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É chover no molhado dizer que o Pix tem grande aderência no Brasil. Os números mais consolidados mostram que a ferramenta conta com 163 milhões de usuários e registrou, em 2023, alta de 58% no valor transicionado, na comparação com o ano anterior. A novidade é que, agora, a tecnologia deixará de ser restrita aos brasileiros: gringos também poderão ter acesso às funcionalidades da transação instantânea.
E o momento é propício para eles. O Brasil fechou o primeiro quadrimestre de 2024 com alta de 7,4% no número de turistas internacionais em relação ao ano passado: foram 2,92 milhões de turistas. Em 2023, foram 2,71 milhões. Esse foi o terceiro melhor quadrimestre da história, atrás apenas de 2018 (3,10 milhões) e 2017 (2,99 milhões), segundo dados do Ministério do Turismo. Em volume movimentado, os turistas desembolsaram cerca de US$ 6,9 bilhões em 2023 ao passar pelo país, conforme dados da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo).
É nesse contexto que a PagBrasil, fintech sediada em Porto Alegre e com escritórios em São Paulo, Barcelona e Singapura, lançará em junho um recurso que permitirá que o estrangeiro faça um Pix para pagamentos no Brasil — mas usando seu próprio banco ou wallet.
“É um benefício para o turista que poderá utilizar o Pix e se aproveitar de descontos, por exemplo, trazendo também vantagens para a economia brasileira. Vai ajudar quem vende picolé ou água de coco na praia, restaurantes, entre outros estabelecimentos que poderão receber via Pix do cliente”, afirma Ralf Germer, cofundador da empresa, em entrevista exclusiva ao InfoMoney.
Como vai funcionar?
Chamada de Pix Roaming, a solução da fintech é uma plataforma que será integrada a bancos e carteiras digitais estrangeiros. A partir dessa integração, o consumidor poderá utilizar o Pix no Brasil.
Do lado do cliente estrangeiro, a utilização será feita através do método de QRCode do Pix, mas dentro do sistema que ele já usa em seu país de origem. O estabelecimento brasileiro cobra por Pix, e o valor em reais é convertido — instantaneamente — para a moeda do turista estrangeiro após o cliente escanear o QRCode em seu app. Após a confirmação do pagamento, a PagBrasil liquida o valor (em reais) para o estabelecimento, utilizando os fundos em moeda estrangeira da própria carteira digital ou banco do pagador.
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“O câmbio é transparente para o consumidor. Ele vê na hora quanto está pagando em reais e o que equivale em sua moeda local, por exemplo, o peso uruguaio”, explica Germer.
Do ponto de vista dos estabelecimentos do Brasil, nada muda: se o estabelecimento aceita Pix poderá receber do estrangeiro normalmente. “Os consumidores da América do Sul já sabem usar o QRCode. É um método bem disseminado na região, o que deve facilitar o uso no Brasil — só que via Pix”, afirma Germer. Assim, o consumidor paga em sua moeda de origem, e o lojista ou vendedor recebe direto em reais.
Diante da praticidade, a aposta é alta: a fintech espera faturar R$ 1 bilhão com a solução até o fim de 2025, e R$ 2 bilhões até o fim de 2026. “São projeções. Acreditamos que podemos, inclusive, superar esse faturamento. Isso porque a integração com grandes bancos na Argentina, por exemplo, podem nos ajudar a acelerar o processo de oferta do produto, mas ainda estamos em negociações”, ressalta Alex Hoffmann, CEO e cofundador da PagBrasil.
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Veja como vai ser a experiência, em um exemplo com pesos uruguaios:
Esse fluxograma acima é uma sugestão que a PagBrasil oferece aos clientes em termos de experiência. Na prática, ao optar por utilizar o QRCode e ter a tecnologia da fintech brasileira integrada, o consumidor só precisa escanear o código, conferir o valor e efetuar o pagamento instantâneo para o estabelecimento ou vendedor. “Cada carteira digital ou banco que fechar com a gente poderá personalizar a experiência para seu usuário como preferir, mas preparamos um padrão para facilitar o uso”, explica Hoffmann.
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Onde encontrar a solução?
A PagBrasil está em negociação com carteiras digitais e bancos da América Latina e América Central em uma primeira etapa de seu plano de negócios. A primeira parceira confirmada é a carteira digital peruana B89, fundada em 2020 por Mauricio Albán-Salas, que tem passagens por Itaú, Santander e IBM e foi CTO do Banco de Crédito del Perú, maior banco do país da América do Sul.
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Segundo Hoffmann, o Peru é um dos parceiros estratégicos em relação à oferta do recurso. Segundo dados da Embratur, em 2023, 100 mil turistas peruanos vieram para o Brasil e, nos primeiros três meses de 2024, já recebemos visitas de 35.594 pessoas oriundas do Peru. A expectativa é que 130 mil turistas peruanos passem por aqui até o final do ano. Os próximos parceiros serão anunciados nos próximos meses, mas há conversas com Argentina, Uruguai, Chile e Costa Rica.
Segundo os executivos, ainda não há um competidor direto para esse serviço no Brasil. “Nosso carro-chefe era o ‘Boleto Flash’, que processava o pagamento em uma hora desde 2015. Mas, com a chegada do Pix em 2020, percebemos que o boleto seria superado. Começamos a desevolver vários produtos, como o Pix Internacional para brasileiros no exterior, e agora o Pix Roaming para estrangeiros no Brasil”, ressalta Hoffmann.
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