Operador Nacional do Sistema Elétrico descarta racionamento em 2021, diz diretor

Ocorrência de chuvas e programas para redução do consumo de energia são saídas para enfrentar a pior crise hídrica dos reservatórios que geram eletricidade

Dhiego Maia

Linhas de transmissão de energia (Shutterstock)
Linhas de transmissão de energia (Shutterstock)

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GONÇALVES — O diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) descartou, nesta quarta-feira (13), risco de racionamento de energia no país nos últimos três meses de 2021.

Luiz Carlos Ciocchi disse estar mais otimista. “A chegada recente das chuvas melhorou muito a situação dos reservatórios do Sul e, principalmente, nas bacias do Rio Grande, no Sudeste”.

Mas ressaltou aos jornalistas que é preciso ter muita cautela porque o país atravessa a pior seca dos últimos 91 anos nos reservatórios das hidrelétricas.

Ele também disse que, nos próximos meses, o La Niña deve embaralhar o regime de chuvas no país e comprometer o nível dos reservatórios mais demandados. “Não sabemos ainda a intensidade e nem o efeito [do La Niña]. Aparentemente ele não está atrasado, mas a sua intensidade por aqui ainda não está definida pelos climatologistas”, afirmou.

O La Niña é um fenômeno que esfria as águas do Oceano Pacífico e desorganiza o clima em várias partes do planeta. No Brasil, o seu efeito é mais sentido na periodicidade das chuvas.

Se o La Niña ainda não deu as caras de forma clara, Ciocchi disse que a estação chuvosa, neste ano, chegou “na hora”, situação bem diferente de 2020, quando as chuvas atrasaram dois meses.

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Sempre com a cautela que lhe é característica, o executivo mais uma vez deixou claro que as primeiras chuvas da primavera não resolvem o problema em si. “Ainda é muito cedo para ter a real percepção da estação chuvosa”, salientou.

O executivo falou à imprensa após participar do Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Anese), na manhã desta quarta (13). Para Ciocchi, um conjunto de medidas tomadas há um ano é que têm tornado a travessia do período de crise hídrica mais segura para o setor elétrico. E os programas de redução do consumo de energia têm sido fundamentais nisso, disse.

As grandes consumidoras, que incluem as indústrias, se propuseram a deixar de usar mais de 600 megawatts (MW) de energia no horário de pico em novembro. O volume é bem maior do que foi acordado em setembro, quando 400 MW de energia deixaram de ser consumidos pelos setores que mais consomem energia.

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A redução prometida integra o programa de resposta à demanda cujo objetivo é deslocar do horário de pico o consumo dos grandes consumidores em troca de uma bonificação.

A manobra, segundo o ONS, permite que o sistema consiga operar com mais segurança em meio à crise hídrica. A avaliação do desempenho do programa entre os consumidores residenciais também é positiva. “Nós percebemos uma redução da redução da demanda em outubro tanto da baixa como da alta tensão. Mas ainda é cedo para avaliar os impactos [do programa de bonificação]”, afirma o executivo.

O uso das termelétricas, apesar de mais custosas e caras, e a flexibilização dos limites de transmissão de energia do Nordeste para o Sudeste também foram apontadas pelo executivo como bons remédios para aliviar o estresse contra o sistema elétrico.

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“Se materializando uma situação mais confortável, as termelétricas mais caras não serão acionadas. Mas a mobilização delas deve continuar, salientou. “Todas as medidas adotadas precisam ser mantidas para 2022, pois ainda temos uma incerteza muito grande sobre a estação chuvosa”.

Durante participação virtual no Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Anese), na manhã desta quarta, o diretor do ONS também lembrou que a crise no sistema elétrico de hoje é bem diferente da de 20 anos atrás, quando o país contava com 70 mil quilômetros de linhas de transmissão. “A nossa malha de transmissão cresceu significativamente. A expectativa é chegar, até 2025, com até 158 mil quilômetros de linhas”, disse Ciocchi.

Horário de verão

O diretor do ONS também reafirmou que o horário de verão, segundo estudos do órgão, não se mostra eficaz para conter o consumo de energia. A medida deixou de ser implementada no governo Bolsonaro (sem partido).

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“Do ponto de vista do consumo é inócuo. Ele [horário de verão] apenas desloca o pico de consumo para outro horário sem gerar impacto significativo ao setor”.

Ciocchi afirmou que o resultado da pesquisa foi enviado ao Ministério de Minas e Energia em setembro deste ano. “Outros possíveis benefícios [da medida] para outros setores não nos compete. Avaliamos apenas o desempenho no segmento elétrico”, afirmou.

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Dhiego Maia

Subeditor de Finanças do InfoMoney. Escreve e edita matérias sobre carreira, economia, empreendedorismo, inovação, investimentos, negócios, startups e tecnologia.