Olaf Scholz reconhece derrota e parabeniza rival conservador nas eleições da Alemanha

Partido considerado de ultradireita pelos alemães, AfD fica em segundo lugar com maior votação de sua história

Mitchel Diniz Roberto de Lira

Friedrich Merz, líder do partido alemão CDU, durante comício em Halle, na Alemanha -18/02/2025 (Foto:  REUTERS/Karina Hessland)
Friedrich Merz, líder do partido alemão CDU, durante comício em Halle, na Alemanha -18/02/2025 (Foto: REUTERS/Karina Hessland)

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Sondagens de boca de urna na Alemanha apontam que o partido União Democrata Cristã (CDU), de Friedrich Merz, teve o maior percentual de votos na eleição de hoje, com 29%, afirma a agência de notícias Deutsche Welle. O partido de ulltradireita, Alternativa para a Alemanha (AfD), é o segundo colocado, com 19,5%, enquanto os vermelhos do social-democrata (SPD), de centro-esquerda, partido do premiê Olaf Scholz, ficaram com a terceira posição, de 16%.

Contudo, vale lembrar que o novo chanceler da Alemanha será eleito somente quando o governo de coalizão for formado, o que pode levar meses. Pelas projeções iniciais da boca de urna, Friedrich Merz sai na frente para ser primeiro-ministro. Scholz já reconheceu a derrota nas urnas e parabenizou o adversário.

“É um resultado eleitoral amargo para o Partido Social Democrata”, admitiu o chanceler.

A outrora forte economia alemã, que ditava as regras para toda a União Europeia, cambaleia desde 2019, a aliança “semáforo” — entre a centro-esquerda, os verdes e os democratas livres — não deu conta do recado e implodiu em novembro. Enquanto isso, as questões migratórias nunca resolvidas explodiram na forma de atentados, dando mais poder fogo ao discurso da extrema-direita.

É neste cenário que os alemães foram às urnas neste domingo, para escolher a formação do Bundestag, o parlamento da Alemanha.  A disputa foi antecipada pela crise político-econômica, uma vez que as eleições deveriam acontecer apenas daqui a sete meses.

Recentemente, Merz permitiu que o CSU unisse forças ao AfD para tentar aprovar uma resolução vinculativa no Parlamento sobre migração, o que irritou Angela Merkel, defensora da política “Brademauer” (o correspondente ao inglês ‘firewall’), que impede uma negociação entre os centristas com e os ultradireitistas.

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Friedrich Merz, de 69 anos, é um advogado e ex-integrante de vários conselhos de administração de bancos de investimento. Católico e conservador, ele não é unanimidade dentro de seu partido. Ele teve sua ascensão na hierarquia interna do partido bloqueada diversas vezes por Merkel, afastou-se do CDU e só voltou quando a premiê anunciou em 2018 que não iria mais buscar uma reeleição. Mas Merz fracassou por duas vezes na tentativa de ocupar o lugar de sua rival.

Caso chegue mesmo ao poder, o político, famoso por pilotar seu próprio avião, deve imprimir uma atuação mais à direita do que a exercida por Merkel, com propostas de melhorar o bem-estar interno, atrair investimentos estrangeiros, incentivar a energia nuclear e facilitar o fluxo de capital para empresas alemãs. Ele também quer tirar algumas amarras constitucionais de elevação da dívida pública.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados