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Nas vésperas da COP29, no Azerbaijão, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que o mundo ainda subestima os riscos de um colapso climático catastrófico e do colapso dos ecossistemas. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Guterres destacou que a temperatura global está a caminho de ultrapassar 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais nos próximos anos, o que pode levar a pontos de inflexão irreversíveis, como o colapso da floresta amazônica e da camada de gelo da Groenlândia.
Guterres enfatizou que os governos não estão realizando os cortes profundos nas emissões de gases de efeito estufa necessários para limitar o aquecimento a níveis seguros. Com incêndios florestais, secas e eventos climáticos extremos já devastando partes do planeta, novas pesquisas levantam preocupações sobre a estabilidade dos sumidouros de carbono naturais, fundamentais para os esforços de descarbonização. Em 2023, durante o ano mais quente já registrado, florestas, plantas e solos absorveram quase nenhum carbono, indicando que a resiliência dos sistemas da Terra está começando a falhar.
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O secretário-geral pediu uma maior coordenação nas crises ambientais interligadas do século XXI, ressaltando que não é possível combater o aquecimento global sem agir também contra a perda da biodiversidade, que protege florestas e outros sumidouros de carbono naturais. “O risco desses pontos de inflexão acelerarem a mudança climática deve ser levado muito a sério”, afirmou Guterres, citando a possibilidade de a floresta amazônica se tornar uma savana irreversivelmente.
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Nos próximos dias, governos se reunirão ao redor do Mar Cáspio, em Baku, Azerbaijão, para discutir como aumentar o financiamento para adaptação e mitigação climática. Espera-se que as negociações sejam tensas, especialmente em relação a um novo alvo financeiro que substituirá o compromisso de $100 bilhões que expira no próximo ano. As discussões também abordarão quais países ajudarão a fornecer os trilhões de dólares necessários para descarbonizar a economia global, com pressão sobre estados petrolíferos como os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita.
Guterres destacou a importância de uma ação decisiva para eliminar completamente os combustíveis fósseis, afirmando que até 2030, as emissões deveriam ser reduzidas em 9% ao ano. “Infelizmente, no ano passado, houve um crescimento de 1,3%, o que significa que corremos o risco de ultrapassar não apenas 1,5°C, mas eventualmente 2°C”, alertou. Ele acredita que limitar o aquecimento global a 1,5°C ainda é possível, mas que a vontade política é crucial para evitar que os pontos de inflexão se tornem irreversíveis.
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