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SÃO PAULO – O incêndio de grandes proporções que destruiu boa parte do Museu Nacional no último domingo (2) foi literalmente uma tragédia anunciada. Em 2004, o então secretário estadual de Energia, Indústria Naval e Petróleo no RJ Wagner Victer visitou o local e disse, sem meias palavras: “o museu vai pegar fogo”.
Victer, engenheiro por formação e atual secretário de Educação do estado, disse isso em entrevista à Agência Brasil após uma visita pessoal em que constatou “várias irregularidades”. Ele disse que as instalações elétricas estavam em estado deplorável. “São fiações expostas, mal conservadas, alas com infiltrações, uma situação de total irresponsabilidade com o patrimônio histórico”, afirmou.
Nesta segunda-feira, após o incêndio, Victer deu outra entrevista, ao G1, dizendo estar “profundamente triste e indignado” por sua previsão ter sido ignorada.
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Quando constatou o problema, Victer disse que iria levar as informações ao Conselho Estadual de Cultura, para que medidas “urgentes” fossem tomadas. Na época, há 14 anos, ele já defendia um esforço concentrado do governo federal e a liberação de verbas significativas para evitar que o museu fosse destruído.
Também naquela ocasião, o então diretor do museu, Sérgio Alex Azevedo, disse que a crise já durava 40 anos e se agravara nos anos 1980 por “descaso e demora para liberação de verbas. Ele disse que um laudo foi encaminhado em 2003 aos Ministérios da Educação, da Cultura e de Ciência e Tecnologia, que na época prometeram uma verba de R$ 40 milhões para uma reforma no prédio.
Museu Nacional
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O museu é a mais antiga instituição histórica do país, pois foi fundado por dom João VI em 1818. É vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com perfil acadêmico e científico. Tem nota elevada nos institutos de pesquisa por reunir peças raras, como esqueletos de animais pré-históricos e múmias.
Oficialmente, o Corpo de Bombeiros informou que não há ainda dados sobre as causas do incêndio. No domingo (2), funcionários do museu relataram problemas na obtenção de água, pois dois hidrantes não funcionaram no momento em que os bombeiros estavam no local.
Como o museu está em uma colina, no parque nacional, há uma série de limitações para o fornecimento de água. Os bombeiros confirmaram que o abastecimento de água foi feito por carros-pipa, cedidos pela companhia de água e esgoto do Rio de Janeiro.
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Acervo
O Museu Nacional do Rio reunia um acervo de mais de 20 milhões de itens dos mais variados temas, coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia e arqueologia. No local, estava a maior coleção de múmias egípcias das Américas.
No local, também estava Luzia, o mais antigo fóssil humano encontrado nas Américas, que remete a 12 mil anos, e representa uma jovem de 20 a 24 anos. Havia ainda no acervo o esqueleto do Maxakalisaurus topai, maior dinossauro encontrado no Brasil.
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História
O local foi sede da primeira Assembleia Constituinte Republicana de 1889 a 1891, antes de ser destinado ao uso do museu, em 1892. O edifício é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O Museu Nacional do Rio oferece cursos de extensão e pós-graduação em várias áreas de conhecimento. Para esta semana, era esperado um debate sobre a independência do país. No próximo mês, estava previsto o IV Simpósio Brasileiro de Paleontoinvertebrados no local.
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Com Agência Brasil