Chefe da Defesa da Alemanha vê rompimento de cabos no Mar Báltico como sabotagem

Um cabo de dados de alta velocidade foi cortado na madrugada de segunda-feira por um impacto externo, de acordo com autoridades finlandesas

Bloomberg

Boris Pistorius em Bruxelas no dia 19 de novembro. Fotógrafo: Nicolas Tucat/Getty Images
Boris Pistorius em Bruxelas no dia 19 de novembro. Fotógrafo: Nicolas Tucat/Getty Images

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O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, afirmou que os danos a dois cabos de dados submarinos no Mar Báltico devem ser investigados como um ato de sabotagem, apontando a Rússia como uma ameaça híbrida e militar à União Europeia.

Um cabo de dados de alta velocidade que conecta a Finlândia e a Alemanha foi cortado na madrugada de segunda-feira por um impacto externo, de acordo com as autoridades finlandesas, enquanto uma conexão próxima entre a Lituânia e a Suécia também foi danificada. Todas as quatro nações são membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Até o momento, não há evidências da participação da Rússia.

“Este é um sinal muito claro de que algo está acontecendo lá”, disse Pistorius a repórteres na terça-feira, antes de uma reunião de ministros da Defesa da UE em Bruxelas, afirmando que o bloco precisa proteger melhor sua infraestrutura crítica. “Ninguém acredita que esses cabos foram cortados por acidente e eu não acredito que isso foi causado por âncoras que acidentalmente causaram o dano.”

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“Isso significa que devemos assumir, sem saber concretamente quem é o responsável, que foi uma ação híbrida. E devemos assumir, sem saber ao certo, que estamos falando de sabotagem”, afirmou.

Seus comentários remetem a incidentes similares no Mar Báltico desde a invasão em grande escala da Rússia à Ucrânia, incluindo um ocorrido há pouco mais de um ano, quando a âncora de um navio em passagem cortou dois cabos de dados e um gasoduto no fundo do Golfo da Finlândia. A Rússia negou envolvimento em qualquer um dos incidentes.

Um relatório de uma investigação chinesa afirmou que a ruptura do gasoduto Balticconnector por um navio com bandeira de Hong Kong foi devido a condições de tempestade, enquanto um alto funcionário da Estônia questionou essa conclusão.

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O link de fibra óptica de alta velocidade de 1.200 quilômetros entre Helsinque e Rostock, que atende centros de dados, está danificado a leste do sul da Suécia, e há uma alta probabilidade de que esteja completamente cortado, pois todas as suas conexões de fibra estão inativas, disseram executivos da sua proprietária e operadora, Cinia Oy, em uma coletiva de imprensa na segunda-feira. O acesso à internet da Finlândia é roteado através da Suécia.

A Telia Lietuva, maior provedora de comunicações da Lituânia, informou que um cabo de dados submarino que liga a nação báltica à ilha de Gotland, na Suécia, foi cortado no domingo. Os cabos cruzam a uma distância de até 10 metros um do outro. O escritório da promotoria da Lituânia disse na terça-feira que estava coletando informações sobre o incidente, enquanto as autoridades suecas também iniciaram uma investigação, conforme citado pelo ministro da Defesa Civil, Carl-Oskar Bohlin, pela emissora SVT.

“Já vimos danos à infraestrutura crítica no Mar Báltico antes”, disse o presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, a repórteres em Vilnius na terça-feira. “Alguns dos incidentes foram atividades maliciosas, atividades direcionadas, alguns foram apenas negligência. Neste caso, ainda é cedo para chegar a conclusões finais, mas obviamente ambas as opções são possíveis.”

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Questionado se há sinais de sabotagem ou atos intencionais, o CEO Ari-Jussi Knaapila afirmou na segunda-feira que “não há como avaliar a razão neste momento.” Um navio de reparo que deveria deixar o porto de Calais na segunda-feira deve verificar o local para tentar identificar a causa do incidente.

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