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Matheus Rauber, assessor sênior no Departamento de Regulação do Banco Central, admitiu que as empresas participantes do Open Finance estão “focadas nas especificações e implementações”, o que faz com que elas tenham “pouco tempo para pensar em produtos”. Ele participou de um painel sobre Open Finance na Febraban Tech 2023, nesta terça-feira (27).
Apesar de ser uma crítica à implementação do Open Finance, a baixa oferta de produtos para os consumidores finais está sendo tratada de perto. “As instituições estão querendo vencer essa etapa regulatória para ter mais tempo e condições para desenvolver novas soluções”, afirma Rauber.
O arcabouço do Open Finance foi contruído do zero, o que representou (e ainda representa) um desafio para todo o mercado. E há uma pressão regulatória por parte do BC a fim de desenvolver uma estrutura robusta e segura, o que é importante na visão do mercado. Mas em meio a tantas entregas de especificações para o ecossistema, as empresas adotaram uma postura de cautela em relação à oferta de produtos, já que são muitos pratos para equilibrar.
Até 2022, os seguintes recursos foram lançados:
- possibilidade de compartilhar informações;
- agregadores de contas;
- movimentação de dinheiro, via Pix, de uma conta para outra; e
- interações via WhatsApp.
Além disso, a evolução regulatória não vai simplesmente parar. As empresas provavelmente devem acelerar o lançamento de produtos em paralelo aos ajustes pedidos pelo BC e governança do ecossistema em prol de melhorias “aqui e ali”. Nesse sentido, o Banco do Brasil, por exemplo, lançou uma nova jornada de portabilidade de crédito.
Ainda assim, o projeto brasileiro de Open Finance ganhou relevância no mundo pela capilaridade e velocidade em seu desenvolvimento e é referência para muitos países.
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Na visão de Rauben, com o aumento do escopo do Open Finance, cada vez mais empresas vão usar os dados compartilhados para ofertar produtos.
Ele mencionou a entrada de mais dados transacionais na fase 3, as informações de investimentos, previstas para serem liberadas em outubro, além dos dados de câmbio que entram no ano que vem e o projeto paralelo de Open Insurance, que vai trazer informações de seguros e previdência complementar, como indicativos de novidades para os consumidores.
Mais criatividade
Rauber ressaltou que há uma expectativa de “mais criatividade” por parte do mercado na oferta a partir das informações que já circulam e vão chegar no contexto de compartilhamento. Nesse sentido, ele destacou o “Super App”, que está sendo implementado pelo BC.
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“Queremos ver criatividade. Não queremos soluções simples sendo integradas em apps de terceiros. Queremos combinações de soluções a partir do ecossistema que está sendo criado com agregação de dados, integração de tudo: pagamento de fornecedoras, pagamento recorrente, portabilidade de crédito, entre outros. Mas sabemos que o mercado tem mais condições que nós para pensar no futuro e no que o cliente precisa e contamos com isso”, afirmou sinalizando um caminho que as instituições devem percorrer daqui a para frente.
O “Super App” ainda não tem previsão de lançamento e promete ser um agregador de serviços e produtos financeiros, sendo capaz de centralizar a vida do consumidor em um único canal. Reportagem recente do InfoMoney resumiu os principais pontos sobre o tema. Veja abaixo:
Foco no iniciador e melhorias
Rauber ressaltou, como o InfoMoney já havia antecipado, que o foco do Open Finance em 2023 é desenvolver o iniciador de pagamentos.
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“Temos uma agenda de priorização e a iniciação de transação de pagamentos é o grande foco. E para evoluir nesse sentido precisamos de algumas coisas: desde melhorias na iniciação simples, melhorias de conectividade, melhoria da jornada da experiência do cliente até novas funcionalidades, como a jornada sem redirecionamento e Pix automático”, afirmou o associado do BC.
Os iniciadores de pagamentos são empresas reguladas pelo BC para iniciar transferências e pagamentos aos clientes. O conceito foi introduzido na Fase 3 de implementação do Open Finance.
Entre os novos recursos mencionados, o Pix Automático foi confirmado para 2024 nesta semana e a jornada sem redirecionamento vai reduzir a jornada que o usuário precisa fazer hoje, com 7 passos, para efetuar o pagamento com Pix no Open Finance.
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Além disso, Rauber destacou também que, embora mais estável, a fase de dados [fase 2] ainda precisa de melhorias, com cada vez mais evolução na padronização e qualidade dos dados transacionados.
Outro ponto destacado foi a evolução da própria estrutura. “Queremos evoluir em segurança, plataforma de métricas e monitoramento do ecossistema”, disse.
Vale lembrar que só a governança do Open Finance no Brasil já gastou R$ 124 milhões para desenvolver essa infraestrutura para o ecossistema de compartilhamento de dados.
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