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Seguro auto custa até 60% menos para mulheres no país; entenda os motivos

Sexo do condutor não define o preço do serviço, mas as mulheres costumam ser mais cuidadosas e, por isso, pagam menos

Gilmara Santos

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Mulher no volante, perigo constante? Essa frase tão démodé, mais ainda em uso por alguns homens, para definir as mulheres quando estão dirigindo não encontra aderência entre as seguradoras. Embora não seja o sexo do condutor quem define o preço do seguro, as mulheres costumam ser mais cuidadosas e, por isso, têm sinistralidade menor. O resultado é que o seguro auto para elas custa até 60% menos do que para eles.

Veja o exemplo do Novo Polo Comfortline, modelo mais vendido em outubro, de acordo com levantamento da Minuto Seguro, a partir de dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

No perfil masculino, o modelo atinge o valor médio do seguro de R$ 3.285,70 contra o preço médio de R$ 2.062,86 no modelo feminino. Diferença de 59,31%.

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Emir Zanatto, CEO da TEx, explica que a taxa oferecida pela seguradora é a precificação do risco que a combinação de características do segurado proporciona. Ou seja: a probabilidade do perfil se envolver em sinistros (ocorrência do evento danoso previsto na contratação do seguro).

“Historicamente, as chances de sinistralidade são maiores, em média, com homens do que com mulheres, tendo em vista que eles se envolvem mais em colisões, geram danos maiores e optam mais por veículos com maiores probabilidades de roubo e furto, refletindo, assim, num preço médio mais elevado em comparação com o sexo feminino”, explica o executivo.

Eudes Meira, diretor de operações da Loovi, comenta que a cotação ou precificação do seguro é realizada com base em dados. De acordo com ele, é feito um cálculo que considera diversos dados de mercado, pesquisas e informações públicas disponibilizadas pela própria Susep (Superintendência de Seguros Privados).

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São analisadas as características do veículo, preço e as características do motorista. Esses elementos são determinantes na precificação. “Estatisticamente, as mulheres tendem a ser consideradas mais prudentes do que os homens. Isso se deve, em grande parte, à prudência característica das mulheres”, acentua Meira.

Essa prudência, diz ele, se reflete em colisões que resultam em danos menores, as quais correspondem a um valor consideravelmente mais baixo do que as causadas por homens, que geralmente envolvem alta velocidade ou imprudência, resultando em danos mais severos ao veículo.

“Esses dados são os que influenciam na determinação de preços mais altos para homens e mais atrativos para mulheres em termos de seguro”, enfatiza ao pontuar que a precificação do seguro se baseia em dados, sem julgamentos. “O sistema utiliza o histórico do motorista, como o bônus, para avaliar seu comportamento”, destaca.

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Vale lembrar que quando há sinistros, o segurado perde bônus; quando não, ele ganha bônus, que resultam em descontos. “Esses bônus são essenciais para precisar a cotação do cliente, indicando se é prudente ao volante. Quanto mais tempo sem incidentes, mais o preço se ajusta ao perfil do motorista, refletindo em menor risco para a seguradora”, comenta Meira.

Zanatto lembra ainda que no comparativo de idade do condutor, a probabilidade de ocorrência de sinistros é também historicamente maior em média com jovens, muito por conta da pouca experiência e comportamento na direção das pessoas mais novas, fazendo que o custo do seguro para essa faixa etária seja ainda mais alto. “Os seguros tendem a ser mais caros para pessoas mais jovens, consideradas mais imprudentes”, concorda Meira.

O que afetam os preços do seguro auto?

1° Classe de bônus
É a variável mais importante para determinar o valor do seguro de um automóvel, sendo categorizada em faixas que vão de 0 a 10. Esses valores são representados pela fidelidade e competência do segurado. Quanto mais renovações sem sinistro (a ocorrência do evento danoso previsto na contratação do seguro), maior será sua classe de bônus.

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2° CEP do condutor
A região geográfica por onde o carro transita tem grande importância na determinação do valor do seguro, podendo, por exemplo, encarecer em locais com maior risco de roubo e furto.

3° Valor do veículo
Veículos mais caros, geralmente, não são alvos de roubos e furtos. Isso acontece porque essas categorias têm um valor proporcionalmente menor no seguro.

4° Idade do veículo
Carros mais velhos, com maior quilometragem, têm maior custo de reparo e geralmente são mais roubados. Quanto mais velho o carro, mais caro é o seguro.

5° Idade do condutor
É um bom indicativo de experiência na condução de veículos. Em geral, quanto mais velho é o condutor, menor é o preço do seguro.

6° Fabricante do veículo
Cada fabricante opera de maneira distinta na produção dos veículos, e isso pode influenciar no preço do seguro. Um exemplo clássico é o custo de manutenção do veículo, que pode variar bastante conforme o fabricante.

7° Tipo de utilização do veículo
O uso particular é o mais comum, porém, atualmente há muitos casos de transporte por aplicativo, cuja a exposição ao risco e a tendência mais acelerada de desgaste do carro podem provocar uma elevação da tarifa de seguro.

Demanda em alta

A demanda do mercado brasileiro de seguros de automóveis registrou alta de 16,53% em outubro na comparação com o mesmo período do ano passado. Já em relação a setembro, a alta foi de 3,68%. Os dados são do INDS (Índice Neurotech de Demanda por Seguros).

O levantamento mostra ainda que a busca por seguros em relação à faixa etária mostrou que o maior interesse é do público com 60 anos ou mais, chegando a um crescimento de 21,83% em relação ao ano passado. Aqueles entre 18 a 25 anos são os que menos procuram, uma retração de 12,35%. Outras faixas registraram crescimentos: de 25 a 39 anos (+12,38%) e 40 a 59 anos (+18,75%)

“O recorte por idade mostra que a segurança por bens está atrelada à idade e à responsabilidade. Pessoas acima dos 25 anos tendem a buscar alternativas para que aquele bem tão sonhado não seja perdido”, destacou Daniel Gusson, head comercial de Seguros da Neurotech. “Outro ponto é que a faixa abaixo dos 25 anos costuma ter o seguro pago pelos pais, então, as outras faixas provavelmente pagam para si e para os filhos”, completou.

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Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC