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Para várias seguradoras que comercializam seguro para celular, o novo programa do governo que bloqueia aparelhos roubados pode facilitar a vida dos consumidores que têm essa proteção em vários aspectos — desde agilizar a reposição do aparelho até reduzir o preço das coberturas.
Contudo, fontes do mercado avaliam que, para esse último benefício virar realidade, é preciso que haja adesão em massa da população ao programa do governo. Segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública, mais de 700 mil pessoas acessaram o aplicativo por meio da plataforma gov.br e, destas, pouco mais de 513 mil registraram os números das linhas de telefone que gostariam de bloquear remotamente. Uma semana após ser lançado, ainda de acordo com o ministério, foram bloqueados quase 4 mil aparelhos roubados, furtados, perdidos ou extraviados.
“A recente iniciativa do ‘Celular Seguro‘ é extremamente benéfica, pois agiliza o bloqueio do aparelho e deve desestimular a ação de criminosos. Entretanto, quando se trata de segurança, quanto mais camadas de proteção, melhor. O seguro celular continua desempenhando um papel fundamental para resguardar o usuário em caso de perdas financeiras e possibilitar o rápido acesso a um novo smartphone, que é um item indispensável no dia a dia”, comenta Cláudio Miranda, diretor de Seguros da PicPay.
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Na avaliação de Marcel Dorf, diretor-executivo Comercial, Marketing e Digital da seguradora BNP Paribas Cardif, o projeto é necessário aos brasileiros devido ao alto índice de roubos e furtos de aparelhos eletrônicos no país. Na carteira da seguradora, o seguro de “Roubo, Furto e Quebra Acidental de Portáteis” está entre os cinco mais relevantes, conta.
“Somos favoráveis a qualquer iniciativa que diminua a violência no país. Se a plataforma que o governo lançou for eficaz e levar à diminuição da frequência de sinistros [ocorrência do risco previsto no contrato de seguro] para roubo e furto de celulares, o cliente poderá ser beneficiado, pois pagará cada vez menos por essa cobertura. Além disso, a partir do momento que temos opções que solucionem esse risco, as seguradoras trabalharão em projetos para atender as novas necessidades e trarão outras opções de seguros com mais valor agregado aos clientes”, observa.
Quais coberturas podem ser impactadas?
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Dorf entende que deverá ter pouco impacto na cobertura para roubo e furto dos celulares, já que é um produto que costuma ter uma “abrangência mais ampla”, inclusive por, muitas vezes, estar atrelada à cobertura de quebra acidental.
Por outro lado, o executivo da BNP Paribas Cardif indica que poderia ter “menos incidência” em relação ao seguro “Cartão e Conta Protegida”, que tem como uma das coberturas as transações bancárias via aplicativo após perda, roubo ou furto do dispositivo móvel — incluindo o Pix.
“Mas o produto como um todo ainda se mantém muito necessário por proteger o cliente caso ele seja coagido a realizar transações, crime que, infelizmente, também é muito comum no Brasil. É difícil falar em redução ou aumento de valores em um cenário ainda hipotético”, sinaliza Dorf.
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Marco Garutti, CIO da seguradora Pitzi, concorda que é difícil prever os impactos totais. Para ele, o principal benefício do programa do governo é facilitar ao consumidor a comunicação do roubo a todas as instituições com as quais ele faz algum tipo de transação via celular — dos bancos aos aplicativos de delivery. Isso porque passará a unificar esse processo conforme a adesão das empresas à iniciativa.
De acordo com Garutti, de fato, o sistema de bloqueio dos aparelhos não anula a necessidade de reposição do bem subtraído. Para esses casos, ele entende que o seguro permanece vantajoso ao consumidor, uma vez que é um item que costuma ser comprado parcelado. “Se for roubado, vai ter que continuar pagando as parcelas. Quando devolvemos um telefone para o cliente que foi roubado, ele recebe um zerado”, pontua.
O ‘Celular Seguro’ poderá, na verdade, agilizar principalmente essa reposição do aparelho, que ocorre a partir do acionamento do seguro pelo segurado. Isso porque, segundo o executivo da Pitzi, só o protocolo gerado pelo sistema ao cidadão que emite o alerta de roubo, furto, perda ou extravio já serve como comprovante para a seguradora, eliminando a necessidade de fazer um B.O. (boletim de ocorrência) em uma delegacia, por exemplo.
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Outro ponto positivo é a padronização da comunicação, já que a secretaria de segurança de cada estado tem um modelo próprio e o protocolo do sistema federal tem um único formato. “O protocolo é um documento válido e substitui qualquer outra documentação para comprovar porque, através dele, conseguimos saber que o aparelho já está bloqueado e, com o mesmo protocolo, conseguimos fazer a reclamação à operadora”, diz.
Para facilitar esse processo, ele informa ainda que a Pitzi “já está fazendo modificações” nas cláusulas das apólices (contrato de aquisição do seguro) para incluir que o protocolo do sistema do governo seja uma identificação válida — mesmo sem ter ainda nenhum acionamento de seguro por clientes que tenham instalado o aplicativo. “Pode acelerar a regulação de sinistro em pelo menos um ou dois dias. Mas tem que ser uma adesão massificada ao programa. Não adianta ser uma ferramenta boa e não ter adesão”, pondera.
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