Agência da ONU confirma ataques à usina de Zaporizhzhia e Rússia culpa a Ucrânia

Nota oficial da AIEA informou que houve impacto físico das detonações de drones, inclusive em um dos seis prédios do reator do local; Kremlin classifica ato como "provocação muito perigosa"

Roberto de Lira

Usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia (Reprodução/ AIEA)
Usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia (Reprodução/ AIEA)

Publicidade

Pela primeira vez desde novembro de 2022, a central nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, foi diretamente atingida por ataques com drones, informou no domingo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), subordinada à ONU. Segundo Moscou, o ataque foi praticado pelas forças ucranianas, que negaram a autoria.

O Kremlin, por meio do porta-voz Dmitry Peskov, disse nesta segunda-feira (8) que os ataques de drones ucranianos à usina são muito perigosos. “Essa é uma provocação muito perigosa (…) que tem consequências negativas muito, muito ruins a longo prazo. Infelizmente, o regime de Kiev continua sua atividade terrorista.”

A Rússia disse que a Ucrânia atacou a usina nuclear de Zaporizhzhia, controlada pelas forças russas, três vezes no domingo e pediu que o Ocidente dê uma resposta.

Continua depois da publicidade

Segundo comunicado do diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, a maior usina nuclear da Europa foi diretamente alvo de uma ação militar, o que representa uma clara violação dos cinco princípios básicos para proteger a instalação estabelecidos em maio do ano passado.

“Esta é uma grande escalada dos perigos de segurança nuclear enfrentados pela Usina Nuclear de Zaporizhzhia. Esses ataques imprudentes aumentam significativamente o risco de um grande acidente nuclear e devem cessar imediatamente”, disse o diretor na nota.

Risco de “acidente grave”

Segundo o comunicado Neste momento, não havia indícios de danos aos sistemas críticos de segurança nuclear no local. No entanto, os ataques militares foram outro “lembrete gritante” de ameaças persistentes à usina e a outras instalações nucleares durante o conflito armado, apesar dos esforços da AIEA para reduzir o risco de um acidente grave que poderia prejudicar as pessoas e o meio ambiente na Ucrânia e além.

Continua depois da publicidade

A agência enviou especialistas ao local, que conseguiram confirmar o impacto físico das detonações de drones, inclusive em um dos seis prédios do reator do local, onde equipamentos de vigilância e comunicação pareciam ter sido alvejados. Porém, não foi observado nenhum dano estrutural em sistemas, estruturas e componentes importantes para a segurança nuclear da usina.

“Embora os danos na unidade 6 não tenham comprometido a segurança nuclear, este foi um incidente grave que tinha o potencial de minar a integridade do sistema de contenção do reator”, disse o diretor-geral Grossi.

(Com Reuters)