Vai pedir demissão? Veja o que fazer para não se arrepender

Pedir demissão tem implicações financeiras e para a carreira, e deve ser tomada com cautela para evitar arrependimentos, dizem especialistas consultados

Gilmara Santos

(iStock / Getty Images)
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Mais brasileiros estão pedindo demissão, acompanhando tendência que já ocorreu em outros países. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), compilados pela LCA Consultores, mostram que foram 6.325.113 pedidos de demissão, de trabalhadores com carteira assinada, entre junho de 2021 e junho de 2022 — mais que os 6.175.088 acumulados até maio.

A decisão de pedir demissão tem implicações financeiras e para a carreira, por isso, dizem os especialistas, deve ser tomada com cautela para evitar arrependimentos.

Nos Estados Unidos, num fenômeno que ficou conhecido como a ‘Grande Renúncia’, cerca de 20 milhões de trabalhadores deixaram seus empregos nos primeiros cinco meses de 2020. A estimativa agora é que 25% deles estão repensando a decisão e falam em voltar ao mercado de trabalho.

Segundo Wilma Dal Col, diretora do ManpowerGroup, empresa de soluções em recursos humanos, para evitar arrependimento, o primeiro passo é definir se a decisão em se desligar da empresa pondera todos os fatos ou é um ato impulsivo. “A pergunta que o profissional deve fazer a si mesmo é: ‘não vejo possibilidade considerando os próximos 2 anos ou é uma decisão tomada baseada na insatisfação do momento?’”, ensina Wilma. “Depois de feita essa reflexão e ponderação, qualquer outra ação será mais clara, consciente e planejada”, diz.

Se você chegou à conclusão que é hora de sair do emprego, então, comece a fazer um bom planejamento. Reinaldo Domingos, presidente da Abefin (Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira) e da DSOP Educação Financeira, afirma que é importante saber o tamanho da reserva financeira e quanto tempo ela é capaz de manter o padrão de vida sem o salário. “O trabalhador tem que considerar os benefícios que ele tem na empresa, como plano de saúde, seguro de vida, previdência, etc”, recomenda.

Olhar as prestações que tem, dívida no cartão de crédito, mensalidade escolar, assinaturas recorrentes mensais, como TV a cabo e internet. Tudo tem que ir para a ponta do lápis “Tem que saber todas as despesas para entender qual é a sua reserva e o tempo que vai ter caso precise voltar ao mercado de trabalho para manter as finanças em dia”, diz.

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Empreendedorismo

Muitos trabalhadores optam por pedir demissão para montar o seu próprio negócio. De acordo com dados da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2021, a taxa de empreendedores estabelecidos teve um incremento de 1,2 ponto percentual e passou de 8,7% da população adulta, em 2020, para 9,9%, em 2021.

“Esse resultado reflete que parte dos empreendedores que abriram uma empresa nos últimos anos conseguiu sobreviver à pandemia, o que deve ser visto como um ponto positivo”, avalia o diretor superintendente do Sebrae-SP, Marco Vinholi.

Ele lembra que, no ano passado, o Brasil apresentou uma queda na taxa de empreendedorismo por necessidade e atingiu o terceiro patamar da série histórica, aponta a pesquisa, com cerca de 48,9% dos empreendedores iniciais abrindo um negócio nesta condição.

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“O empreendedorismo por oportunidade é o mais adequado para garantir a continuidade do negócio. Para isso, é necessário que antes de empreender, o trabalhador faça um bom planejamento”, ensina. Para ele, áreas ligadas à inovação podem ser uma boa opção.

O que observar antes de sair do emprego

Veja seis recomendações antes de tomar a decisão de pedir desligamento da empresa:

Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC