Os destinos internacionais com o melhor custo-benefício para 2020

Foram considerados destinos internacionais de todos os continentes, com os menores preços de passagem, hospedagem e alimentação

Allan Gavioli

(Shutterstock)
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SÃO PAULO – Aproveitando a proximidade da temporada de férias, o buscador de voos Viajala, a pedido do InfoMoney, realizou um estudo para listar os destinos internacionais mais baratos no primeiro semestre de 2020. Estão na conta passagem (ida e volta), hospedagem e alimentação.

Os preços de hotéis correspondem a uma diária para duas pessoas na baixa temporada, em quarto privativo, em hotéis com nota 8,0 ou mais nas avaliações dos usuários. Vale lembrar que os valores são dinâmicos e podem sofrer alterações a qualquer momento.

Segundo o estudo, as passagens internacionais ficaram 14,7% mais baratas em 2019. Eduardo Martins, diretor nacional do Viajala e responsável pelo estudo, afirma que a entrada das companhias low-cost no Brasil fizeram com que a concorrência precisasse adotar menores preços para que o serviço continuasse competitivo.

“Quando olhamos para o cenário de destinos internacionais, a entrada das low-cost no Brasil acabam compondo um fato de peso para a redução de preço. Desde de 2018, temendo perder espaço para as low-cost, companhias internacionais seguem ofertando novas rotas para o Brasil com preços menores, e as nacionais tentam, na medida do possível, melhorar os preços para conseguir competir”, afirma Martins em entrevista ao InfoMoney.

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Mesmo buscando localizações mais baratas para viajar, Martins afirma que não importa muito o lugar para onde realizar a viagem, mas sim a antecedência do planejamento, já que uma falta de organização pode causar imprevistos e gastos desnecessários.

“Mesmo um viajante experiente precisa se planejar. O sucesso de uma viagem nunca está ligado ao local, mas sim ao conseguir fazer um passeio legal sem ficar preocupado porque estourou o orçamento. Acompanhar bem de perto o preço das passagens, hotéis e, no caso de viagem estrangeira, o câmbio, é fundamental”, conclui o diretor.

1. América do Norte: prefira México ou Canadá

Para o diretor, a razão das buscas de viagens para os EUA superarem todos outros destinos na América do Norte é o perfil consumista do turista brasileiro.

“Estados Unidos ainda é um pais com muito demanda e muito desejo, muito por conta do perfil consumista do brasileiro, mas, principalmente nesse ano, está mais caro viajar para lá. Porém é importante destacar que os EUA em si é um país muito caro para turistas, principalmente para brasileiros”, explica Martins.

O diretor aconselha aos turistas interessados em conhecer a parte norte do continente americano países com o custo de vida mais baixo e que possuem uma moeda um pouco mais fraca, como o México e algumas cidades do Canadá.

Na Cidade do México, as hospedagens não são das mais baratas (as bem avaliadas partem de R$200 o casal), mas o gasto compensa na comida, que costuma sair bem em conta – por R$25 se faz uma ótima refeição. Há passagens a partir de R$ 2 mil – embora não seja raro encontrar boas promoções para a Cidade do México, com preços que variam entre R$900 e R$1.500.

A Cidade do México é a capital do país e assemelha-se muito a São Paulo. Com uma população de quase 9 milhões de pessoas, ela é a cidade mais populosa da América do Norte. Também é conhecida por ter sido a capital do Império Asteca e a grande maioria dos pontos turísticos da cidade são construções dessa civilização pré-colombiana.

Mas Martins faz uma ressalva: “Se o turista prefere ir para a Riviera Maya, Cancún ou Playa del Carmen, precisa estar ciente de que, devido à altíssima demanda turística da região, vai pagar consideravelmente mais pelos mesmos serviços”.

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Já no Canadá, as refeições custarão, em média, de R$40 a R$45 nas principais cidades, e uma boa hospedagem parte de R$300 nas capitais mais caras e R$200 em cidades menores.

