Com dois anos de operação no Brasil, o Open Finance possui algumas soluções já estão disponíveis, como a visualização de contas de diferentes instituições em um mesmo aplicativo e a possibilidade de fazer um Pix no app de um banco com o dinheiro que o cliente tem em outra instituição.
Embora o ecossistema já conte com cerca de 800 instituições participantes, são poucas as que oferecem serviços ao consumidor. Por se tratar de algo novo, as companhias têm tido cautela: o lançamento de produtos/serviços é feito após muitos testes de segurança e para nichos que fazem sentido aos negócios. Mas é importante que os usuários entendam o que já existe no mercado para que tirem o melhor proveito das soluções e saibam como seus dados serão utilizados nisso.
O InfoMoney compilou os serviços já disponíveis para pessoas físicas e as instituições financeiras que os oferecem. Confira:
Consentimento de dados
O consentimento de dados permite que uma instituição financeira “A” acesse os dados que você possui no banco “B”. A principal premissa do Open Finance é justamente dar a possibilidade de o consumidor decidir se quer fazer isso, com qual instituição, quando e por quanto tempo, com um limite de até 12 meses, prazo que pode ser renovado posteriormente.
O processo de consentimento pode ser feito pelo próprio cliente, ao procurar “open finance” nos aplicativos das instituições, ou pela empresa, ao oferecer a opção de consentimento durante o uso do aplicativo ou do site pelo cliente. A etapa de consentimento de um dado faz parte da fase 2 do Open Finance no Brasil, que começou em 13 de agosto de 2021.
O processo de consentimento não é exatamente um produto ou serviço, mas uma etapa necessária para que o cliente tenha acesso a outros recursos. Sem essa autorização, a instituição não pode receber informações. De agosto de 2021 até agora, foram registrados mais de 7,5 milhões de consentimentos de clientes via Open Finance.
Quem já oferece a solução:
- Banco do Brasil
- Bradesco
- Caixa
- Inter
- Itaú
- XP
- Neon
- Santander
- PicPay
- Nubank
- Mercado Pago
- Next
Trazer dinheiro de uma conta para outra
Outra opção que já está disponível em algumas instituições é a possibilidade de usar o saldo de uma conta de um banco ”A” para completar uma transação no banco ”B”. Por meio do compartilhamento de dados, o consumidor pode levar valores de uma conta para outra muito rapidamente e usar o dinheiro para fazer um Pix ou pagamento ou até investimento, a depender da instituição.
Via de regra, para ter acesso a este serviço, o cliente deve abrir o app de uma instituição “A”, achar a área Open Finance e selecionar a instituição “B” da qual quer trazer o saldo e o valor. O usuário é, então, redirecionado e deve autorizar a transação no ambiente da empresa “B”. Feito isso, é redirecionado novamente para o ambiente da instituição “A”.
O recurso só é possível graças ao chamado iniciador de pagamentos, um mecanismo desenvolvido e liberado para o mercado na fase 3 do Open Finance, em vigor desde 29 de outubro de 2021.
Os iniciadores de transação de pagamentos (ITPs) nada mais são do que empresas reguladas pelo BC para iniciar transferências e pagamentos aos clientes. Para se tornar um ITP, a instituição financeira precisa ser certificada e homologada pelo Banco Central, que é o selo de garantia. Atualmente, são 15 empresas liberadas, mas nem todas já têm um produto em funcionamento.
Quem já oferece o serviço:
As empresas consideram o iniciador importante porque, no âmbito do Open Finance, a disputa pela atenção do cliente vai aumentar cada vez mais. A instituição que conseguir manter o usuário em seu ambiente sai ganhando porque, a partir do compartilhamento de dados, ele poderá fazer tudo em um só canal.
Leia também: Como o Open Banking coloca o cliente no centro do mundo financeiro
Gestão financeira
A agregação de contas também é um recurso que vem sendo trabalhado pelas instituições no âmbito do Open Finance.
Na prática, o recurso permite que o cliente junte todas as contas em um único canal centralizando a gestão financeira. A partir do compartilhamento de dados, o cliente traz as informações de saldo, extrato, entradas e saídas de valores para acompanhar os pagamentos e recebimentos de várias instituições dentro do mesmo app.
Algumas empresas já permitem que o cliente organize todo dinheiro que entra e sai em categorias, como transportes, compras, educação e saúde.
Essa possibilidade de serviço está liberada para ser ofertada aos consumidores desde a fase 2 do Open Banking, que entrou em vigor em 13 de agosto de 2021.
A ideia aqui é a mesma do iniciador: ser o principal canal do consumidor. O app que agrega e traz visualização de todas as contas têm a probabilidade de ser mais acessado do que cada app individualmente, dada a praticidade de unir tudo em uma só tela.
Quem já oferece:
- Banco do Brasil
- PicPay
- Sicoob
Interações no WhatsApp
Outro recurso, por enquanto só oferecido pelo Banco do Brasil, é o compartilhamento de dados via WhatsApp. Para acessá-lo, o cliente pode digitar uma frase ou apenas o termo “open finance” no WhatsApp oficial do banco.
O objetivo é oferecer a opção de consentimento, via WhatsApp, de forma simplificada. Ao permitir que os bancos tenham mais informações e detalhes da sua vida financeira, o consumidor pode receber ofertas de produtos e serviços personalizados.
O consentimento é válido para os chamados dados cadastrais, como nome, telefone, extrato, informações de conta corrente, tarifas e cartão de crédito
Quem já oferece:
E o que é Open Finance?
O Open Finance é o ecossistema aberto de compartilhamento de dados entre clientes e instituições financeiras. A premissa principal é centralizar o cliente durante a tomada de decisão: é ele quem compartilha o dado que quiser, escolhe a instituição e o tempo em que terá suas informações disponibilizadas — o período máximo é de 12 meses.
O Banco Central é o órgão fiscalizador do ecossistema Open e conta com grupos de trabalho que incluem representantes de empresas de todo o mercado na governança e no desenvolvimento do projeto.
A implementação do Open Finance no Brasil começou em fevereiro de 2021 e, de lá para cá, foram lançadas quatro fases do cronograma.
A primeira etapa, considerada mais burocrática, consistiu no compartilhamento de dados já públicos das instituições participantes entre si. A segunda fase teve início em 13 de agosto de 2021 e trouxe a possibilidade de compartilhar dados cadastrais, como nome, CPF/CNPJ, endereço, informações de crédito e cartões.
Na fase 3, iniciada em 29 de outubro de 2021, os consumidores passaram a fazer transações, como pagamentos e transferências, utilizando o Pix.
A etapa quatro foi lançada em 15 de dezembro de 2021 e marcou a mudança de nome de Open Banking para Open Finance. A partir dessa fase, o compartilhamento de dados foi ampliado para operações de câmbio, investimentos, seguros e previdência privada.
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