China reage ao discurso “separatista” do novo presidente de Taiwan

William Lai pediu na segunda-feira que a China cesse a "intimidação" política e militar contra o território; ministro das Relações Exteriores chinês afirma que nada pode impedir a reunificação completa

Roberto de Lira

Novo presidente de Taiwan Lai Ching-te, em Taipé - 20/5/2024 (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
Novo presidente de Taiwan Lai Ching-te, em Taipé - 20/5/2024 (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

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O governo chinês reagiu duramente na terça-feira (21) aos discursos de posse um dia antes do novo presidente de Taiwan, Lai Ching-te, conhecido localmente como William Lai. Embora não tenha defendido diretamente a independência do país, ele pediu para a China cessar sua “intimidação política e militar contra Taiwan”.

Ontem, várias autoridades chinesas atacaram as palavras de William Lai. Wang Yi, ministro das Relações Exteriores, afirmou que as atividades separatistas que defendem a independência do território “são os fatores mais destrutivos que minam a paz no Estreito de Taiwan”.

Wang, que também é membro do Bureau Político do Comitê Central do Partido Comunista da China, disse que Lai Ching-te e seus seguidores “traíram a nação chinesa e seus antepassados, e seus atos são desprezíveis.”

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“Não importa como eles provoquem problemas, eles não podem impedir a China de alcançar a reunificação completa, disse Wang, acrescentando que Taiwan “inevitavelmente retornará à pátria” e todos os separatistas “se tornarão uma vergonha histórica”.

Em um comunicado na noite de terça-feira, o Escritório de Assuntos de Taiwan (TAO) da China chamou o discurso de Lai de “uma confissão franca da independência de Taiwan” e novamente classificou Lai como um “separatista perigoso”, informou o jornal britânico The Guardian.

“Ninguém espera alcançar a reunificação da pátria por meios pacíficos mais do que nós”, disse o comunicado atribuído ao porta-voz do TAO, Chen Binhua. “No entanto, devemos contra-atacar e punir as autoridades do DPP [o partido de Lai] em conluio com forças externas para perseguir provocações de ‘independência’.”

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O jornal China Daily dedicou ontem um grande espaço para a repercussão negativa do discurso do novo líder de Taiwan. Em texto citando especialistas, o diário disse que Lai Ching-te descaradamente defendeu a independência de Taiwan em seu discurso, embora esse sentimento pró-independência não tivesse base legal.

Bao Chengke, diretor assistente do Instituto de Estudos do Leste Asiático em Xangai, por exemplo, disse que o discurso de Lai foi uma apresentação da ideologia de independência disfarçada na retórica da chamada teoria dos “dois Estados”.

Fred Tzou Jyh-chyang, secretário-geral adjunto da Aliança para a Reunificação Pacífica da China, com sede nos Estados Unidos, disse que, historicamente, Taiwan sempre fez parte do território chinês, com raízes culturais, linguísticas e religiosas originárias do continente.

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A maioria da população de Taiwan é descendente de imigrantes do continente, incluindo Lai, cujos antepassados migraram de Zhangzhou, província de Fujian, durante a dinastia Qing (1644-1911), disse Tzou, que vem de Taiwan.

“Os compatriotas de ambos os lados do Estreito de Taiwan são todos chineses, inseparáveis em termos de terra e linhagem. Se Lai não reconhece que é chinês, isso não equivaleria a esquecer seus ancestrais e herança?”, questionou.

Internacionalmente, quase todos os países têm relações diplomáticas com Pequim e reconhecem o princípio de uma só China. Como Taiwan faz parte do território chinês, seu destino deve ser naturalmente determinado pelo povo do continente e de Taiwan, defendeu.

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