Publicidade
Quem olha para a economia da Argentina e do Brasil à primeira vista pode dizer que os países estão distantes um do outro. Afinal, o país vizinho vive uma hiperinflação anual de três dígitos, a pobreza atingiu mais da metade da população no 1º semestre e a atividade econômica está em recessão técnica em 2024, após duas quedas nos primeiros e segundos trimestres.
Para o parlamentar argentino Luciano Laspina, entretanto, os dois países compartilham semelhanças que impediram o crescimento de ambos na última década e podem continuar prejudicando no futuro. Laspina é economista e deputado nacional da Argentina.
Leia também: Risco na Argentina é mais político do que fiscal, diz deputado pró-Milei
Continua depois da publicidade
Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, o parlamentar do PRO, partido do ex-presidente Maurício Macri, afirmou que o Mercosul fez com que os países do bloco fechassem suas economias para o resto do mundo, mantendo-os isolados dentro de suas parcerias.
“Excluindo a Venezuela falida e o Equador, que também enfrentou suas dificuldades, os dois países [do Mercosul] que ficaram estagnados nos últimos 10 anos são Argentina e Brasil. Uruguai e Paraguai escaparam disso graças ao fenômeno da soja”, diz.
Brasil e Argentina se assemelham em duas características fundamentais, segundo o deputado: o grande volume de gastos públicos “que torna suas economias pesadas, ineficientes e custosas”; e o fato de serem “uma das regiões mais fechadas ao comércio internacional do mundo”.
Continua depois da publicidade
“Essas duas coisas, para mim, explicam as semelhanças, porque o Brasil tem outra política, outro nível de risco, tem estabilidade, é independente; no entanto, não cresceu”, afirma Laspina.
Segundo dados da CEIC Data, a média de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil entre 2013 e 2023 foi de 0,77%, enquanto o da Argentina foi de 0,60%.
O parlamentar do PRO acredita que a “porta de saída” para os dois países saírem dessa estagnação é o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Para ele, o acordo representa um caminho de integração com uma região que possui “altíssima produtividade e capacidade tecnológica” para compartilhar.
Continua depois da publicidade
As negociações entre os dois blocos se arrastam há 25 anos e o tema voltou ao debate neste ano, quando a Comissão Europeia reiterou o interesse em concluir o acordo, apesar da oposição da França. O país de Emmanuel Macron teme a concorrência com os produtos agrícolas brasileiros.
Entretanto, o Financial Times informou no mês passado que um grupo de 11 países do bloco, entre eles Alemanha, Portugal e Suécia, enviou uma carta para a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pedindo a solução do entrave. O objetivo do governo brasileiro é fechar o acordo ainda em 2024.
“Isso seria uma notícia fantástica para o Mercosul, que só fez fechar nossas economias e nos manter isolados do resto do mundo. Eu acho que essa é a porta de saída e provavelmente o melhor atalho que podemos tomar”, diz Laspina.