Bomba plantada meses antes e detonação remota: como o líder do Hamas foi morto

Assassinos conseguiram furar a segurança de um complexo em Teerã fortemente vigiado pela Guarda Revolucionária Islâmica; bomba só foi detonada após confirmação de que Ismail Haniyeh estava em seu quarto

Equipe InfoMoney

Manifestantes seguram um caixão falso durante um protesto contra o assassinato do chefe do Hamas Ismail Haniyeh 02/08/2024 (Foto: Emilie Madi/Reuters)
Manifestantes seguram um caixão falso durante um protesto contra o assassinato do chefe do Hamas Ismail Haniyeh 02/08/2024 (Foto: Emilie Madi/Reuters)

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Um bomba plantada dois meses antes e detonada remotamente foi responsável pela morte na última quarta-feira (31) de Ismail Haniyeh, um dos principais líderes do grupo palestino Hamas. Uma reportagem do The New York Times mostrou como foi possível realizar o ataque em plena capital do Irã em uma casa supostamente ultravigiada pela Guarda Revolucionária Islâmica.

Segundo a investigação do jornal, que cita sete autoridades do Oriente Médio, incluindo dois iranianos e uma autoridade americana, o dispositivo explosivo foi contrabandeado secretamente para uma pousada em Teerã onde Ismail Haniyeh.

A bomba tinha sido escondida há aproximadamente dois meses na pousada, que faz parte de um grande complexo, conhecido como Neshat, em um bairro nobre do norte da capital. O texto diz que Haniyeh já havia ficado na pousada várias vezes ao visitar Teerã.

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Haniyeh estava na capital do Irã para a posse do novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian. Segundo o jornal, a bomba foi detonada remotamente por volta das 2h da manhã, assim que foi confirmado que o líder do Hamas estava dentro de seu quarto. A explosão também matou um dos guarda-costas dele.

A detonação sacudiu o prédio, quebrou algumas janelas e causou o colapso parcial de uma parede externa, de acordo com as duas autoridades iranianas citada na reportagem. Os danos ficaram evidentes em uma fotografia do prédio compartilhada com o jornal.

Autoridades iranianas e o Hamas disseram na quarta-feira que Israel foi responsável pelo assassinato. O assassinato trouxe o risco de desencadear outra onda de violência no Oriente Médio e bloquear as negociações em andamento de um cessar-fogo em Gaza.

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Nas horas seguintes ao assassinato, especulou-se que Israel teria matado Haniyeh com um ataque de míssil, possivelmente disparado de um drone ou avião, semelhante ao equipamento usado em um ataque a uma base militar em Isfahan, em abril.

Essa teoria de um ataque por míssil levantou questões sobre como teria sido possível burlar os sistemas de defesa aérea iranianos na capital. Mas a reportagem afirma que os assassinos conseguiram na verdade explorar um lapso na segurança do complexo supostamente bem guardado.

Tal violação, disseram em sigilo três autoridades iranianas, foi uma falha catastrófica de inteligência e segurança para o Irã e um tremendo constrangimento para a Guarda, que usa o complexo para retiros, reuniões secretas e hospedagem de convidados proeminentes como Haniyeh.

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Como a bomba foi escondida na pousada ainda não está claro. As autoridades do Oriente Médio disseram que o planejamento para o assassinato levou meses e exigiu ampla vigilância do complexo. As duas autoridades iranianas que descreveram a natureza do assassinato disseram que não sabiam como ou quando os explosivos foram plantados na sala.

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