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Considerado o vilão das finanças, por mau uso do consumidor, o cartão de crédito ainda tem espaço para crescer no Brasil. Esse cenário otimista se mantém, mesmo diante da alta inadimplência ainda enfrentada pela maioria das famílias.
A possibilidade da ampliação de limite do cartão de crédito é ventilada em estudo da Serasa Experian, datatech especializada em soluções de inteligência para análise de riscos e oportunidades, que compartilhou os resultados da pesquisa sobre o assunto com exclusividade ao InfoMoney.
A metodologia da pesquisa está estruturada na coleta de dados dos clientes de quatro instituições financeiras do Brasil, cujos nomes não foram divulgados. Os quatro bancos utilizam a solução de inteligência analítica da Serasa, que diz ter analisado ao menos 4,5 milhões de CPFs.
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Segundo a Serasa, foi possível verificar que existe espaço para ampliação do limite em 27% dos cartões de clientes das quatro instituições financeiras analisadas. Em valores, o montante atual do limite do cartão de crédito, de R$ 4,9 bilhões, teria potencial de aumento de 67%, um incremento de R$ 3,1 bilhões, atingindo R$ 8 bilhões em crédito concedido em cartões de crédito no total.
Para a avaliação desse grupo de clientes, a Serasa utilizou o Score, uma pontuação que indica as chances de o consumidor pagar as contas em dia nos próximos seis meses. Quanto mais próximo de 1.000 pontos, mais esse cliente é entendido como um bom pagador, e quanto mais distante dos 1.000 pontos, maior é a possibilidade de inadimplência.
O score médio dos CPFs que poderiam ter o cartão de crédito elevado foi de 798 pontos, um patamar considerado “muito bom” na classificação da Serasa – que indica que o cliente tem bom comportamento de crédito no mercado.
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Crédito reduzido
Se existe potencial para aumento de limite dos cartões de crédito de uma parcela dos clientes, do outro lado, o limite de um outro grupo deve ser reduzido devido ao potencial risco de inadimplência.
Segundo a Serasa Experian, 14% dos CPFs analisados tem um score médio de 366 pontos, considerado “regular”. Para esse grupo, o ideal seria reduzir em 33% o limite do cartão de crédito. O montante total concedido sairia de R$ 1,5 bilhão para R$ 1 bilhão, evitando uma possível perda de R$ 500 milhões, de acordo com a datatech.
A datatech explica que o grupo que deveria ter o crédito reduzido é composto por clientes que apresentam comportamento ruim de crédito no mercado, com pagamentos em atraso ou em aberto, além de alta probabilidade de inadimplência.
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Como usar o cartão de crédito?
A possibilidade de ampliação do limite do cartão de crédito é sempre um risco, sobretudo, se o consumidor se aventurar em dívidas que as instituições financeiras oferecem: o rotativo do cartão de crédito, agora limitado a 100% do débito – que é acionado quando o cliente não consegue pagar a fatura integral.
A Serasa Experian explica que o limite do cartão de crédito não deve ser o que a instituição financeira determinou para o cliente, mas o que ele pode pagar de acordo com o seu orçamento. Se o limite concedido for superior à sua capacidade, ele deve entrar em contato com o banco e pedir a redução.
“Na medida em que o consumidor mostra ser um bom pagador, honrando seus compromissos em dia, é comum que os bancos aumentem o limite de crédito concedido a ele. Cabe ao consumidor ir até o aplicativo (do banco) e reduzir o limite para adequá-lo ao que é factível à renda dele”, acentua Paula Bazzo, especialista da Planejar (Associação Brasileira do Planejamento Financeiro).
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Para a Serasa, o ideal é limitar os gastos com cartão de crédito a 30% da renda mensal do consumidor. “As famílias brasileiras já têm cerca de 30% da renda comprometida com habitação. Além disso, é preciso incluir outros gastos essenciais, como alimentação, saúde, transporte e, dentro do possível, um planejamento de longevidade. Então, o limite sugerido pela Serasa, ajuda a família a não agir de forma leviana com suas próprias finanças”, completa Bazzo.
Contudo, a especialista pondera que o cartão de crédito pode ser um viabilizador de sonhos, como o meio de pagamento de viagem ou para aquisição de um bem durável, como uma geladeira, que representam gastos mais elevados e que exigem um limite de crédito maior que 30% da renda.
“O correto é sempre guardar um pouco de dinheiro todos os meses até conseguir realizar uma compra. Mas o comportamento geral do brasileiro não é esse. Na verdade, o consumidor usa o crédito contando com a renda no futuro. Nessas situações, é preciso ficar atento ao valor das parcelas, para que elas não saiam do controle e acabem consumindo proporções exorbitantes da renda da família”, ensina a especialista da Planejar.
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