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O mercado de veículos eletrificados (que considera os modelos híbridos e 100% elétricos) vem conquistando espaço no Brasil. De janeiro a junho deste ano foram emplacados 32.239 automóveis do tipo, um crescimento de 58% em relação ao primeiro semestre de 2022 (20.427).
O volume se aproxima das vendas registradas em todo o ano de 2021 (34.990), segundo levantamento da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) e indicam ainda o melhor semestre da série histórica da associação.
Só em junho foram 6.225 emplacamentos – 53% acima do mesmo mês de 2022 (4.073). Foi o melhor mês de junho e o terceiro melhor mês de toda a série histórica, só superado por maio de 2023 (6.435) e setembro de 2022 (6.391). Com isso, a frota total de veículos leves eletrificados no Brasil chegou a 158.678 unidades, de janeiro de 2012 a junho de 2023.
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Este mercado deve seguir crescendo. A fábrica chinesa BYD, por exemplo, anunciou no início de julho a intenção de investir R$ 3 bilhões para produzir carros elétricos na Bahia.
Um estudo recente da Allianz Partners, empresa global de seguros e serviços de assistência, aponta que três em cada cinco (60%) usuários entrevistados em 10 mercados diferentes demonstram intenção de compra de um veículo elétrico ou híbrido como sua próxima aquisição. A tendência se torna ainda mais acentuada entre as famílias mais jovens: 75% das pessoas na faixa etária dos 26-40 anos com filhos tendem a querer um veículo elétrico ou híbrido na sua próxima compra.
Embora as formas de transporte mais ecológicas se tornem a opção preferida de um maior número de pessoas, o relatório também salienta a necessidade de uma política arrojada, de um maior investimento em infraestruturas e de inovações para conseguir uma adoção em grande escala.
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Além disso, apesar da existência hoje de mais veículos elétricos no mercado – havia 450 modelos disponíveis em 2021, o dobro do número disponível em 2018 – o relatório destaca as barreiras que contribuem para a lenta adoção destes veículos, apesar da elevada procura.
A falta de infraestrutura para pontos de recarga é um problema significativo, mesmo que o relatório também assinale o potencial de uma revolução liderada pela Inteligência Artificial na tecnologia das baterias que transformaria a autonomia e a velocidade de carregamento.
O estudo está em linha com a expectativa da ABVE, que hoje estima em 13,5% a participação dos veículos eletrificados em toda a frota automotiva brasileira e espera chegar a 30% em 2030, conta Márcio Severine, diretor de Infraestrututura e membro do Conselho Diretor da associação.
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O que setor de seguros oferece hoje?
Na avaliação de Severine, o mercado segurador vem aos poucos se adequando aos modelos de veículos eletrificados, o que inclui oferecer as mesmas coberturas já disponibilizadas aos veículos movidos a combustão, mas também desenvolver novos serviços e coberturas específicas.
Em termos de preço, ele diz não ver muita diferença. “Falando especificamente em custo de seguros, o percentual cobrado equivale aos veículos a combustão, girando em torno de 4% a 8% [do valor do veículo], dependendo da seguradora, das condições, e muitas vezes até um pouco menor, entre 2,5% e 3% do preço do bem”, aponta.
Atualmente, para adquirir um veículo elétrico novo, o brasileiro vai desembolsar algo em torno de R$ 150 mil no modelo mais barato.
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De acordo com as seguradoras consultadas pela reportagem, entre as proteções específicas estão:
- coberturas para cabos de carregamento;
- auxílio em casos de faltas de bateria ou carga, com guinchos levando o usuário até o ponto de recarga mais próximo;
- oficinas especializadas.
“As coberturas de veículos elétricos abrangem, além da cobertura dos cabos de carregamento, coberturas tradicionais como colisão, roubo ou furto do veículo, terceiros e App. Além disso, socorro especializado para veículos elétricos e oficinas especializadas são essenciais em um momento de pane elétrica ou em um possível sinistro”, informa a Porto. Segundo a companhia, a colisão é o principal sinistro para veículos elétricos, o que exige uma mão de obra especializada e equipamentos especiais para o reparo.
O diferencial entre as coberturas disponibilizadas para os veículos eletrificados e os carros movidos a combustão interna está na cobertura do cabo de carregamento e wallbox (tecnologia que otimiza o carregamento ao transmitir energia elétrica com maior potência disponível que as tomadas domésticas convencionais), no caso do seguro residencial.
No caso da Zurich, que viu as cotações para os modelos eletrificados subirem mesma proporção que o segmento (41 % em relação ao 1º semestre de 2022), as coberturas contratadas são bem similares aos veículos convencionais. Contudo, por terem características técnicas diferentes – como baterias de alta voltagem e sistemas de propulsão elétrica complexos – há um reflexo na avaliação do risco, o que pode impactar no custo do seguro para o consumidor.
“É preciso levar em consideração a disponibilidade de peças, especialização técnica para reparos, riscos relacionados às baterias e a infraestrutura de recarga ao determinar o prêmio do seguro [valor pago pelo cliente à seguradora para ter o bem segurado]”, analisa João Merlin, superintendente de Automóvel da Seguradora Zurich.
Veja também episódio do “Tá Seguro?”:
Pontos de atenção
Merlin ressalta outros pontos de atenção: a manutenção e os reparos especializados devido à tecnologia, além de eventuais roubos de baterias. “É importante lembrar que a frequência e a gravidade dos sinistros [quando ocorre o risco previsto em contrato e gera a indenização] podem variar de acordo com diversos fatores, como o perfil do condutor, localização geográfica e características do veículo, pontua o executivo.
Sobre a questão de reparos e manutenção, Márcio Severine, da ABVE, ressalta que um ponto atualmente discutido com as seguradoras são os casos de acidentes com danos à bateria que são classificados como perda total. “Muitas vezes, qualquer acidente que danifica a bateria, tem levado [as seguradoras] a dar perda total do veículo. Esse é um ponto crítico que está afetando no custo do seguro”, diz.
Esse custo, continua Severine, acaba sendo diluído entre todos os segurados, não só entre aqueles que tenham carro eletrificado. “O custo da bateria é bastante elevado, de 50% a 60% do valor do veículo, então danificando a bateria você acaba tendo que fazer uma perda total no veículo”, explica.
Apesar da existência de fabricantes como a Tesla, que projetou veículos com a bateria alocada na estrutura do automóvel, impossibilitando o reparo, já há um movimento de montadoras reduzindo os “pacotes de bateria”. Na prática, facilita o reparo, uma vez que não há a necessidade de “dar perda total na bateria”, mas apenas substituir a parte danificada por outro pacote que seja novo. “Com isso você reduz o custo da bateria, o que vai impactar na conta do seguro”, prossegue o diretor da ABVE.
Ele relata que outro ponto que está sendo discutido com as montadoras é a “abertura de informação das baterias” para as oficinas independentes (não atreladas aos fabricantes) para que elas possam fazer diagnósticos mais eficientes e, consequentemente, o conserto do equipamento, se for viável. “Isso evita a troca total de uma bateria e reduz a quantidade de baterias trocadas sem necessidade que hoje acaba ocorrendo, por falta de informação”, complementa.
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