Ao lado do rei da Jordânia, Trump repete plano de tomada de Gaza e ameaça o Hamas

"Nós vamos tomá-la. Vamos mantê-la, vamos valorizá-la. Eventualmente, vamos fazer com que ela funcione, onde muitos empregos serão criados para as pessoas do Oriente Médio", disse Trump

Reuters

O presidente dos EUA, Donald Trump, se encontra com o rei Abdullah da Jordânia no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, EUA, em 11 de fevereiro de 2025. REUTERS/Nathan Howard
O presidente dos EUA, Donald Trump, se encontra com o rei Abdullah da Jordânia no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, EUA, em 11 de fevereiro de 2025. REUTERS/Nathan Howard

Publicidade

Donald Trump reafirmou nesta terça-feira seu plano para que os EUA assumam o controle de Gaza e reassentem permanentemente seus residentes, enquanto se reunia com rei Abdullah da Jordânia, em meio à oposição generalizada a seu plano entre os aliados árabes de Washington, incluindo a Jordânia.
Pouco depois de o rei e seu filho chegarem à Casa Branca, os repórteres foram conduzidos ao Salão Oval, onde Trump sinalizou que não iria ceder em seu plano para que os EUA assumissem o controle de Gaza, transferissem seus residentes e transformassem o território devastado pela guerra.
“Nós vamos tomá-la. Vamos mantê-la, vamos valorizá-la. Eventualmente, vamos fazer com que ela funcione, onde muitos empregos serão criados para as pessoas do Oriente Médio”, disse Trump sobre Gaza, afirmando que seu plano “traria paz” à região.
Trump tem afirmado que consideraria a possibilidade de reter a ajuda da Jordânia se o país se recusar a reassentar os palestinos.
O rei Abdullah já disse anteriormente que rejeita qualquer iniciativa de anexar terras e deslocar palestinos.
Questionado nesta terça-feira sobre a possibilidade de acolher palestinos, ele disse que tem que fazer o que é melhor para seu país e afirmou que os países árabes irão a Washington com uma contraproposta.
“A questão é como fazer isso funcionar de uma forma que seja boa para todos”, disse ele, sem apoiar ou se opor explicitamente ao plano de Trump.
A expectativa era que ele dissesse a Trump que tal medida poderia estimular o radicalismo, espalhar o caos na região, colocar em risco a paz com Israel e ameaçar a própria sobrevivência do país.
Três em cada quatro norte-americanos — 74% — em uma pesquisa Reuters/Ipsos realizada de 7 a 9 de fevereiro disseram que se opunham à ideia de os EUA assumirem o controle de Gaza e deslocarem os palestinos que vivem lá. A pesquisa mostrou que os republicanos estavam divididos sobre a questão, com 55% de oposição e 43% de apoio.
A proposta de Trump introduziu uma nova complexidade em uma dinâmica regional sensível, incluindo um frágil cessar-fogo entre Israel e o grupo militante palestino Hamas.
Na segunda-feira, o Hamas disse que iria parar de libertar reféns israelenses de Gaza até segunda ordem, afirmando que Israel tem violado o acordo para acabar com os ataques que atingem Gaza. Mais tarde, Trump propôs o cancelamento do cessar-fogo se o Hamas não liberar até sábado todos os reféns restantes que tomou em 7 de outubro de 2023.
Trump disse nesta terça-feira que se o Hamas não cumprir o prazo isso mudaria o jogo, acrescentando que ele não acredita que o grupo militante palestino cumprirá o prazo.
JORDÂNIA DEPENDE DA AJUDA DOS EUA
Situada entre a Arábia Saudita, a Síria, Israel e a Cisjordânia ocupada, a Jordânia já abriga mais de 2 milhões de refugiados palestinos em sua população de 11 milhões de habitantes, cujo status e número há muito tempo são uma fonte de ansiedade para a liderança do país.
Amã, que depende muito de Washington para assistência militar e econômica, também está sofrendo com a pausa de 90 dias na ajuda de Trump. Israel e Egito receberam isenções, mas o valor de US$1,45 bilhão que a Jordânia recebe anualmente permanece congelado enquanto se aguarda uma revisão de toda a ajuda externa pelo governo Trump.
O rei Abdullah “está em uma posição muito, muito vulnerável, onde os EUA têm muita influência”, disse Ghaith Al-Omari, membro sênior do think tank Instituto Washington para Política do Oriente Próximo.
Mas a assistência dos EUA a Amã “não é caridade”, disse Al-Omari, explicando que a Jordânia hospeda tropas e recursos aéreos dos EUA, é um importante parceiro de compartilhamento de informações para Washington e que seu tratado de paz com Israel, assinado em 1994, é fundamental para a estabilidade regional.
“O rei espera que isso seja um contraponto à força que o presidente tem”, disse Al-Omari.