Cristina Kirchner ataca plano econômico de Milei e recebe o troco de ministros

Ex-presidente publicou um documento de 33 páginas atacando ideias como a da dolarização da economia e a gestão da dívida e chamou Javier Milei de "economista showman"

Roberto de Lira

A ex-presidente argentina Cristina Kirchner (Reuters)
A ex-presidente argentina Cristina Kirchner (Reuters)

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A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner voltou à cena nesta quarta-feira (14) provocando um debate sobre o programa econômico do atual mandatário do país, o ultraliberal Javier Milei. Membros do atual gabinete passaram o dia respondendo às críticas.

Cristina publicou um documento de 33 páginas atacando ideias como a da dolarização da economia e o novo modelo que ela classificou como algo além do neoliberal. Em entrevista à rádio Mitre também aproveitou para fazer críticas diretas a Milei, a quem chamou de “um economista showman na Casa Rosada”.

Para ela, o novo governo apenas implementou um programa de ajuste feroz, que funcionaria como um verdadeiro plano de desestabilização e que não só retroalimenta a espiral inflacionista, colocando a sociedade à beira do choque , mas que também causará irremediavelmente o aumento do desemprego e da crise social.

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“É mais do que evidente que, na cabeça do presidente, o único plano de estabilização é a dolarização. As medidas adotadas não são explicadas em outro arcabouço teórico”, afirmou.

Reações

As reações do governo começaram ainda pela manhã. Luis Caputo, ministro da Economia de Milei, convidou a ex-presidente a “ter um pouco de dignidade e permanecer em silêncio”.

“Senhora, nunca é tarde para aprender um conceito econômico muito básico que infelizmente sempre ignorou: a dívida só é assumida quando há um déficit fiscal. Todo o déficit fiscal dos últimos 16 anos foi gerado por si nos seus 12 anos de governo, 8 como presidente e 4 como vice”, escreveu o ministro Caputo em rede social

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Ele completou dizendo que, a gestão de Mauricio Macri (aliado de Milei) como presidente esse déficit foi reduzido e que agora, sob Milei, “foi eliminado diretamente em um mês”.

Outra integrante do governo a rebater a líder kirchnerista foi a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, que foi candidata presidencial no ano passado. Ela atribuiu à ex-presidente a “destruição social, cultural e econômica” e ainda disse que Cristina se parecia com  “criminosos que voltam à cena do crime para desfrutar do desastre que deixaram”.

“Não importa. Vamos consertar essa bagunça, mesmo com vocês se incomodando e fazendo todo o possível para evitar a mudança”, escreveu em sua conta na rede social X (antigo Twitter).

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O ministro do Interior, Guillermo Francos, qualificou de “ultrajantes” as declarações de Cristina. “É ultrajante que, depois do desastre que causaram, eles agora saiam para conversar”.

Já Milei, não respondeu diretamente, preferindo compartilhar na rede a opinião do economista Alfredo Romano, presidente do Grupo Romano, que garantiu que a dolarização é o único caminho. “A dolarização é a única forma de evitar (em parte) os excessos do populismo argentino”, escreveu o economista em seu post.

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