Vancouver, por exemplo, tem custo de vida mais alto que Montreal e Quebec, mas, como explica Martins, ainda possui preços melhores do que as cidades americanas.

“Além do custo de vida das cidades canadenses ser mais baixo que o das principais cidades dos Estados Unidos, o dólar canadense – também mais barato – é um dos atrativos”, aponta o diretor do Viajala. As passagens hoje custam, em média, a partir de R$2.300.

2. Europa: Leste Europeu ou Bálcãs são mais econômicos

Dentre os destinos no Velho Continente, Martins explica que há uma clara divisão entre os países da Europa, para ele há lugares baratos, acessíveis e muito caros.

Entre as localizações consideradas baratas para se viajar estão o Leste Europeu (República Tcheca, Hungria, Romênia e Rússia) e a região dos Bálcãs (Albânia, Sérvia e Bulgária). Para a Hungria, é possível encontrar passagens a partir de R$ 2.600, com hospedagens que partem de R$ 150 e refeições em torno dos R$ 15.

“O Leste Europeu e a região dos Bálcãs são os melhores destinos custo-benefício. São países que possuem uma baixa procura, mas a maior vantagem é que esses países não usam o euro e contam com preços muito mais baratos que no resto da Europa”, afirma Martins.

Já entre as regiões que possuem um preço mais acessível, estão os países da Península Ibérica – Portugal e Espanha – e a Itália.

Portugal já foi um país mais barato que a Espanha, mas a recente explosão de turistas estrangeiros no país elevou os preços por lá, embora o valor das passagens tenha caído mais de 20% em 2019, saindo de São Paulo, como mostra o levantamento do Viajala.

As passagens para ambos países, hoje, custam a partir de R$2.100 e a hospedagem parte de R$300. A alimentação sai por volta de R$40, em média. Como as linhas de trem e metrô são muito vastas, o deslocamento é fácil e barato.

O estudo também lista os países que são considerados muito caros. Ainda que a passagem possa ser na média dos outros destinos europeus, o valor das hospedagens e, principalmente, alimentação, tornam esses destinos lugares caros para se viajar.

De acordo com o Viajala, toda a região da Escandinávia (Noruega, Finlândia, Suécia e Dinamarca), além de Reino Unido, Suíça, Alemanha e França, possuem custos de vida altíssimos e não são bons destinos para uma viagem que leve em consideração custo-benefício.

Mas Martins afirma que, se tratando da Europa, nenhuma viagem precisa se restringir a um só local. Por conta da proximidade entre os países e da pequena extensão territorial da maioria das nações europeias, nada impede um turista de comprar uma passagem barata para um país e viajar o continente inteiro de trem ou por outros meios de transporte mais baratos.

“Muitas vezes o viajante aproveita alguma promoção de passagem para qualquer país da Europa (as mais comuns são para Espanha, Alemanha, Portugal e Itália) e, uma vez lá dentro, consegue seguir seus roteiros via alguma low-cost europeia ou até trem e ônibus, quando possível”, recomenda o diretor do Viajala.

3. Ásia: países próximos, cenários opostos

“O continente é muito grande com países literalmente opostos. Lado a lado, há localizações muito baratas, como Vietnã, Laos e Camboja, e países extremamente caros como Japão, Hong Kong e Cingapura”, afirma.

No Vietnã, por exemplo, você faz uma refeição com até R$10, enquanto em Singapura ou Hong Kong você dificilmente come bem em um restaurante por menos de R$40.

Essa diferença reflete também na oferta de hospedagens: enquanto em Ho Chi Minh, maior cidade vietnamita, um hotel bem avaliado cobra a partir de R$100 a noite, em Hong Kong ou Singapura as acomodações bem avaliadas partem de três ou quatro vezes esse valor.

O voo para a maior parte dos países da Ásia custa a partir de R$3.000. Um dos países mais baratos do continente é o Nepal – porém, hoje, o voo para lá custa mais de R$5.000, devido ao baixo volume de voos e a procura escassa pela rota.

