Vai viajar e está assustado com as cotações do dólar? Veja o tipo certo para você

Possível erro no Google e cotações de diferentes tipos de dólar confundiram os brasileiros nesta quarta-feira (6)

Maria Luiza Dourado

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Após a reeleição de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, esta quarta-feira (6) amanheceu no Brasil com uma chuva de cotações do dólar. O Google mostrava, logo pela manhã, que a moeda americana estava valendo mais de R$ 6, enquanto outras plataformas apontavam uma cotação inicial de R$ 5,86, confundindo quem não sabe que existem tipos diferentes de dólar e suas respectivas aplicações.

Em posicionamento enviado ao InfoMoney, o Google declarou que “recursos da Busca, como o ‘câmbio de moeda’, são baseados em dados de terceiros” e que, em caso de imprecisões “remove as informações da Busca e trabalha com o provedor dos dados para ajustá-las o mais breve possível”. Segundo especialistas, a plataforma normalmente mostra o dólar comercial, que não chegou aos patamares apresentados pelo Google durante a manhã – o maior sendo R$ 6,19.

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No geral, saber a cotação precisa da moeda é um trabalho mais complexo do que parece, devido a um delay de 15 minutos entre o preço mostrado na ferramenta de busca e o preço real do dólar comercial. “Para saber realmente a cotação da moeda, é preciso ligar para várias mesas de corretoras para perguntar o dólar à vista, o que não é um trabalho simples, nem tão facilmente divulgado”, explica Luiz Arthur Fioreze, diretor de Gestão de Fundos da Oryx Capital.

Apesar do erro do Google, a moeda americana amanheceu nas alturas frente ao real e, para esclarecer qual cotação deve ser observada em determinada situação, o InfoMoney conversou com especialistas que explicaram a diferença entre os tipos mais comuns usados por pessoas físicas e trouxeram as cotações desse pós-eleições nos EUA. Confira abaixo:

Dólar comercial

O dólar comercial é o utilizado por empresas exportadoras e importadoras, pelo governo quando manda ou recebe dinheiro do exterior, e por brasileiros que moram no exterior e precisam realizar algum empréstimo em uma instituição financeira brasileira.

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É este o dólar que deve ser observado por quem vai sair do Brasil para uma viagem ou intercâmbio e vai usar contas internacionais, como a Wise. “A conta internacional usa câmbio comercial, mais spread e mais 1,10% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras)”, explica Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas.

Perto das 14h desta quarta, o dólar comercial operava a R$ 5,70. A máxima do dia foi de R$ 5,86.

Dólar turismo

Já o dólar turismo é mais conhecido pelo público em geral, por ser mais usado por pessoas físicas e pela presença nas casas de câmbio, servindo como referência para o preço das passagens e pacotes turísticos no exterior.

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“Para uma pessoa que planeja viajar, o dólar turismo é o valor que ela encontrará ao comprar dólares diretamente, seja em casas de câmbio ou bancos”, explica Luiz Arthur Fioreze.

Enquanto isso, perto das 14h, o dólar turismo era negociado em torno de R$ 5,79, após chegar a R$ 6,08.

Por que eles são diferentes?

Quem já comprou dólares para viajar sabe que o dólar turismo é mais caro do que o dólar comercial. Uma das razões para isso é o fato de que este último movimenta volumes maiores, pois é utilizado por governos, empresas e instituições financeiras.

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Por outro lado, quem utiliza o dólar turismo são pessoas físicas e, por isso, essas transações atingem volumes bem menores. Dessa forma, os custos administrativos se diluem menos, e isso encarece o dólar turismo em relação ao dólar comercial. Além disso, há custos com logística, transporte e segurança da moeda física, o que também é considerado na formação do preço do dólar turismo.

“Em resumo, o dólar comercial atende, principalmente, às necessidades de transações de empresas e tende a ser mais baixo devido a menores margens e à ausência de taxas de turismo. Já o dólar turismo aplica-se a transações de menor escala, como as de pessoas físicas viajando para o exterior, e, por isso, incorpora taxas adicionais, sendo menos vantajoso para o consumidor individual”, diz Fioreze.

Dólar à vista

Existe também o dólar à vista, que é a moeda utilizada por empresas que estão fechando uma negociação entre si. Normalmente, o negócio é fechado por algum canal como internet ou telefone, e a transação é registrada na bolsa de valores pelo valor da moeda corrente no momento.

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“Ele é definido nas mesas de câmbio, em que instituições financeiras e bancos realizam negociações diretas, estabelecendo o preço da moeda com base nas ofertas de compra e venda em tempo real. A taxa do dólar à vista representa o câmbio para liquidação imediata, geralmente em D+0 (mesmo dia) ou D+1 (um dia útil após a negociação). Esse valor reflete o preço da moeda americana em operações efetivas de mercado e serve de base para outras cotações e derivativos financeiros”, afirma Fioreze.

Comercial x à vista

Em resumo, o dólar à vista é o valor real negociado no mercado cambial e definido em tempo real nas mesas de câmbio, enquanto o dólar comercial é o valor mais divulgado, pois serve de referência para o mercado e para o público em geral.

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Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.