China não pode representar Taiwan e deve trabalhar com Taipé, diz presidente

Lai, que assumiu o cargo em maio após ser eleito em janeiro, é detestado pela China, que o chama de "separatista"

Reuters

O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, acena para a multidão no Dia Nacional para comemorar o 113º aniversário da República da China, nome formal de Taiwan, em Taipei, Taiwan, em 10 de outubro de 2024. REUTERS/Ann Wang
O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, acena para a multidão no Dia Nacional para comemorar o 113º aniversário da República da China, nome formal de Taiwan, em Taipei, Taiwan, em 10 de outubro de 2024. REUTERS/Ann Wang

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A China não tem o direito de representar Taiwan, mas a ilha está disposta a trabalhar com Pequim para combater desafios como as mudanças climáticas, disse o presidente taiuanês, Lai Ching-te, nesta quinta-feira (10), adotando um tom tanto firme quanto conciliatório, o que provocou a ira da China.

Lai, que assumiu o cargo em maio após ser eleito em janeiro, é detestado pela China, que o chama de “separatista”. Pequim reivindica Taiwan como seu próprio território, o que Lai e seu governo rejeitam.

Ao fazer um discurso do lado de fora do gabinete presidencial em Taipé, Lai reiterou que a República da China – o nome formal da ilha – e a República Popular da China “não estão subordinadas uma à outra.”

“Nesta terra, a democracia e a liberdade estão crescendo e prosperando. A República Popular da China não tem o direito de representar Taiwan”, disse.

A determinação de Taiwan em defender sua soberania, manter a paz no Estreito de Taiwan e buscar um diálogo digno com a China permanecem inalteradas, acrescentou Lai.

“Eu também manterei o compromisso de resistir à anexação ou invasão de nossa soberania”, disse Lai.

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Mas ele também fez uma oferta de cooperação com a China.

“Estamos dispostos a trabalhar com a China para lidar com as mudanças climáticas, combater doenças infecciosas e manter a segurança regional para buscar a paz e a prosperidade mútua para o bem-estar das pessoas dos dois lados do Estreito de Taiwan.”

O Gabinete de Assuntos de Taiwan da China disse que Lai é um adepto obstinado da independência de Taiwan, cheio de pensamentos de confronto, “constantemente provocando problemas e deliberadamente agravando as tensões entre os dois lados do Estreito de Taiwan.”

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“Lai Ching-te fez todos os esforços para reunir as bases para a secessão”, disse o órgão, em um comunicado. “Suas provocações independentistas são a causa principal da contínua perturbação da paz e da estabilidade no Estreito de Taiwan e trarão desastres para o povo de Taiwan.”

Lai acrescentou que espera que a China possa corresponder às expectativas da comunidade internacional e aplicar sua influência e trabalhar com outros países para acabar com a invasão da Ucrânia pela Rússia e os conflitos no Oriente Médio.

“E esperamos que ela assuma suas responsabilidades internacionais e, junto de Taiwan, contribua para a paz, a segurança e a prosperidade da região e do mundo”, disse.