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SÃO PAULO – Em 2021, o setor automotivo continua enfrentando um momento difícil no Brasil em decorrência da pandemia e de seus efeitos. São dez fábricas fechadas temporariamente em função das maiores restrições, falta de peças, queda nas vendas, entre outros fatores.
Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), desde 2010, o ano em que houve a maior quantidade de veículos vendidos foi 2012, com 3.802.000 unidades emplacadas, considerando automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões no país.
Em 2020, foram emplacados cerca de 2.058.000 veículos, 46% a menos que em 2012, segundo pior ano da década, e atrás apenas de 2016, quando foram emplacados cerca de 2.050.000 veículos.
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Os números foram apresentados por Luis Carlos Moraes, presidente da Anfavea, durante um evento online promovido pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).
Ele explicou que o setor vem passando por altos e baixos desde a crise econômica de 2014, e de lá para cá o setor ainda não havia se recuperado.
“Porém, antes da pandemia o ciclo era virtuoso. Desde 2016, víamos um aumento nos emplacamentos a expectativa para 2020 era de vender cerca de 3 milhões de veículos. Com a crise em 2020, o setor parou. E uma pressão muito forte no capital de giro das montadoras porque reduzimos o ritmo de produção, mas os compromissos financeiros estavam em andamento, peças continuavam a chegar, e os estoques aumentaram, bem como matérias-primas, sistemas, entre outros componentes”, explicou.
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A queda nas vendas foi de 26% entre 2019 e 2020. Para 2021, a projeção (em azul no gráfico), é de um crescimento de 15% nas vendas para este ano. “É um número baixo, mas diante da incerteza que estamos passando é o que acreditamos ser factível. Conseguir melhorar os resultados neste ano vai depender da melhora do quadro sanitário, do quadro fiscal e da nossa capacidade de driblar as crises políticas”, diz Moraes.
Veja o gráfico:
Efeitos da pandemia
Moraes lembrou que a pandemia causou uma ruptura logística global, que teve como principal efeito a falta de insumos de diversas categorias. A reportagem do InfoMoney destacou a falta de semicondutores.
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“Com os investimentos recentes em tecnologia, cada vez mais os carros estão mais sofisticados e exigem componentes eletrônicos para segurança, adequação em relação à emissão de gases, entretenimento, entre outros, que demandam muitos semicondutores, algo em torno de 300 a 500 semicondutores diferentes por carro. E com a crise essa demanda não foi atendida”, explica. Segundo ele, a retomada da dinâmica logística deve demorar alguns meses.
“Para piorar, no fim de março aconteceu um incêndio em uma fábrica japonesa de semicondutores. A fábrica é responsável por 30% da produção global de semicondutores. A situação é preocupante”, diz.
“Nossa cadeia produtiva é longa e tem muitos agentes. Ainda faltam outros insumos, como aço, embalagens, entre outras peças. Tivemos que nos esforçar para manter contato e ir lidando com diversas engrenagens ao mesmo tempo”, afirmou o executivo.
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Ele ressaltou que atraso nas entregas, falta de contêineres, voos cancelados e os lockdowns em vários lugares do mundo também prejudicaram o fluxo logístico do setor. “A principal consequência é a pressão sobre os preços: tudo está mais caro, além da alta variação do câmbio que também prejudica os custos”, disse.
Confira os principais aumentos em insumos e custos logísticos que impactaram o setor desde o início da pandemia destacados por ele:
Impactos por segmentos
Considerando todos os veículos, os automóveis têm a maior participação de mercado, cerca de 81%, e entre 2019 e 2020 tiveram uma queda de 28,6% nos emplacamentos. Porém, ao olhar para o segmento de ônibus, o tombo foi ainda maior: 33,4% em 2020 antes 2019.
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“O transporte urbano como um todo sofreu bastante devido às restrições de circulação, mas também os ônibus comerciais de turismo tiveram quedas significativa na demanda puxando o número para baixo”, afirmou Moraes.
Embora caminhões (-11,5%) e comerciais leves (-16%) também tenham sofrido quedas nas vendas, elas foram atenuadas devido aos setores que esses veículos atendem.
“No caso de caminhões, foram muito utilizados no agronegócio, setor que foi bem em meio à crise, e as frotas foram renovadas. Já os comerciais leves, que são minivans, caminhões pequenos, entre outros, foram muito utilizados pelo e-commerce o que também ajudou a segurar as quedas”, avalia o executivo.
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