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Imagine sua primeira viagem ao Peru, país-sede do sítio arqueológico de Machu Picchu (um dos pontos turísticos mais visitados da América Latina), cancelada por conta de uma intoxicação alimentar.
Foi o que quase aconteceu com o viajante profissional Mauricio Attílio, 30, quando visitou em 2018 o país andino. No terceiro dia em solo peruano, sofreu uma reação alérgica a uma típica pimenta local, a aji amarillo, adicionada em diversos pratos peruanos provados por ele.
No terceiro prato degustado com o condimento, em uma barraquinha de rua em outro local turístico próximo, o Valle Sagrado, que a reação alérgica apareceu e Attílio, voltando para Cusco, foi a um hospital acreditando que estava coberto pelo seguro contratado na internet antes da viagem.
“Fui ao hospital primeiro, com a apólice, e me disseram que não poderia ser atendido. Então voltei ao hotel e liguei para a empresa do seguro, e me informaram que precisava ir ao hospital credenciado mais próximo, porque aquele não atendia mais. E o mais próximo ficava em Lima, a 16 horas de carro. Mas no dia seguinte eu tinha o passeio a Machu Picchu, então não ia dar. Nisso lembrei que tinha o seguro do cartão, com algumas coberturas, como 1.500 dólares para atendimento hospitalar, e eu gastei 1.450 dólares. Me disseram para pagar no cartão e eu seria reembolsado depois”, conta Mauricio sobre o perrengue, no primeiro episódio do ‘Tá Seguro’, novo vídeocast do InfoMoney, que estará disponível a partir das 18h (horário de Brasília) desta quinta-feira (2) nas principais plataformas de podcast e no YouTube.
Em sua estreia, o programa aborda as dicas essenciais para contratar um seguro adequado ao perfil da viagem como saída para evitar perrengues como os ocorridos com Attílio. Segundo o especialista Tiago Godinho, gerente de seguro de vida e viagem da Omint Seguros, que também participou como especialista convidado do programa, há uma grande diferença entre ter um seguro e estar protegido.
“O Mauricio acabou de exemplificar um caso no qual ele tinha um seguro, mas ele não estava protegido de fato. Então, quando você pensar em viajar para o exterior, em cidades onde eventualmente você possa ter algum tipo de perrengue, uma intoxicação alimentar ou uma questão mais drástica de saúde, é importante, primeiro, saber exatamente para onde você está indo, quais são as exigências daquele país, se exige algum seguro só para você fazer a entrada já na imigração, e quais são os riscos aos quais você está exposto”, pontuou Godinho.
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Como contratar o seguro-viagem?
A avaliação dos riscos aos quais o viajante estará exposto é essencial para calcular o capital segurado na contratação da proteção, ou seja, o valor que terá disponível para cobrir as despesas com atendimento médico, por exemplo, de acordo com as atividades que fará e os custos da medicina no local.
“Sabemos que existem países onde a medicina é super cara, como nos Estados Unidos, por exemplo, onde você pode ter despesas de até 30 mil dólares, como nos casos ortopédicos”, exemplifica o especialista. Se o capital segurado contratado for de 20 mil dólares, os outros 10 mil sairão do seu bolso.
Além disso, se o destino é algum país integrante do tratado de Schengen, há a exigência na imigração que o viajante tenha pelo menos 30 mil euros de cobertura. Há ainda os reflexos das mudanças impostas pela Covid-19, com alguns países exigindo cobertura mínima para atendimento nos casos de contaminação pela doença. Por isso a importância de buscar orientação adequada — seja com o agente de viagem ou o corretor de seguros — e sempre ler o que consta na apólice do seguro contratado para evitar a falta de cobertura.
