Quer morar nos EUA? Veja o que caso Patrícia Lélis pode ensinar e evite ciladas

Brasileira é suspeita de se passar por advogada de imigração para se apropriar do dinheiro de estrangeiros

Maria Luiza Dourado

Cartão de residente permanente dos Estados Unidos (Getty Images)
Cartão de residente permanente dos Estados Unidos (Getty Images)

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O que o caso da brasileira Patrícia Lélis, acusada de se passar por advogada de imigração nos Estados Unidos e se apropriar de US$ 700 mil (R$ 3,41 milhões) de estrangeiros que tentam obter vistos para residir legalmente em território norte-americano, pode ensinar a quem deseja residir no país?

Segundo especialistas consultados pelo InfoMoney, a busca por licenças e referências de profissionais contratados para cuidar da sua imigração é imprescindível — e pode ser feita por você mesmo.

Para especialistas, o caso mostra claramente que quem está tentando imigrar para os Estados Unidos ou qualquer outro país não pode perder de vista sua responsabilidade na hora de escolher a assessoria jurídica que cuidará do processo.

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“Essa é uma decisão de vida. É mais do que um processo de imigração, é um processo de expatriação. Envolve família. Por isso não se pode economizar na cautela”, pontua Rodrigo Costa, CEO do escritório especializado em imigração para os Estados Unidos AG Immigration.

Para Vinícius Bicalho, advogado de imigração e licenciado nos Estados Unidos, Brasil e Portugal, a busca por credibilidade, referências e documentos que comprovem a habilitação do profissional especializado em imigração fica por conta do interessado.

O domínio pela assessoria da legislação norte-americana, ou do país de interesse, deve ser avaliado, a fim de evitar qualquer equívoco.

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Há 11 anos, quando decidiu mudar para os EUA, Costa não caiu em um golpe, mas diz ter sido mal orientado. “Não vi minha mãe nos últimos três anos de vida dela. Orientado de maneira incorreta, eu havia mudado meu status no país de turista para estudante enquanto aguardava meu green card. Qual o problema disso? Eu estava impossibilitado de sair dos EUA. Foi um preço muito alto. E não era necessário.”

Por isso, se você quer imigrar para os Estados Unidos, as diretrizes são:

Busque por profissionais licenciados

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O profissional que atua com imigração nos Estados Unidos deve ser licenciado pela Associação Americana de Advogados de Imigração (AILA). É possível buscar pelos profissionais no site da organização.

Outro ponto importante é o registro junto à Associação Americana de Advogados, chamada BAR. “O BAR é a OAB dos Estados Unidos. Nós, advogados que atuamos aqui, temos um registro na associação, uma carteirinha, assim como ocorre com os advogados no Brasil”, explica Bicalho.

Para fazer uma busca pelo registro do profissional no BAR, é preciso saber seu estado de atuação e, então, consultar o site da associação correspondente, na parte de busca. Para o estado no Missouri, por exemplo, o site é este.

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Busque por credibilidade

Plataformas que reúnem avaliações dos advogados que atuam nos EUA, perante colegas e clientes, podem ajudar na hora de escolher um profissional. Uma delas é: https://www.avvo.com/.

Prefira profissionais baseados nos EUA

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Não existe impeditivo para que advogados que não residem nos EUA assessorem brasileiros interessados na migração. “Contudo, o profissional que vive e atua no país tem vantagens, como a possibilidade de contestar uma decisão da Justiça americana ou de reenviar documentos — chamados de refile — em caso de rejeição”, conta Costa.

Ouça mais de uma opinião

Assim como em diagnósticos médicos, o diagnóstico jurídico pode falhar. Por isso, consulte mais de uma assessoria. Compare os contratos oferecidos e conteste.

Fuja de assessorias que garantam sucesso ou divulguem taxas de aprovação

Ainda que o processo seja feito corretamente, a assessoria não pode afirmar que o cliente conseguirá seu green card. “A aprovação depende de avaliação do governo americano, e toda avaliação é subjetiva”, aponta Costa.

Cuidado com preços muito abaixo do mercado

“Esse é um processo essencialmente caro. Costumo usar essa comparação: um dentista ganha em média US$ 170 mil por ano nos EUA, segundo dados do Departamento de Trabalho americano; você não acha que um processo de imigração com custo de US$ 5 mil está muito abaixo? É preciso ponderar”, afirma Costa.

O caso Patrícia Lélis

A Justiça federal dos Estados Unidos retomou acusação de 2021 contra a jornalista brasileira Patrícia Lélis, de 29 anos, suspeita de se passar por advogada de imigração e se apropriar de ao menos US$ 700 mil, o equivalente a cerca de R$ 3,41 milhões, de estrangeiros que tentam obter vistos para residir legalmente em território norte-americano.

Segundo a denúncia, Patrícia morava em Arlington, no Texas, quando se passou por advogada especialista em imigração. Uma das supostas vítimas da brasileira teria pago a ela mais de US$ 135 mil (cerca de R$ 658 mil) em troca da promessa de receber um visto EB-5, que garante o direito permanente de residir nos Estados Unidos ao estrangeiro que investir em negócios que gerem empregos em território norte-americano.

A brasileira também é acusada de ter cometido fraude eletrônica, transações monetárias ilegais e roubo de identidade agravada. Segundo a acusação, ela falsificou formulários de imigração dos EUA e forjou múltiplas assinaturas e recibos para atestar que investia o dinheiro das vítimas em negócios legais.

Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.