Realidade na tríplice fronteira, Pix internacional tem dificuldades para se expandir

Conectar as operações financeiras entre diferentes países é desafio

Renata de Carvalho

Pix do BC (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
Pix do BC (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

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O processo de tokenização será o grande divisor de águas do mercado financeiro no futuro próximo. A afirmação é do diretor do Banco Central, Otávio Damaso, no Finance of Tomorrow (FOT), evento realizado no Rio de Janeiro.

Segundo o executivo, enquanto o BC avalia os próximos passos da regulação da tecnologia, os agentes têm procurado a instituição com mais projetos nesta área. Até lá, porém, a instituição e seus pares na América Latina seguem enfrentando dificuldades com a interoperabilidade dos sistemas, embora o Pix internacional já seja realidade na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai.

“Avançar em interoperabilidade é um desafio e funciona assim: quando as partes têm interesse, zero problema técnico. Quando não têm, todos os problemas técnicos aparecem”, disse, citando o exemplo do Pix com o Paraguai e a Argentina.

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“No Paraguai, estamos operando porque os bancos paraguaios e brasileiros se colocaram à disposição e hoje é possível comprar com Pix e, no fim do dia, o dinheiro é imediatamente transferido para o comércio local da fronteira”, confirmou Humberto Colmán, representante do Banco Central del Paraguay.

Problemas

O fato de as soluções serem encontradas não significa, porém, que não existam problemas. Na Colômbia, onde a maior instituição financeira tem 34 milhões de clientes, a plataforma cai quando o volume de depósitos atinge o ápice. Lá, uma plataforma desenvolvida pelos bancos tem ajudado na bancarização de populações mais remotas. O sistema financeiro tradicional, porém, não se comunica com as cooperativas e a população opera com múltiplas carteiras digitais, a ponto de 80% das transações serem feitas entre clientes da mesma entidade.

“Percebemos que fazer uma API comum não era muito fácil porque a Interoperabilidade é um desafio enorme. As pessoas têm diferentes carteiras digitais e as utilizam de acordo com a carteira do credor”, contou Andres Clavijo, assessor da Unidade de Regulação Financeira da Colômbia.

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“Conseguimos padronizar os QR Codes e estamos tentando ter agilidade na interoperabilidade com as telefônicas, que têm seu próprio sistema de pagamentos”, contou Colmán, do Banco Central do Paraguai.

As oportunidades com a tecnologia de tokenização, porém, seguem ambiciosas, acredita o diretor do BC brasileiro. Segundo Damaso, os projetos que são apresentados ao Banco Central chegam ainda no formato de powerpoint, mas mostram muitas possibilidades, como a atração de muitos ativos (não financeiros) para dentro do mercado financeiro. Não à toa, mais cedo, ele alertou: “Não adianta lutar contra a inovação. Ela arrebenta as portas”. 

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