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O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela ratificou nesta sexta-feira (2) a vitória de Nicolás Maduro na eleição presidencial, com um segundo boletim de resultados oficiais com 96,87% dos votos apurados, mas sem publicar os dados separadamente, uma das solicitações da oposição e da comunidade internacional.
Brasil, Colômbia e México pediram na quinta-feira que o país publique as informações relacionadas ao pleito de 28 de julho.
Os líderes da comissão de Relações Exteriores do Congresso dos Estados Unidos e dos órgãos legislativos da Europa condenaram a gestão do governo venezuelano nas eleições, segundo um comunicado ao qual a Reuters teve acesso, uma mostra sem precedentes de unidade e que tem o intuito de pressionar Caracas a publicar a apuração completa.
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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse nesta sexta-feira, em sua conta na plataforma X, que na sua “posição de governante” deve “respeitar a autodeterminação da Venezuela”.
“Busco caminhos diplomáticos e políticos para deter, por meio do diálogo, uma catástrofe humanitária no nosso país irmão… Uma catástrofe humanitária na Venezuela se transforma em uma catástrofe humanitária na Colômbia”, acrescentou.
Pelo menos 2,8 milhões de venezuelanos vivem na Colômbia. Eles fazem parte de uma onda imigratória de quase 8 milhões de pessoas que fugiram da crise política e econômica do país produtor de petróleo.
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Celso Amorim, que foi ministro das Relações Exteriores do Brasil e esteve na Venezuela durante as eleições a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse em entrevista à RedeTV!, na quinta-feira, que o governo do Brasil está “decepcionado pelo atraso do Conselho Nacional Eleitoral na publicação das atas eleitorais”.
“Eu acho que, de fato, em função de tudo o que já aconteceu, de todo o quadro político, há uma expectativa de que a Venezuela possa provar, o governo venezuelano possa provar a votação que ele alega ter tido”, afirmou.
“A dúvida é se a contagem realmente corresponde às atas, então eles têm que mostrar as atas. Eu perguntei isso ao presidente Maduro na presença do presidente da Assembleia, e ele disse que era uma questão de dois ou três dias”, acrescentou Amorim.
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O Conselho Nacional Eleitoral proclamou Maduro como vencedor na madrugada de segunda-feira. Ele está no poder desde 2013. A oposição, contudo, afirma que sua contagem de cerca de 90% dos votos mostra seu candidato, Edmundo González, com mais do que o dobro do apoio em relação ao presidente, nível similar ao visto em pesquisas independentes publicadas antes do pleito.
Na quarta-feira, Maduro apresentou à suprema corte venezuelana um recurso para a verificação dos resultados. O tribunal respondeu, um dia depois, que admitiu a solicitação e convocou os dez candidatos, incluindo o atual presidente e González, para que prestassem depoimento na tarde desta sexta-feira. Não se sabe se González, de 74 anos, participará da audiência.
O “Vem, Venezuela”, movimento da líder opositora María Corina Machado, afirmou nesta sexta-feira, em sua conta na plataforma X, que seis homens “encapuzados e sem identificação” renderam guardas, os ameaçaram, quebraram portas e levaram equipamentos da sede do partido.
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Delsa Solórzano, que está no comando da campanha oposicionista, afirmou que as suspeitas são de que eles buscavam as atas de votação em poder da oposição.
A chancelaria venezuelana disse que são “graves” e “ridículas” as afirmações do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que na quinta-feira afirmou que González foi o ganhador da eleição.
“(Blinken) pretende assumir o papel de Poder Eleitoral venezuelano, mostrando que o governo dos Estados Unidos está à frente do golpe de Estado que querem dar contra a Venezuela, promovendo uma agenda violenta contra o povo venezuelano e suas instituições”, disse o chanceler, Yván Gil.