Saber a idade dos viajantes e a duração da viagem também são pontos essenciais para avaliar se a cobertura contratada está adequada ao período todo. No caso da contratação de assistência disponibilizada pelo cartão de crédito, por exemplo, vale checar se o custo com eventual atendimento médico não irá comprometer todo o limite da fatura. “O seguro do cartão de crédito geralmente tem um prazo limitado, de 30 ou 60 dias. Se sua viagem for mais longa, é interessante contratar uma modalidade de seguro de prazos mais alongados. Por exemplo, temos a de intercâmbio que cobre até 365 dias”, aponta o gerente da Omint.
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Mas, caso o viajante opte por estender a viagem já no destino, ele pode pedir também uma extensão do seguro-viagem. Contudo, é importante que esteja em bom estado de saúde para a extensão ser autorizada.
Além das coberturas básicas para atendimento médico hospitalar e odontológico — sempre em casos de urgência e emergência — a cobertura para extravio de bagagem é outra que não pode ser deixada de lado.
Mauricio Attilio conta que também passou por esse tipo de perrengue, mas desta vez para uma viagem à Itália. Ele chegou em Roma e acabou ficando dias sem a mala, que já tinha seguido para Milão. “Foi desesperador. E eu, naquela ocasião, era viajante de primeira viagem. Saí só com a roupa do corpo, celular e computador, e a carteira estava onde? Dentro da mala. A minha sorte é que na capinha do passaporte eu coloquei 150 euros. Mas vivi 4 dias na Europa com 150 euros, porque eu não ia ficar em Roma, mas tive que ficar pra esperar chegar a mala”.
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De acordo com Tiago Godinho, o extravio de bagagem é uma cobertura bastante presente no seguro- viagem, mas é importante frisar que a responsabilidade pela bagagem é da companhia aérea. “Mas já havendo um extravio de bens ou um dano parcial, até mesmo um extravio total, há a presença hoje dentro da maioria dos seguros-viagem da cobertura para extravio de bagagem. E aí é basicamente um capital, um valor de indenização, por aquela bagagem que foi extraviada. Mas, obviamente, precisa ter toda a comprovação e validação da companhia aérea dizendo que perdeu a bagagem”.
O viajante profissional ainda ressalta que se a companhia aérea não tem escritório no Brasil, não tem como questionar uma eventual perda de bagagem. E isso pode acontecer nos casos em que o viajante vá até outro país, como Argentina ou Chile, para de lá trocar de avião e ir para o destino final — como a Austrália — por uma companhia que parte desses países, mas não do Brasil.
Prática de esportes
Além disso, se o objetivo da viagem for para praticar algum esporte, como surfar no Havaí, é preciso prestar o dobro de atenção na contratação da cobertura de extravio de bagagem. Caso o viajante opte por levar sua própria prancha, é preciso uma cobertura especial.
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“É um tipo de cobertura pouco comentada, mas de suma importância. Serve também para equipamento musical, um violão, por exemplo. Tem como fazer a contratação de cobertura especial, que funciona para bagagem despachada”, esclarece Godinho.
No caso da prática de esportes, além de cobertura especial que pode ser contratada para o extravio do equipamento, é importante ter também uma cobertura específica para acidentes durante a prática. O caminho para Machu Picchu mesmo, pontua Mauricio Attilio, que muitas vezes é feito pelos turistas caminhando do pé ao topo da montanha, é considerado trekking.
“As pessoas não sabem disso e, inclusive, esse é o lugar onde tem maior índice de acidentes de viagem. Pessoas caem, se machucam. É questão de saber. Porque se eu for fazer um esporte, mas eu vou fazer um passeio que categoriza um esporte, não é interessante comprar um seguro para esportes?”, sinaliza.
Todas essas dicas e mais estão no episódio de estreia do ‘Tá Seguro’. O programa tem como foco contar, a partir de histórias reais, os percalços que as pessoas passam por não terem um seguro adequado, além de explicar como funcionam as coberturas que protegeriam o ouvinte em um caso similar. O conteúdo editorial tem apoio de XP Seguros, CNseg e BB Seguros.