Argentina deve sofrer apagão de transportes com greves na 4ª e 5ª feira

Paralisações começaram com algumas linhas de ônibus hoje, mas movimento deve ganhar amanhã a adesão do transporte ferroviário, do metrô, caminhões, transporte aéreo e marítimo

Roberto de Lira

Manifestante segura uma bandeira argentina ao lado dos membros da polícia durante marcha do Primeiro de Maio, em Buenos Aires, na Argentina (Foto: Agustin Marcarian/Reuters)
Manifestante segura uma bandeira argentina ao lado dos membros da polícia durante marcha do Primeiro de Maio, em Buenos Aires, na Argentina (Foto: Agustin Marcarian/Reuters)

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A Argentina está ameaça de sofrer um verdadeiro apagão entre a 4ª e a 5ª feira nas áreas de transportes e logística a partir de amanhã, com diversas categoria de profissionais do setor parando as atividades por descontentamentos com o programa de ajuste econômico do governo de Javier Milei, as privatização e a falta de acordos trabalhistas para repor perdas com a inflação.

Os protestos começaram na verdade nesta terça-feira (29), com o início de uma greve de 36 horas dos trabalhadores do Estado (ATE), movimento que deve ganhar amanhã a adesão do transporte ferroviário, do metrô, caminhões, transporte aéreo e marítimo.

Algumas linhas de coletivos em várias províncias, controladas pelo sindicato UTA, não aderiram à greve do Conselho Nacional de Transportes, enquanto coletivos que circulam na região metropolitana de Buenos Aires podem parar apenas na quinta-feira.

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Segundo comunicado do Conselho, “o ajuste promovido pelo governo Milei, o aumento das passagens após a retirada dos subsídios, a tentativa de privatizar a Aerolíneas Argentinas, o ataque aos aposentados e a rejeição ao aumento da pobreza”, são os motivos da convocação da greve.

Além do transportes coletivos, funcionários da AFIP (uma espécie de Receita Federal) e da Alfândega também vão parar em protesto ao anunciado desligamento de 3.100 servidores, com a propostas da criação de um novo órgão de controle, segundo fontes sindicais.

Os sindicatos exigem a reabertura imediata dos acordos coletivos de trabalho e reajustes salariais que permitam a recomposição dos salários. Os sindicatos também querem o fim das demissões no setor público e a reintegração imediata de todos os “demitidos ilegitimamente”.

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No setor aéreo, a Associação de Pilotos de Linha Aérea da Argentina (APLA) anunciou a cessação de suas atividades por 24 horas, enquanto a Associação Argentina de Operadores de Aeronaves (AAA), que reúne tripulantes de cabine, também decidiu aderir à greve, informa a CNN local.

A Aerolíneas Argentinas já anunciou que, como resultado da greve, haverá reagendamentos, modificações de horários e cancelamentos de voos. Por isso pediram aos passageiros que fiquem atentos a qualquer mudança no horário dos voos.

No caso das atividades portuárias, marítimas e de estaleiros, a expectativa é que sejam afetada as operações de transporte de grãos, movimentação de contêineres, abastecimento de combustível, reboque em portos e dragagem em acessos marítimos.

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O porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, questionou os sindicatos, argumentando que “os privilegiados, aqueles que podem se dar ao luxo de parar, fazem greve”.

“Os privilegiados param, aqueles que podem se dar ao luxo de parar. Porque nós, argentinos do bem, do trabalho, que queremos viver em um país melhor, não temos essa possibilidade e também não queremos parar”, disse ele em coletiva de imprensa.