Carro disfarçado e policiais amigos: a fuga “mágica” de separatista na Catalunha

Carles Puigdemont participou de um comício no centro de Barcelona e, em seguida, para constrangimento das autoridades, simplesmente desapareceu

Reuters

Líder separatista catalão, Carles Puigdemont, retorna à Espanha apesar do mandado de prisão. Foto: 8/08/2024. (Foto: REUTERS/ Lorena Sopena)
Líder separatista catalão, Carles Puigdemont, retorna à Espanha apesar do mandado de prisão. Foto: 8/08/2024. (Foto: REUTERS/ Lorena Sopena)

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“Foi mágica”, disse o ex-prefeito de Barcelona Xavier Trias, sobre como o líder separatista catalão Carles Puigdemont participou de um comício no centro de Barcelona nesta quinta-feira (8) e, em seguida, para constrangimento das autoridades, simplesmente desapareceu.

Puigdemont, de 61 anos, tem um mandado de prisão por peculato em seu papel na realização de um referendo ilegal pela independência da Catalunha, em 2017. Mesmo assim, ele voltou para a Espanha, como anunciou que faria, colocando seus pés no país pela primeira vez desde que fugiu de carro em direção à Bélgica naquele ano.

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Pelo menos até a noite desta quinta-feira, ele não havia sido preso.

Com terno azul, gravata e tênis, Puigdemont foi filmado chegando ao comício por uma rua lateral. Escondendo o rosto, passou por Jordi Turull, secretário-geral de seu partido, e dois outros homens usando bonés.

Eles surgiram em meio a uma multidão de apoiadores, que formaram um círculo ao redor de Puigdemont e começaram a gritar “Presidente!” e a filmar com seus telefones.

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Ele correu para o palco montado no boulevard Arco do Triunfo, onde fez um breve discurso diante de uma multidão que, segundo organizadores, somava 10 mil pessoas. Disse ter voltado à Espanha para exercer seu direito de participar de uma votação parlamentar para a escolha do novo presidente da região. E então Puigdemont sumiu. O vídeo também mostra o advogado de Puigdemont, Gonzalo Boye, gesticulando para ele atrás de uma tela branca montada no palco, e aparentemente dizendo “Vamos!”.

Uma pessoa com um alto-falante pediu que os apoiadores formassem um “corredor humano” para escoltar Puigdemont e outros políticos separatistas para o Parlamento regional, perto dali, para participar da votação.

Puigdemont não foi mais visto.

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Autoridades suspeitam que Puigdemont tenha entrado em um carro branco de um policial e deixado as vizinhanças, disse um porta-voz do Departamento do Interior da Catalunha.

Conhecida como Mossos d’Esquadra, a polícia regional afirmou que dois de seus membros foram presos enquanto a instituição investiga o paradeiro do líder separatista. Um deles é o dono do carro que pode ter sido usado na fuga.

Segundo a Mossos, a polícia tentou parar o veículo, mas não conseguiu. O jornal La Vanguardia publicou uma foto e um vídeo mostrando um carro que aparentemente havia saído de uma garagem subterrânea com uma cadeira de rodas no banco do passageiro.

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Uma fonte do governo catalão disse à Reuters que as autoridades acreditam que o carro estava aguardando em uma vaga para deficientes.

Uma fonte afirmou que alguns policiais da Mossos, leais a Puigdemont e que fizeram a segurança dele na França durante suas folgas, estão envolvidos na fuga.

A Mossos lançaram a Operação Gaiola, com bloqueios de estradas e verificações de porta-malas dos carros nas rotas de saída da cidade, mas até a noite de quinta-feira não haviam conseguido prender o separatista.

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