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BUENOS AIRES (Reuters) – As universidades públicas da Argentina realizarão uma grande manifestação nesta quarta-feira, com o apoio de sindicatos e partidos de oposição, para protestar contra os cortes drásticos nos gastos públicos implementados pelo presidente Javier Milei.
A convocação para os protestos foi feita depois que o governo de Milei ameaçou vetar uma lei aprovada semanas atrás pelo Congresso para garantir o financiamento das universidades, à medida que a Argentina enfrenta uma crise econômica com inflação anual próxima a 240% e mais da metade da população na pobreza.
“O governo tem um plano sistemático, metódico e gradual para destruir a educação pública”, disse Ricardo Gelpi, reitor da Universidade de Buenos Aires, em um comunicado. A universidade é a maior do país e está classificada entre as 100 melhores do mundo, de acordo com o ranking da QS.
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O governo tem justificado repetidamente os cortes orçamentários ao alegar que as universidades públicas são locais de doutrinação “socialista”, mas a boa reputação das instituições de ensino superior entre os argentinos tem resultado em ampla resistência social.
“Esse governo vai vetar uma lei de financiamento que representaria uma porcentagem muito pequena do PIB do país”, disse Gelpi, acrescentando que o Executivo não se importa com a educação, a ciência ou o aspecto social das universidades.
Em abril, um protesto que reuniu centenas de milhares de estudantes e professores forçou Milei a reconsiderar um corte no orçamento das universidades, embora as autoridades de universidades de prestígio — que são em sua maioria gratuitas na Argentina — tenham dito posteriormente que o governo não cumpriu as melhorias prometidas.
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Milei alega que seu plano econômico trabalha em prol do equilíbrio fiscal da economia argentina, mas seus oponentes dizem que seus ajustes não têm sido cuidadosos ou equitativos e têm prejudicado pessoas mais vulneráveis e setores mais sensíveis, como saúde e educação.
“A educação universitária pública nunca foi desfinanciada. O compromisso do governo com as universidades públicas permaneceu firme”, disse o Ministério do Capital Humano da Argentina em um comunicado, alegando que apenas exigiu mais clareza na gestão dos recursos.
De acordo com a Universidade de Buenos Aires, que conta com cinco ganhadores do Prêmio Nobel entre seus graduados, os professores universitários e os funcionários não docentes perderam cerca de 40% de seu poder aquisitivo desde dezembro, “um número que continua se deteriorando ainda mais” para permanecer abaixo da linha da pobreza.