Bispos da Venezuela criticam uso político do Natal por Nicolás Maduro

Conferência Episcopal de do país advertiu que o Natal é uma celebração de caráter universal e que a festa não deve ser utilizada com fins propagandísticos; Maduro antecipou início das comemorações para 1º de outubro

Roberto de Lira

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em seu programa semanal de televisão 03/09/2024 (Foto: Reprodução do Instagram:@nicolasmaduro)
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em seu programa semanal de televisão 03/09/2024 (Foto: Reprodução do Instagram:@nicolasmaduro)

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A Conferência Episcopal de Venezuela (CEV), que corresponde à CNBB brasileira, advertiu que o Natal é uma celebração de caráter universal e que esta festa não deve ser utilizada com fins propagandísticos ou políticos particulares. A declaração foi feita via Instagram em resposta à decisão anunciada ontem pelo presidente Nicolás Maduro de antecipar as comemorações a partir de 1º de outubro.

A CEV lembrou que a liturgia de preparação da data oferece o Advento, que neste ano se inicia em 1º de dezembro, mas que o Natal, como tempo litúrgico começa em 25 de dezembro com o nascimento de Jesus Cristo e se estende até a Epifania do Senhor, no mês de janeiro.

A Conferência também comentou na terça-feira, em outra nota, que o processo eleitoral venezuelano seguiu numa direção contrária aos valores democráticos garantidos pela Constituição.

“Desconcertar a soberania popular manifestada através do voto é moralmente inaceitável, pois se aparta gravemente da verdade e da Justiça. A verdade, mesmo que queira ser ocultada, ou reduzida à opinião de alguns poucos, por fim se impõe”, disse a CEV.

Para os bispos, outro grande motivo de preocupação sobre a efetiva vigilância da democracia venezuelana é a promoção por parte de diversos órgãos do Estado de uma campanha de repressão e perseguição que se traduz em detenções, entre os quais se encontram muitos menores de idade, a quem se pretende delitos muito graves.

A CEV disse se preocupar, em particular, com a perseguição de mesários, comunicadores sociais, do candidato com maior número de votos e de dirigentes da oposição, o que contradiz os princípios de pluralidade política e independência dos poderes públicos garantidos pela Constituição e pelas leis da República.

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“Na democracia é fundamental o respeito pelos direitos de todos e, especialmente, pelos menores de idade e suas famílias”, afirmou a Conferência.