Preço médio de aluguel de imóveis no Brasil sobe 0,95% em abril, diz FipeZap

Mercado está mostrando certa resiliência, mas ainda não se sabe quais choques da pandemia serão duradouros

Giovanna Sutto

(Shutterstock)
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SÃO PAULO – O preço médio de aluguel de imóveis no Brasil aumentou 0,95% de março para abril, segundo o Índice FipeZap de Locação Residencial. O dado representa uma ligeira desaceleração na comparação com o resultado do mês anterior, de alta de 0,99%.

Considerando a média ponderada das 25 cidades analisadas pelo índice, o preço médio do aluguel residencial no país foi de R$ 30,68/m².

O índice, que considera apenas novos contratos, mostra que a variação no último mês superou a deflação registrada pelo IPCA em abril (-0,31%), levando a uma alta real de 1,26%, ressalta a FipeZap.

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Segundo Eduardo Zylberstajn, head de pesquisa e inovação da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o ritmo do mercado de locação residencial segue praticamente o mesmo comparando com o patamar pré-crise.

“É muito cedo para ver impacto expressivo e generalizado no mercado imobiliário. Para os proprietários baixarem de forma significativa os preços, precisamos de um conjunto de movimentos, como as pessoas devolvendo imóveis, aumento na vacância, renegociação de contratos, entre outros”, diz.

E complementa: “A crise que o mercado viveu entre 2014 e 2018 foi marcada pela queda nos preços e, só no ano passado, houve uma recuperação. Esse ano começou com sinais positivos para o mercado e a pandemia chegou trazendo muita incerteza, mas, por enquanto, o mercado de locação continua em compasso de espera, seguindo o ritmo anterior”.

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Com a quarta alta consecutiva no ano, o índice FipeZap acumula um avanço nominal (sem descontar a inflação) de 2,86% em 2020. A variação superou o comportamento do IGP-M (FGV), que acumula alta de 2,50% no ano. O índice é comumente utilizado para reajustar periodicamente boa parte dos contratos de locação.

Em 12 meses, o avanço foi de 5,29%, acima da variação de 5,20% do CDI, referencial das aplicações de renda fixa.

Preços mais altos

Excluindo apenas Goiânia e Fortaleza, onde os preços apresentaram recuos nominais de 1,35% e 0,22%, respectivamente, em abril, as outras nove capitais monitoradas pelo Índice FipeZap apresentaram alta nominal no preço do aluguel residencial.

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Embora não tenha apresentado a maior variação mensal, São Paulo se manteve como a cidade com o maior preço médio de locação registrado: R$ 41,11/m².

Entre as capitais com menor valor de locação residencial, destacam-se Fortaleza (R$ 17,04/m²), Goiânia (R$ 17,14/m²) e Curitiba (R$ 21,59/m²).

Cidade  Variação mensal: abril/20  Variação mensal: março/20  Preço médio
Belo Horizonte (MG) +2,12% +1,85% R$ 23,15/m²
Florianópolis (SC) +1,63% +0,66% R$ 27,22/m²
São Paulo (SP) +1,46% +1,26% R$ 41,11/m²
Salvador (BA) +1,14% +1,71% R$ 23,78/m²
Brasília (DF) +1,01% +1,34% R$ 31,93/m²
Curitiba (PR) +0,74 +1,19% R$ 21,59/m²
Porto Alegre (RS) +0,72% +0,36% R$ 24,83/m²
Recife (PE) +0,70% +0,84% R$ 30,89/m²
Rio de Janeiro (RJ) +0,40% +0,69% R$ 31,03/m²
Fortaleza (CE) – 0,22% -0,62% R$ 17,04/m²
Goiânia (GO) – 1,35% + 0,39% R$ 17,14/m²

Apesar do cenário incerto, a pandemia despertou um movimento que pode ajudar o mercado imobiliário.

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“As pessoas têm que ficar em casa, vão começar a se relacionar de forma diferente com o local onde moram, e a demanda por moradia, nesse sentido, não deve sofrer tanto. Claro que há variáveis como emprego e renda disponível e, embora estejamos sem dados sobre isso, com o Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados] paralisado, esses fatores ainda não impactaram os preços dos aluguéis de forma severa”, afirma Zylberstajn.

Para ele, o mercado deve mostrar resiliência em um primeiro momento. “Mas fica a grande dúvida sobre quais dos choques da pandemia serão transitórios e quais serão duradouros. Temos que esperar para concluir”, diz.

Rentabilidade do aluguel

O retorno médio do aluguel residencial (anualizado) avançou 4,85% em abril. A rentabilidade do aluguel corresponde à razão entre o preço médio de locação e o preço médio de venda dos imóveis, o chamado rental yield. Nesse sentido, o indicador pode ser utilizado para avaliar a atratividade do mercado imobiliário em relação a outras opções disponíveis aos investidores a cada momento do tempo, explica Zylberstajn.

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“Considerando o cenário de redução de juros, uma rentabilidade de aluguel maior que a Selic, em tese, atrai investimentos. No médio prazo, veríamos um aumento da oferta, mas esse processo demora um pouco, porque leva tempo para incorporar e construir. E com juros menores, mais gente opta por comprar para morar em vez de ser inquilino. Então aumenta a oferta de imóveis para alugar e diminui a demanda por aluguel”, diz Zylberstajn, ressaltando que a pandemia alimenta incertezas sobre a retomada do mercado.

Confira a seguir o rental yield das capitais:

Cidade  Comparativo do rental yield mensal de abril (anualizado – % ao ano)
Recife (PE) 5,89%
São Paulo (SP) 5,44%
Salvador (BA) 5,40%
Brasília (DF) 5,15%
Porto Alegre (RS) 5,0%
Média Ponderada  4,85%
Goiânia (GO) 4,75%
Florianópolis (SC) 4,51%
Curitiba (PR) 4,23%
Belo Horizonte (MG) 4,02%
Rio de Janeiro (RJ) 3,94%
Fortaleza (CE) 3,52%

Giovanna Sutto

Jornalista com mais de 6 anos de experiência na cobertura de finanças pessoais, meios de pagamentos, economia e carreira. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.