Animais políticos: entenda o elefante republicano e o burro democrata

Uso dos animais foi popularizado pelo cartunista Thomas Nast, na segunda metade do século XIX; críticos dizem os burros são teimosos e os elefantes sentem-se bem em um circo

Roberto de Lira

Silhueta de um burro e um elefante em frente a uma bandeira americana (Foto: Getty Images)
Silhueta de um burro e um elefante em frente a uma bandeira americana (Foto: Getty Images)

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Os americanos sempre gostaram de usar imagens de animais para reforçar mensagens. No mercado financeiro, o momento pode estar “bear” (o comportamento de um urso, golpeando para baixo) ou “bull” (que usa os chifres para cima). Em termos de política monetária, há os “hawks” (falcões) e os “doves” (pombos), ligados a diferentes visões sobres taxa de juros. Na política, por sua vez, os republicanos são identificados por um elefante e os democratas por um burro. Por que é assim?

Assim como aconteceu na identificação recente das cores dos partidos americanos, a mídia teve papel decisivo nessas escolhas.

Acredita-se que o elefante republicano tenha sido usado pela primeira vez por um jornal de Illinois, durante a campanha eleitoral de Abraham Lincoln em 1860. Há uma hipótese de que isso foi de propósito, para passar uma mensagem de força, mas não há consenso sobre essa explicação.

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Quanto ao burro democrata, há indicações de que tenha sido utilizado inicialmente durante a campanha presidencial em 1828, quando o candidato Andrew Jackson fez uso do animal em seus pôsteres por conta de um apelido que seus oponentes lhe deram. Eles o achavam teimoso como um burro e Jackson enaltecia a força e a lealdade do bicho.

Cartunista

Quem popularizou mesmo a identificação dos partidos com os animais foi o cartunista Thomas Nast (que era republicano) e passou a usar com frequência o elefante na revista Harper’s Weekly na segunda metade do século XIX.

Um dos cartuns mais famosos de Nast foi o “Pânico do Terceiro Mandato”, de 1874, que criticava parte da mídia e os democratas por uma campanha de terror apontando que o presidente republicano Ulysses Grant estava pensando em concorrer a um terceiro mandato em 1876 (isso não era ilegal na época).

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(Foto: Reprodução/Biblioteca do Congresso)

Nast identificou a imprensa democrata como um burro envolto em pele de leão, assustando os outros animais com histórias selvagens de uma ditadura de Grant. Entre esses animais está um enorme elefante rotulado como “o voto republicano”, que parece estar prestes a cair de um penhasco.

Mas ele não poupava nem mesmo o partido com o qual se identificava, tendo por várias vezes mostrado o elefante republicano como uma criatura em pânico, constantemente se arrastando na direção errada, o que mostrava que seu tamanho era mais um problema do que uma vantagem.

E há um famoso desenho de 1879 que mostra um teimoso burro democrata pendurado pela cauda e prestes a cair em um abismo de “caos financeiro”.

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Uma reportagem da CNN diz que é estranho que os dois principais partidos políticos americanos tenham abraçado seus mascotes com tanto entusiasmo nos dias atuais, considerando o quanto Nast os criticou em sua época: ambos eram retratados frequentemente como estúpidos, sem opiniões firme e confusos.

Os defensores do uso desses animais destacam que burro democrata representa trabalho árduo, diligência, humildade e dedicação aos EUA. Do outro lado, o elefante republicano representaria inteligência, dignidade e um símbolo de força.

Mas, do lado crítico, um burro é facilmente identificado como um símbolo de teimosia e ingenuidade. Os detratores do elefante político, por sua vez, não se cansam de lembrar que ele é um anima, de circo, portanto propenso apenas ao espetáculo.

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