Calor extremo mata centenas de pessoas em início do verão no Hemisfério Norte

Mudança climática pode alimentar calor recorde que pode superar o verão passado no Hemisfério Norte como o mais quente em 2 mil anos

Reuters

Operários da construção bebem água enquanto trabalham em obra em meio a forte calor em Pristina, no Kosovo (REUTERS/Valdrin Xhemaj)
Operários da construção bebem água enquanto trabalham em obra em meio a forte calor em Pristina, no Kosovo (REUTERS/Valdrin Xhemaj)

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Ondas de calor mortais estão queimando cidades em quatro continentes enquanto o Hemisfério Norte marca o primeiro dia do verão, um sinal de que a mudança climática pode novamente ajudar a alimentar um calor recorde que pode superar o verão passado no Hemisfério Norte como o mais quente em 2 mil anos.

Suspeita-se que as temperaturas recordes dos últimos dias tenham causado centenas, se não milhares, de mortes na Ásia e na Europa.

Na Arábia Saudita, quase dois milhões de peregrinos muçulmanos estão terminando o haj na Grande Mesquita de Meca nesta semana. Mas centenas deles morreram durante a viagem em meio a temperaturas acima de 51 graus Celsius, de acordo com relatos de autoridades estrangeiras.

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Fontes médicas e de segurança egípcias disseram à Reuters na quinta-feira (20) que pelo menos 530 egípcios haviam morrido durante a peregrinação — contra 307 registrados até quarta-feira. Outros 40 continuam desaparecidos.

Os países ao redor do Mediterrâneo também enfrentaram outra semana de altas temperaturas que contribuíram para incêndios florestais de Portugal à Grécia e ao longo da costa norte da África, na Argélia, de acordo com o Observatório Terrestre da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos.

Na Sérvia, os meteorologistas previram temperaturas de cerca de 40°C nesta semana, já que os ventos do norte da África impulsionaram uma frente quente nos Bálcãs. As autoridades de saúde declararam um alerta meteorológico vermelho e aconselharam as pessoas a não se aventurarem ao ar livre.

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O serviço de emergência de Belgrado disse que seus médicos intervieram 109 vezes durante a noite para tratar pessoas com problemas cardíacos e crônicos de saúde.

No vizinho Montenegro, onde as autoridades de saúde também alertaram as pessoas a permanecerem na sombra até o final da tarde, dezenas de milhares de turistas procuraram se refrescar nas praias ao longo da costa do Adriático.

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Este ano, a Europa vem enfrentando uma série de mortes e desaparecimentos de turistas em meio ao calor perigoso. Um norte-americano de 55 anos foi encontrado morto na ilha grega de Mathraki, informou a polícia na segunda-feira — a terceira morte de um turista em uma semana.

Partes do nordeste e do meio-oeste dos EUA também estão murchando sob um domo de calor, com mais de 86 milhões de pessoas sob alerta de calor nesta quinta-feira, de acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia.

Um domo de calor ocorre quando um sistema forte de alta pressão prende o ar quente sobre uma região, impedindo a entrada de ar frio e fazendo com que as temperaturas do solo permaneçam altas.

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De acordo com seu plano de emergência de calor, a cidade de Nova York disse que abriria seus centros de resfriamento pela primeira vez este ano.

As autoridades meteorológicas também emitiram um alerta de calor excessivo para partes do Estado americano do Arizona, incluindo Phoenix, na quinta-feira, com previsão de temperaturas de 45,5°C.

No estado vizinho do Novo México, dois incêndios florestais de rápida propagação, favorecidos pelo calor intenso, mataram duas pessoas, queimaram uma ampla extensão de terra e destruíram 500 casas, segundo as autoridades. Chuvas fortes poderiam ajudar a amenizar as chamas, mas as tempestades na quinta-feira também estavam causando inundações repentinas e complicando os esforços de combate a incêndios.

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A tempestade tropical Alberto, a primeira tempestade nomeada da temporada de furacões do Atlântico, atingiu a costa na quinta-feira perto da cidade mexicana de Tampico e foi responsável por três mortes, todas de crianças. Esperava-se que a tempestade enfraquecida trouxesse inundações para o nordeste do México e para a costa do Texas à medida que se deslocasse para o interior.

Contando os mortos

O período de verão na Índia vai de março a maio, quando as monções começam a varrer lentamente o país e a quebrar o calor.

Mas Nova Délhi registrou na quarta-feira sua noite mais quente em pelo menos 55 anos, com o Observatório Safdarjung da Índia informando uma temperatura de 35,2°C à 1h da manhã.

As temperaturas normalmente caem à noite, mas os cientistas dizem que a mudança climática está causando o aumento das temperaturas noturnas. Em muitas partes do mundo, as noites estão esquentando mais rápido do que os dias, de acordo com um estudo de 2020 da Universidade de Exeter.

Nova Délhi registrou 38 dias consecutivos com temperaturas máximas iguais ou superiores a 40°C desde 14 de maio, de acordo com dados do departamento de meteorologia.

Uma autoridade do Ministério da Saúde indiano disse na quarta-feira que houve mais de 40 mil casos suspeitos de insolação e pelo menos 110 mortes confirmadas entre 1º de março e 18 de junho, quando o noroeste e o leste da Índia registraram o dobro do número normal de dias de onda de calor em um dos períodos mais longos do país.

Entretanto, é difícil obter um número exato de mortes causadas por ondas de calor. A maioria das autoridades de saúde não atribui as mortes ao calor, mas sim às doenças exacerbadas pelas altas temperaturas, como problemas cardiovasculares. Portanto, as autoridades subestimam as mortes relacionadas ao calor por uma margem significativa, geralmente ignorando milhares, se não dezenas de milhares de mortes.

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