Portugal planeja reintroduzir isenções fiscais para residentes estrangeiros

Lançado em 2009, o regime concedeu às pessoas que se tornaram residentes uma taxa especial de imposto de 20% sobre os rendimentos de origem portuguesa

Reuters

Um homem sobe a escadaria que leva à pequena capela "Ermida de Nossa Senhora da Paz" no topo de uma montanha com vista para Vila Franca Do Campo na Ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores, Portugal, em 2 de julho de 2024. REUTERS/Darrin Zammit Lupi
Um homem sobe a escadaria que leva à pequena capela "Ermida de Nossa Senhora da Paz" no topo de uma montanha com vista para Vila Franca Do Campo na Ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores, Portugal, em 2 de julho de 2024. REUTERS/Darrin Zammit Lupi

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O governo português está planejando reintroduzir incentivos fiscais para residentes estrangeiros, apesar das críticas no passado de que o esquema aumentou os preços da habitação, disse nesta quinta-feira (4) o ministro das Finanças do país ao Financial Times.
Lançado em 2009, o regime concedeu às pessoas que se tornaram residentes, ao passarem mais de 183 dias por ano no país, uma taxa especial de imposto de 20% sobre os rendimentos de origem portuguesa, derivados de “atividades de elevado valor acrescentado”. Entre essas atividades estavam a prática da medicina e o ensino em universidades.
O regime foi introduzido para atrair investidores e profissionais quando a crise financeira atingiu Portugal, uma das nações mais pobres da Europa Ocidental.

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Outros benefícios do regime — conhecido como Residente Não Habitual — incluíam isenções fiscais sobre quase todos os rendimentos estrangeiros, se tributados no país de origem, e uma taxa fixa de 10% sobre pensões de origem estrangeira.
Cidadãos portugueses que residissem em outros países há cinco anos ou mais também podiam se candidatar ao regime.
O ex-primeiro-ministro António Costa disse em outubro passado que o esquema inflacionou o mercado imobiliário e chamou-o de “injustiça fiscal que já não se justificava”. Seu governo decidiu abandonar o regime.
Em novembro, o parlamento prorrogou o regime até o fim de 2024, mas os candidatos tiveram que provar que prepararam sua mudança para Portugal durante 2023.
O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, disse ao Financial Times que os salários e os rendimentos profissionais continuariam a ser cobertos pelos incentivos fiscais, mas não as pensões, os dividendos ou os ganhos de capital.
“Precisamos de trabalhadores qualificados e de crescimento econômico”, disse.
O anúncio oficial era esperado após a reunião de gabinete nesta quinta-feira, mas o regime ainda precisa ser aprovado pelos legisladores, o que pode ser um desafio, já que o primeiro-ministro Luis Montenegro governa sem maioria absoluta.
Dados mostram que mais de 74 mil pessoas se beneficiaram do regime de isenções fiscais em 2022, o que custou ao orçamento do Estado mais de € 1,5 bilhão, um aumento anual de 18,5%.