Administradores escolares dos EUA ouvem no Congresso cobranças contra antissemitismo

Deputados conservadores acusam as lideranças de distritos escolares de terem sido coniventes com os discursos de ódio e pouco efetivos em punir os excessos

Equipe InfoMoney

Protesto pró-palestinos na Universidade da Califórnia (UCLA) em Los Angeles - 1/5/2024 (Reuters/David Swanson)
Protesto pró-palestinos na Universidade da Califórnia (UCLA) em Los Angeles - 1/5/2024 (Reuters/David Swanson)

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Administradores escolares dos estados da Califórnia, Maryland e Nova York compareceram nesta quarta-feira (8) a um painel no Congresso dos Estados Unidos e tiveram de explicar a deputados republicanos porque teriam permitido que uma retórica antissemita tomasse conta das escolas sob seus cuidados.

Nos debates, enquanto os funcionários das escolas defenderam seus sistemas, legisladores conservadores os criticavam sobre suas políticas, que não teriam incluído, por exemplo, demitir professores e disciplinar alunos como forma de punição.

Os administradores, procuraram enfatizar o papel delicado e importante que as escolas desempenham para não apenas erradicar o antissemitismo, mas ensinar os alunos a respeitar uns aos outros, enfrentar o bullying e enfrentar ideias difíceis – tudo isso enquanto tentam disciplinar alunos e trabalhadores ofendidos. Mas negaram que deixaram de ocorrer punições.

Segundo o site Politico, a presidente da Conferência do Partido Republicano da Câmara, Elise Stefanik, mirou no chefe das escolas da cidade de Nova York, David Banks, durante a audiência, criticando o sistema escolar por continuar empregando o ex-diretor da Hillcrest High School, no Queens, onde houve um motim contra um educador judeu que expressou apoio a Israel.

Ela também pressionou Banks sobre quais medidas disciplinares foram tomadas contra estudantes que invadiram os corredores de uma escola do Brooklyn gritando slogans antissemitas.

Banks, por sua vez, reiterou que o diretor foi afastado e voltou a dizer que a Secretaria de Educação da cidade não encontrou evidências de que os alunos estivessem entoando slogans antissemitas como “Morte a Israel!”.

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“Desde 7 de outubro [data dos ataques do Hamas a Israel], nossos alunos e funcionários – judeus e muçulmanos, israelenses e palestinos – sofreram imensamente”, disse Banks aos legisladores. Segundo ele, pelo menos 30 alunos foram suspensos, acrescentando que a cidade também retreinou todos os 1.600 diretores sobre o código de disciplina para garantir que ele seja aplicado corretamente.

Já Enikia Ford Morthel, superintendente do distrito escolar unificado de Berkeley, na Califórnia, disse que é preciso estar consciente de todas as crianças cometem erros. “Sabemos que nossa equipe também não está imune a erros e não os ignoramos quando eles ocorrem. No entanto, o antissemitismo não é generalizado no distrito escolar unificado de Berkeley.”

Karla Silvestre, presidente do Conselho de Educação do Condado de Montgomery, em Maryland, foi na mesma linha. “Não nos furtamos a impor consequências para o comportamento baseado no ódio, incluindo o antissemitismo”, disse. “Quero fazer tudo o que estiver ao meu alcance para garantir que todos os alunos possam prosseguir seus estudos sem se preocupar com ameaças antissemitas, racistas ou cheias de ódio.”

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Mas o momento polarizado da política doméstica americana não ficou de fora dos debates. Segundo a agência AP, a deputada democrata Suzanne Bonamici, aproveitou para criticar os republicanos por seu foco no antissemitismo nos distritos escolares liberais, ignorando declarações do provável candidato à presidência Donald Trump.

Ela citou o exemplo mais recente do uso da linguagem da Alemanha nazista pelo ex-presidente em sua retórica, quando Trump disse a doadores republicanos em seu resort na Flórida no fim de semana passado que o presidente Joe Biden está comandando um “governo da Gestapo”. “Se meus colegas se preocupassem com o antissemitismo, condenariam e denunciariam esses comentários do líder de seu partido”, disse Bonamici em seu discurso.

Mas o republicano Burgess Owens, deputado por de Utah, continuou a questionar os resultados das campanhas educacionais citados pelos administradores. “Estou ouvindo palavras legais, palavras muito legais aqui: ensinar, redirecionar, dirigir”, disse Owens. O que falta é disciplina e falta a palavra ‘demitido’.”