Martins também aconselha prestar bastante atenção no calendário oriental, já que o mesmo pode ser muito diferente do calendário ocidental. Para o diretor, acompanhar o clima asiático pode ser fundamental para montar um bom roteiro de viagem e garantir bons preços.

“O ideal é olhar a sazonalidade do lugar, já que as datas são diferentes do ocidente. Por exemplo, no período das monções, que atinge principalmente o sudeste asiático, as passagens ficam até 25% mais baratas, mas é uma época de fortes chuvas. Mesmo que época não seja a melhor para aproveitar passeios externos, as passagens ficam bem mais baratas”, explica Martins.

4. África: turismo barato e contato com a natureza

Martins destaca que o continente africano possui dezena de lugares com um custo mais reduzido e onde o contato com a natureza é muito presente, mas há alguns países que se destacam.

“África do Sul e Moçambique são países vizinhos que compartilham parques e regiões de conservação. Eles atraem principalmente os amantes da natureza, pelas bonitas praias e pelos safáris com animais. “, afirma o diretor.

É importante ressaltar que muitas regiões da África passam atualmente por crises institucionais, com países em guerra civil e regiões muito instáveis. Pensando nisso, o Viajala considerou apenas países que estejam fora de zonas de conflito.

Na África do Sul, Joanesburgo é mais barata que a Cidade do Cabo, tanto em alimentação e hospedagem (a partir de R$200 e refeições por volta dos R$ 25) quanto nas passagens, que partem de R$1.700 para o ano que vem.

Vale lembrar que a África do Sul sediou em 2010 uma Copa do Mundo – a primeira edição realizada em continente africano -, o que mudou completamente o turismo e a estrutura do local.

Já Moçambique tem passagem mais cara (partindo hoje de R$2.000), até porque a oferta de voos é muito menor, já que só começou a atrair turistas recentemente e está bem menos adaptado para isso. Uma boa hospedagem sai por a partir de R$250 e uma refeição por volta dos R$ 15.

“Uma opção para quem pode viajar por mais tempo é juntar os dois países na mesma viagem, pois é relativamente fácil e barato cruzar a fronteira por terra”, indica Martins.

Já o Marrocos é um país, no geral, muito barato e que pode ser conhecido de ônibus ou com passeios fechados. É possível comer muito bem a partir de R$20 em Marrakech. Segundo o estudo, em cidades do interior os preços são ainda menores.

Já na hospedagem, é possível ficar em palacetes incríveis no meio da Medina, os riads, por a partir de R$200. Os voos para Marrakech custam hoje em torno de R$2.500, mas é possível fazer conexões gratuitas no país ou acessá-lo via balsa pelo Estreito de Gibraltar, viajando a partir da Espanha.

5. Oceania: prepare o bolso

Enquanto os destinos na Ásia possuem passagens caras, mas preços internos baixíssimos que compensam o alto investimento no deslocamento, na Oceania isso não acontece. Na verdade, é o oposto: tudo é caro.

“Esse continente é a exceção de tudo, o oposto. Longe, caro e com custo de vida altíssimo. Diferente da Ásia, que o alto preço da passagem é compensado, em alguns países, com baixo custo de alimentação e hospedagem, a Oceania dificulta a economia do turista, pois todos os aspectos da viagem – principalmente deslocamento e consumo – são muito caros”, explica Martins.

O diretor explica que, embora o continente seja marcado por paisagens naturais belíssimas e um contato com o meio ambiente muito intenso, os países referência – Austrália e Nova Zelândia – são lugares com um altíssimo custo de vida e uma moeda forte, um pouco mais cara que o real – fatores que dificultam a vida do turista brasileiro que gostaria de gastar pouco.

Em Auckland ou Sydney, na Nova Zelândia e Austrália, respectivamente, uma boa refeição custa a partir de R$45 e as diárias em hotéis e apartamentos recomendados partem de R$350. A passagem para a Oceania custa, hoje, a partir de R$4.200.

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Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.