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GONÇALVES (MG) – Apesar da retomada de algumas linhas de produção de veículos em outubro, o setor automotivo segue sob forte impacto da crise desencadeada pela pandemia de Covid-19. A produção de veículos no país alcançou 117,9 mil unidades em outubro, queda de 24,8% em relação ao mesmo mês de 2020.
Os números da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Autoveículos) divulgados nesta segunda-feira (8) indicam que este foi o pior outubro dos últimos cinco anos para o setor.
Segundo a associação, outubro é um mês em que, geralmente, a produção é elevada para abastecer as lojas na reta final do ano, quando a procura é mais aquecida.
O mês até registrou alta de 2,6% de novos veículos produzidos ante setembro, mas esse desempenho representa pouco para a área fabril, cuja limitação de componentes eletrônicos vem sendo o maior obstáculo para o reaquecimento das linhas de produção.
Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, disse em comunicado à imprensa que os esforços das montadoras foram louváveis neste primeiro mês do último trimestre de 2021, “mas, infelizmente, a demanda reprimida, somada ao tradicional aquecimento de fim de ano, poderá não ser atendida pela oferta”.
Mesmo com as linhas de produção operando aquém de sua capacidade, o segmento registra aumento no número de empregos ao longo deste ano, com 1.402 novas vagas preenchidas nas fábricas.
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Segundo a Anfavea, são 102.625 funcionários diretos, sem contar com os colaboradores nas linhas de máquinas agrícolas e de construção.
Números
As vendas no mercado doméstico e os estoques reduzidos refletem, no momento, os percalços enfrentados pelas linhas de produção dos veículos: tudo o que é produzido vem sendo rapidamente repassado aos clientes.
Outubro terminou com 162,3 autoveículos emplacados – cerca de 4,7% a mais que em setembro e 24,4% a menos do registrado em outubro de 2020. Assim como na produção, as vendas também registraram o pior outubro dos últimos cinco anos.
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A produção (-1,7%) e a venda (-5%) de caminhões também amargaram queda em outubro na comparação com o mês anterior, um indicativo de que “a falta de semicondutores também começa a afetar este segmento que vinha em alta desde a metade do ano passado”, afirma a Anfavea.
Por terem volumes de produção menores do que os automóveis, os caminhões ainda não tinham sido fortemente impactados pela falta de itens eletrônicos até então, analisa a associação.
As exportações de 29,8 mil automóveis representaram alta de 26,1% sobre setembro e queda de 14,6% sobre outubro de 2020. No acumulado do ano já foram exportadas 241,9 mil unidades, o que representa 26,8% a mais que no mesmo período do ano passado.
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Para o presidente da Anfavea, os números estão em linha com as projeções refeitas há um mês pela entidade, que apresentavam um crescimento tímido em relação ao ano passado – diferente da expectativa do início do ano, que era de uma forte reação.
Crise
O mercado automotivo de forma geral vem enfrentando uma sequência de meses difíceis devido à falta de peças ao redor do mundo – especialmente semicondutores. O InfoMoney já explicou os motivos que impulsionaram essa situação.
Entre os efeitos estão uma extensão de prazos na entrega de veículos novos, bem como aumento de preços diante do aumento da demanda e baixa oferta.
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Além disso, houve uma escalada de preços nos carros seminovos, com uma parte dos consumidores buscando os usados como alternativas aos 0 km.
Há modelos com valorização de mais de 20% em um ano. Num mercado normal, o automóvel perde entre 15% a 20% do seu valor após um ano de uso.
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