Décadas após guerra, Coreia do Norte ainda constrói fronteiras e atrai tiros

Após 74 anos, a Coreia do Norte continua a construir fortificações e enfrentar confrontos ocasionais com as tropas sul-coreanas na fronteira, enquanto as tensões entre os dois países aumentam

Reuters

Norte-coreanos trabalham em cerca militar perto de posto de guarda na fronteira inter-coreana em foto tirada do deck de observação perto da zona desmilitarizada entre as duas Coreias em Paju, Coreia do Sul
04/06/2024
REUTERS/Kim Hong-Ji
Norte-coreanos trabalham em cerca militar perto de posto de guarda na fronteira inter-coreana em foto tirada do deck de observação perto da zona desmilitarizada entre as duas Coreias em Paju, Coreia do Sul 04/06/2024 REUTERS/Kim Hong-Ji

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Setenta e quatro anos depois de a Guerra da Coreia começar, tropas da Coreia do Norte ainda constroem novas fortificações e ocasionalmente recebendo tiros de advertência de seus homólogos sul-coreanos do outro lado de uma fronteira congelada em estado de guerra.

Nas últimas semanas, a Coreia do Norte enviou um grande esquadrão de soldados para construir o que parecem ser barreiras anti-tanques, plantar minas terrestres e reforçar vias táticas dentro da fortemente armada Zona Desmilitarizada (DMZ), segundo o Exército da Coreia do Sul. 

Essas medidas resultaram em raros encontros com soldados sul-coreanos, ocasiões em que eles dispararam tiros de advertência e alguns norte-coreanos até foram mortos pelas suas próprias minas terrestres enquanto se aproximavam da linha de demarcação, disseram autoridades sul-coreanas. 

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A linha foi traçada quando os dois lados e seus apoiadores internacionais encerraram o conflito, em 1953. 

Esta terça-feira marca 74 anos desde o começo da guerra, quando o Exército da Coreia do Norte invadiu a fronteira do Sul, que contou com o apoio dos Estados Unidos.

Os combates acabariam envolvendo mais 20 países que fizeram parte das forças da ONU e custaram milhões de vidas, mas terminou apenas em um armistício, não em um tratado de paz, deixando as Coreias tecnicamente em um estado de guerra. 

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Após pequenos períodos de alívio, as tensões cresceram nos últimos meses, com o Norte desenvolvendo um arsenal de armas nucleares e declarando que o Sul é um “inimigo primário”, não mais um parceiro para unificação. 

Mais recentemente, o Norte enviou centenas de balões carregados de lixo m protesto contra ativistas sul-coreanos que lançaram panfletos anti-Pyongyang, o que levou Seul a descartar um pacto militar inter-coreano e tomar medidas para retomar transmissões de propaganda por alto-falantes, denunciadas por Pyongyang há muito. 

A Coreia do Norte estava enviando mais balões, aparentemente carregando lixo, para a Coreia do Sul nesta terça-feira, segundo o Exército sul-coreano. 

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As ações recentes de Pyongyang na fronteira podem estar ligadas à mudança em sua política inter-coreana, dizem alguns analistas 

“As provocações simultâneas e de baixa intensidade em andamento do Norte têm o objetivo de expressar hostilidade em relação ao Sul, diante da recente mudança de política”, afirmou Park Young-ja, membro sênior do Instituto da Coreia pela Unificação Nacional em Seul, em um relatório recente. 

“Ao mesmo tempo em que consolidam a unidade internamente, eles também podem tentar dividir as opiniões públicas no Sul e, para fins militares reais, explorar como essas ações podem ser uma ameaça.”

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Yang Moo-jin, presidente da Universidade de Estudos Norte-Coreanos em Seul, afirmou que o impasse inter-coreano se intensificou para algo similar à guerra psicológica da Guerra Fria. 

“O retorno de campanhas antiquadas com panfletos e balões mostra que a Guerra Fria ainda persiste na península da Coreia.”

Em discurso sobre o aniversário da guerra, o presidente sul-coreano, Yoon Suk-Yeol, comparou os vizinhos, dizendo que o Norte continua “o último território congelado da Terra” e segue o “caminho da regressão” ao contrário do Sul, democrático e rico.