Na era do open banking, Índia oferece controle de dados sem precedente à população

É um contraste marcante com o que acontece nos EUA, onde três grandes agências de histórico de crédito coletam e revendem dados financeiros

Bloomberg

O modelo Open Banking parte do pressuposto de que os dados financeiros são dos clientes e não dos bancos.
O modelo Open Banking parte do pressuposto de que os dados financeiros são dos clientes e não dos bancos.

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(Bloomberg) — A Índia tem mais de 560 milhões de usuários de Internet, todos gerando dados em terabyte. Em breve, os indianos terão um controle sem precedentes sobre suas pegadas financeiras digitais, com capacidade de decidir o que compartilhar, com quem e por quanto tempo.

Os maiores bancos da Índia se preparam para implementar um sistema que dá aos consumidores acesso a uma ampla gama de dados financeiros, permitindo que sejam compartilhados instantaneamente. Apoiada pelo banco central da Índia, é uma abordagem ambiciosa que combina proteção da privacidade com histórico de crédito: se funcionar, poderá desbloquear o mercado de crédito para milhões de indianos, oferecendo novos níveis de segurança de dados e controle pelo consumidor.

A iniciativa da Índia é uma das poucas em todo o mundo para devolver o controle de dados aos consumidores, principalmente com o movimento de “banco aberto” na Europa e na Austrália. A abordagem da Índia é única – depende de terceiros para mediar o processo muitas vezes complicado de compartilhamento de informações -, como também sua população-alvo, que é predominantemente pobre e, atualmente, excluída do sistema bancário formal.

“Somente a Índia tem uma solução para essa escala”, disse Nandan Nilekani, presidente da Infosys, que foi consultor dessa iniciativa e de outras importantes reformas tecnológicas. “Este é o futuro.”

Como funciona

O sistema “agregador de contas” será oferecido pelos bancos e licenciado pelo banco central da Índia, que também vai regular a coleta e o compartilhamento de dados. Ao fazer login em aplicativos autorizados, os usuários poderão reunir todos os tipos de dados financeiros – padrões de gastos, reembolso de contas, declarações de imposto de renda, transações comerciais – que podem optar por compartilhar instantânea e temporariamente ao buscar empréstimos, produtos de investimento ou até seguro.

Um possível tomador de empréstimo pode, por exemplo, liberar parte de suas declarações de impostos sobre bens e serviços para convencer um banco. Um fornecedor de legumes sem garantia para conseguir um empréstimo pode compartilhar uma demonstração do fluxo de caixa ou usar um histórico de faturas de telefone celular para demonstrar confiabilidade.

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As novas regras e práticas digitais da Índia estabelecem as bases para esse tipo de sistema. O banco central agora exige que dados financeiros sejam relatados em um formato padrão legível por máquina, o que significa que é mais fácil dividir e compartilhar automaticamente. A Índia também tem um histórico de coletar e proteger grandes volumes de dados pessoais, incluindo informações biométricas e de pagamentos.

Uma abordagem diferente

O novo sistema ajudará bancos a atender milhões de pequenas empresas indianas que precisam de financiamentos de cerca de 1,5 trilhão de rupias (US$ 21 bilhões) por mês, disse BG Mahesh, cofundador da Sahamati, um coletivo sem fins lucrativos de agregadores de contas.

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Independentemente disso, usuários da Índia terão acesso novo e imediato às suas próprias informações financeiras e controlarão quem vê o que e quando. É um contraste marcante com o que acontece nos EUA, onde três grandes agências de histórico de crédito coletam e revendem um conjunto limitado de dados financeiros dos consumidores fornecidos diretamente pelos bancos, apenas com consentimento superficial.

É também uma abordagem diferente para coleta e privacidade de dados em relação ao Regulamento Geral de Proteção de Dados da Europa, que fortaleceu os direitos dos consumidores, mas ainda permite que empresas individuais rastreiem dados dos usuários.

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