Conversa com Lula pedida por Maduro não tem prazo para ocorrer

Ideia é que Lula, ao conversar com Maduro, seja um porta-voz da posição de Brasil, México e Colômbia, que têm adotado posição unificada sobre a crise

Reuters

Lula e Maduro no Palácio do Planalto
29/05/2023
REUTERS/Ueslei Marcelino
Lula e Maduro no Palácio do Planalto 29/05/2023 REUTERS/Ueslei Marcelino

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O telefonema pedido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ainda não tem prazo para ocorrer, e só acontecerá após coordenação do líder brasileiro com os presidentes do México e da Colômbia, disseram nesta sexta-feira (2) à Reuters três fontes que acompanham as negociações.

A ideia, explicaram as fontes, é que Lula, ao conversar com Maduro, seja um porta-voz da posição dos três países que têm adotado posição unificada sobre a crise pós-eleitoral na Venezuela, e não apenas do Brasil.

Lula conversou na quinta-feira (1) com o mexicano Andrés Manuel López Obrador e com o colombiano Gustavo Petro antes da divulgação de um comunicado conjunto pelos três países. Na conversa, ficou acertado que os chanceleres de Brasil, Colômbia e México trabalharão em uma proposta de negociações para o governo e a oposição da Venezuela.

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Os três presidentes concordaram em manter a pressão para que o governo Maduro apresente as atas de votação com detalhes das seções eleitorais, além de tentarem abrir um canal de negociação entre Maduro e o candidato oposicionista, Edmundo González, em uma tentativa de tentar evitar uma escalada de violência e repressão no país.

Depois da conversa entre os presidentes, os ministros das Relações Exteriores de Brasil, Colômbia e México fizeram uma reunião por videoconferência para iniciar as discussões sobre a posição a ser levada pelo trio a Maduro e à oposição.

Apenas depois disso Lula deve conversar com Maduro. O presidente brasileiro parte para o Chile, no domingo (3), em uma visita de Estado, voltando ao Brasil apenas na terça à noite. Antes disso não existe possibilidade dessa conversa ocorrer, disseram as fontes.

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A intenção dos três países é colocar em uma mesa de negociações Maduro e González. A ideia de retirar dos holofotes Maria Corina Machado, a maior líder da oposição venezuelana, é deliberada, segundo as fontes. Apesar de ter o comando da maior parte da oposição, Machado não é aceita como interlocutora pelo governo Maduro, o que poderia trazer um elemento de dificuldade nas negociações.

“De qualquer forma, a ideia é que as conversas sejam entre os candidatos, e o candidato da oposição é o González, explicou uma das fontes.

Nesta sexta-feira, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano divulgou os números de votos recebidos pelos candidatos e os percentuais, com 97% das urnas apuradas, mas ainda não divulgou as atas de votação, cobradas pela comunidade internacional.

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Maduro, que está no poder desde 2013, foi declarado pelo CNE como vencedor da eleição, mas a oposição afirma que sua contagem mostra González com mais do que o dobro do apoio do atual mandatário — patamar similar ao apontado por pesquisas independentes que foram conduzidas antes da eleição.

Estados Unidos

A posição do governo dos Estados Unidos de reconhecer González como presidente eleito, divulgada pelo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, na quinta-feira, foi vista pelos três governos como um elemento complicador, segundo uma das fontes.

Na terça-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, telefonou a Lula para tratar da situação na Venezuela. Na conversa, ficou acertado que os dois países manteriam conversas sobre a questão, e concordaram na intenção de cobrar transparência na divulgação dos resultados.

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As declarações de Blinken pegaram os presidentes de Brasil, México e Colômbia de surpresa. “A posição dos Estados Unidos tirou deles qualquer possibilidade de participar em uma negociação”, avaliou um diplomata brasileiro.