido o dinheiro para a Razom for Ukraine, mas acreditava que os fundos ajudariam as vítimas de ambos os lados. Ele disse à mídia russa que ela apelaria contra a sentença, informou a BBC.

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O namorado de Ksenia Karelina, o boxeador Chris van Heerden, disse nesta quinta-feira que estava muito irritado com a situação. “Houve uma troca de prisioneiros há duas semanas, e Ksenia não estava nessa lista”, disse ele à CBS News, acrescentando que vinha pressionando para que ela fosse mandada para casa nos últimos oito meses. “Ksenia deveria estar em casa, e eu estou com raiva, e estou tentando manter a compostura”.

(Com Reuters)