Brasil, México e Colômbia voltam a cobrar Venezuela por dados eleitorais desagregados

Os três países reiteraram pedido de moderação em manifestações e eventos públicos

Reuters

Manifestantes anti-Maduro em Caracas, Venezuela - 30/07/2024 (Foto: Alexandre Meneghini/Reuters)
Manifestantes anti-Maduro em Caracas, Venezuela - 30/07/2024 (Foto: Alexandre Meneghini/Reuters)

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Brasil, México e Colômbia voltaram a cobrar da Venezuela, nesta quinta-feira (8), a divulgação de dados eleitorais desagregados por mesa de votação da eleição presidencial realizada no país no mês passado.

Em nota conjunta, os três países reiteraram aos atores políticos e sociais venezuelanos que exerçam “máxima cautela e moderação em manifestações e eventos públicos”, ao mesmo tempo em que pediram que as forças de segurança garantam o pleno exercício de direitos democráticos e respeito aos direitos humanos.

“Consideram fundamental a apresentação pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) dos resultados das eleições presidenciais de 28 de julho de 2024 desagregados por mesa de votação”, diz o comunicado dos três países.

Brasil, México e Colômbia destacaram ainda, após reunião de seus chanceleres na véspera, que continuarão a manter conversas de alto nível e enfatizaram sua “convicção e confiança de que as soluções da situação atual devem surgir da Venezuela”.

No comunicado, os três países aproveitam para reafirmar “a conveniência de que se permita a verificação imparcial dos resultados” e declaram que o “respeito aos Direitos Humanos deve prevalecer em qualquer circunstância”.

Os três países, que vêm atuando como mediadores, já haviam publicado na semana passada uma primeira nota conjunta cobrando a divulgação dos resultados eleitorais detalhados da Venezuela.

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Na quarta-feira (7), em entrevista à GloboNews, o embaixador Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, considerou “lamentável” a falta de transparência dos dados da eleição.

Ele avaliou ainda que uma solução para o impasse na Venezuela passa pela instituição de uma “anistia recíproca”, que inclua garantias ao governo e à oposição e também a retirada de sanções impostas ao país.

No início de 29 de julho a autoridade eleitoral da Venezuela — acusada pela oposição de agir de forma parcial — declarou o atual presidente Nicolás Maduro como o vencedor da disputa, com cerca de 51% dos votos. A autoridade ainda não apresentou, no entanto, as atas da votação.

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Liderada por Maria Corina Machado e por Edmundo González, um ex-diplomata de 74 anos, a oposição diz ter cópias de contagens de votos segundo as quais teria vencido a eleição com mais de 7 milhões de votos, contra 3,3 milhões de votos de Maduro. O resultado, em linhas gerais, é semelhante ao estimado por pesquisas independentes de boca de urna.

Na nota divulgada nesta quinta-feira, Brasil, México e Colômbia também afirmaram ter conhecimento da ação perante o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ), mas consideraram que o CNE seria o órgão reponsável por tornar públicos os dados eleitorais.

Em resposta a um pedido de Maduro, o tribunal convocou os dez candidatos da eleição e representantes dos partidos que os indicaram para comparecer ao que classificou como uma certificação dos resultados.

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González, no entanto, não compareceu, alegando que corria o risco de ser preso caso obedecesse à convocação. A ausência do opositor foi encarada como um desacato à corte.