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Silo explode no Paraná, mata 9 trabalhadores e fere 11: como o seguro é usado nesse tipo de acidente?

Apólices aliviam peso financeiro de danos e óbitos, mas exigem itens de gerenciamento de riscos

Gilmara Santos

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A explosão recente de um silo, no Paraná, chamou a atenção pela força da destruição, que causou a morte de nove trabalhadores, dos quais 8 haitianos e 1 brasileiro, e deixou outros 11 feridos.

O acidente foi registrado na Cooperativa Agroindustrial C.Vale, em 26 de julho, mas só cinco dias depois, 31 de julho, a equipe de resgate do Corpo de Bombeiros localizou o corpo da última vítima desaparecida.

Ainda não se sabe a causa do acidente, mas a “nuvem de poeira” gerada pelos grãos, especialmente milho, que era um dos produtos armazenados no local, pode ter contribuído para a explosão. Ao todo, os silos armazenavam 12 mil toneladas de soja e outras 40 mil toneladas de milho.

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“Provavelmente é uma explosão por pó. É um ambiente confinado e extremamente perigoso. Existem partículas de pó que, em suspensão no ar, tornam-se combustíveis. Nesse ambiente, qualquer fagulha pode gerar uma explosão”, explicou o capitão Guilherme Rodrigues, do Corpo de Bombeiros. Ainda segundo Rodrigues, 4 armazéns do local ficaram com as estruturas colapsadas após a explosão.

Em meio à tragédia, o seguro pode ser importante no alívio ao peso financeiro gerado pelo acidente. A C.Vale informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que a estrutura possuía seguro contra sinistros e para terceiros.

“O pagamento das indenizações às vítimas vai seguir o previsto nas apólices de seguro. Os trabalhadores haitianos também possuíam seguro de vida, mas via Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral, da cidade de Toledo”, disse, por nota, a empresa.

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Dois ramos dentro do seguro rural podem ter os silos como item segurado:

A Susep (Superintendência de Seguros Privados) não possui dados exclusivamente relacionados a seguros de silos, mas seguros de benfeitorias e produtos agropecuários, ramo em que as estruturas de armazenagem de grãos estão incluídas, movimentaram cerca de R$ 600 milhões em prêmios (valor pago pelo segurado) entre janeiro e maio deste ano. No caso do seguro penhor rural, quando os bens são dados em garantias para operações de crédito rural, foram cerca de R$ 1,1 bilhão no mesmo período.

Fabio Tomain, diretor comercial da Oxen Seguros, explica que a proteção securitária para silos é contratada nas carteiras de seguros patrimoniais, multirrisco rural ou penhor rural/benfeitorias.

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Tomain comenta que, como é uma atividade complexa, as seguradoras exigem vários itens de gerenciamento de risco para aceitação, como:

Além disso, o produto é contratado a risco relativo, ou seja, em caso de sinistro (acontecimento inesperado que está coberto conforme a apólice) decorrente da cobertura básica, a seguradora pode aplicar cláusula de rateio caso o valor em risco declarado pelo segurado no ato da contratação for diferente do valor em risco apurado no dia do sinistro.

“É diferente do seguro de veículo, que se paga pelo valor da tabela Fipe e recebe a indenização pela Fipe. Neste seguro, na hipótese de ocorrência do sinistro garantido por estas coberturas, a seguradora apurará o valor real dos bens (VRA) no dia e local do sinistro e, caso seja inferior a 80% do VRA, o segurado participará dos prejuízos proporcionalmente”, alerta.

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Como funciona a cobertura?

A cobertura vai depender do programa de seguro desenhado pelo corretor de seguros, diz Fabio Tomain. “Mas, geralmente, se for uma apólice bem contratada, cobre toda estrutura de construção civil, equipamentos, móveis, utensílios, as mercadorias e os grãos”.

O especialista chama a atenção para o produtor rural ficar atento sobre apólices que deixam claro a cobertura para os grãos armazenados, fato muito comum e que, caso um acidente ocorra, trará muitos prejuízos de ordem financeira ao negócio.

As coberturas mais procuradas são:

Riscos

Mesmo aqueles que investem em infraestrutura e conseguem armazenar suas produções corretamente também enfrentam riscos, conforme destaca a jornalista Denise Bueno no blog Sonho Seguro. A ocorrência de intempéries, como chuvas excessivas, vendavais e queda de raios, pode prejudicar a estrutura de silos e armazéns.

“O silo ou armazém representam o ‘cofre’ do dinheiro do produtor. Tudo que ele produziu depende disso. Então é importante contratar um seguro para manter a estabilidade e a integridade desse ‘cofre’ que é a benfeitoria para armazenagem”, afirma Fabio Damasceno, diretor de agronegócios da FF Seguros.

Principais sinistros 

Longe do ideal

O Brasil é uma potência mundial na produção de grãos, mas padece com problemas de armazenagem da produção. De acordo com a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), a capacidade estática estimada de armazenagem de grãos do país em 2021 era de 176 milhões de toneladas para uma produção de 254 milhões de toneladas, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) — um déficit de 78 milhões de toneladas.

No ano passado, houve aumento da capacidade de armazenamento de grãos para 188 milhões de toneladas. No entanto, houve também expansão na safra no mesmo ano, para 271 milhões de toneladas, o que resultou em aumento no déficit de armazenagem de grãos para 83 milhões de toneladas.

No país, apenas 15,3% do total de armazéns estão estrategicamente acomodados em fazendas visando a redução de perdas e a manutenção da qualidade dos produtos. Os Estados Unidos possuem 66% da capacidade estática de armazenagem de grãos dentro das fazendas.

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Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC